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18 de maio de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Baralhos modernos: os autênticos e os subjetivos
Constantino K. Riemma
 

Os ensinamentos esotéricos, que nos vêm de mestres do passado, são quase sempre difíceis de serem compreendidos a fundo e requerem muito estudo e dedicação. E tal dificuldade vale igualmente para o Tarô. Quais são os antigos desenhos que melhor representam as idéias fundamentais? Qual é o verdadeiro significado de cada carta?

Estudiosos modernos dão suas interpretações, nem sempre coerentes entre si, pois seguem diferentes teorias e pontos de vista. Aumentam, assim, o desafio do iniciante para descobrir as fontes autênticas. Para complicar mais ainda o panorama, há milhares de reinvenções artísticas e subjetivas que, apesar de muitas delas serem bem bonitas, deformam a simbologia original e afastam o iniciante da fonte.

 

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Baralhos astrológicos


Nancy - 7/5/2011 17:56:33
“Gostaria de saber se ainda existe o Baralho Astrológico, que contem a simbologia completa da astrologia, signos, aspectos, planetas.”

Nas últimas décadas apareceram alguns baralhos com esse nome. A rigor, porém, não existe um tarô astrológico, mas apenas baralhos que ilustram suas cartas com símbolos astrológicos. Muitas variações já foram impressas e se você quiser saber quais estão à venda faça uma busca no Google com “baralho astrológico” ou, melhor ainda, “astrology deck”.

Caso  não encontre o que deseja, minha sugestão é que você mesma monte o seu baralho. É muito simples utilizar um baralho comum e nele escrever os nomes ou desenhar os símbolos dos signos, planetas e casas (34 cartas). Quem dispõe das noções básicas de astrologia poderá montar jogadas que reproduzem um mapa astral. Confesso, no entanto, que pessoalmente dou mais crédito a um verdadeiro mapa astrológico, calculado a partir do local, data e horário de nascimento de uma pessoa ou, no caso da astrologia horária, dos dados do momento em que algum fato ocorreu.

Já o estudo das possíveis relações entre os arcanos do tarô e os símbolos astrológicos segue outra direção. Exige pesquisa e apresenta belos desafios. Veja na seção “SIMBOLOGIA / Astrologia” – www.clubedotaro.com.br/site/r63_0_astrologia.asp – links para três textos (um de Bete Torii e dois meus) que tocam esse tema e discutem alguns cuidados e alternativas de abordagem.

Existem, por certo, outros pontos de vista entre os amigos do Clube do Tarô, que serão muito bem-vindos.

[O original da imagem acima encontra-se em 
www.squidoo.com/best-7-tarot-card-spreads]


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O Tarô Dourado de Botticelli


Claudia B Burgarelli - 22/01/2010 14:02:53
Olá, eu ganhei meu primeiro tarô, O Tarô da Deusa Triplice - Nova Era, muito simples, sem arcanos. Foi por meio do Clube do Tarô que conheci outros. Minha mestre utiliza o Mitológico, e eu esperava um do mesmo tipo ou o Waite...
Mas na livraria aqui em Blumenau eu encontrei o Taro Dourado de Botticelli, muito bonito, mas com um livro muito simples, poucas palavras para o significado.... então eu pesquiso aqui no site.
O que você me diz, é um bom tarô? Posso confiar, mesmo não sendo um tradicional?

Cláudia, como coloquei acima, na Introdução, a questão não é fácil de responder. E isso fica bem exemplificado no caso do "Tarô Dourado de Botticelli", que aliás foi montado por Atanas Atanassov, um artista plástico de já restaurou tarôs clássicos, como o Visconti Sforza, e elaborou varias versões de cartas. Neste caso, ele copiou e adaptou imagens do famoso artista italiano conhecido por Sandro Botticelli (1445-1510) que seguramente não criou suas imagens pensando no tarô.

A preocupação de um artista plástico como Atanassov, certamente, é o de recriar belos baralhos para colocar a venda. Não se trata, como podemos avaliar pelo que aparece na Internet, de um mestre nos símbolos tradicionais. E isso fica confirmado pelo conteúdo esquemático do manual. Em casos assim, torna-se bem difícil conciliar rigor simbólico e estética. Compare os exemplos de O Mágico:


           Tarô Visconti Sforza (1450), Tarô de Marselha (1760) e Tarô de Botticelli-Atanassov (2007)

Nas cartas acima fica bem claro como os diferentes desenhos evocam sentidos e significados contrastantes. No tarô Visconti Sforza e no de Marselha (1760) observamos um personagem informal, um "mágico" em apresentação lúdica, despretensiosa; ele já treinou o suficiente para praticar com naturalidade. Já a figura de Botticelli, escolhida por Atanassov, sugere sofisticação, manuais de estudo, ciência formal; é um pesquisador. São dois planos distintos, que falam de talentos e aplicações bem diferentes entre si. 

Um outro exemplo, a Estrela, também ajuda a colocar a questão da alteração de sentido:


         Tarô Visconti Sforza (1450), Tarô de Jean Noblet (1650) e Tarô de Botticelli-Atanassov (2007)

Na carta do jogo mais antigo que conhecemos, do Tarot Visconti Sforza, e no Tarô de Jean Noblet, aparece uma única figura feminina numa clara ligação com as estrelas. A obra de Botticelli escolhida por Atanassov, que representa as Graças (Cárites na Mitologia Grega), deusas da dança, está muito afastada do sentido que depreendemos das imagens dos tarôs antigos. Não podemos dizer que uma mulher desnuda, ajoelhada, vertendo dois cântaros, evoquem o mesmo sentido das dançarinas da mitologia grega; e o mesmo vale para a figura solitária com uma das mãos apoiada no plexo solar e, com a outra, a tocar uma estrela.

O fato de Atanassov ter adicionado representações de estrelas na copa das árvores não me parece suficiente para estabelecer um nexo sustentável com os tarôs antigos.

Se quisermos adquirir um baralho pela beleza das imagens, o tarô com as reproduções de Botticelli são de fato muito atraentes e nada nos impede de obtê-lo. Já para compreender a simbologia das cartas mais antigas, evidentemente, o caminho é outro. 

 
04/01/2010 12:06:17

Comentários

Constantino K. Riemma - 24/05/2010 12:42:10
Meri,
tristeza, por que?! A minha sugestão é que você tenha o baralho que a encantou! E ele é mesmo muito bonito.
Este e outros fóruns, no entanto, propõem informações para quem quer conhecer o sentido simbólico das cartas, as fontes e suas variações. É importante estar alerta para o fato de que existem detalhes originais que, sim, merecem ser compreendidos e valorizados do ponto de vista da interpretação das cartas. Por outro lado, podemos ficar atentos para não nos perdermos em outros detalhes de baralhos modernos recriados com propósitos meramente artísticos ou comerciais.

D. Guedes - 27/11/2010 18:37:03
Onde poso encontrar o Tarot Árabe?

Constantino K. Riemma - 27/11/2010 18:43:58
D. Guedes,
podemos considerar as 52 cartas do baralho comum como "Árabe", pois está entre os mais antigos de que se tem notícias. Veja o que Bete Torii escreveu sobre os Mamluk, em Baralhos e galerias:
www.clubedotaro.com.br/site/h23_15_mamluk.asp
No entanto, é bom lembrar que tanto os árabes como os judeus não fazem imagens para representar o mundo sutil, por isso, jamais criariam os 22 arcanos maiores que completam o que hoje chamamos de Tarô.
Por isso tudo, se aparecer algum jogo chamado "Tarô Árabe", com 78 cartas, será alguma reinvenção livre, sem base tradicional.

alvaro carvalho - 14/12/2010 09:56:40
bomdia! e parabens por gostar de compartilhar seus conhecimentos, mas tenho uma pergunta pois gosto de estudar, sem pretensões a consultas, então a minha dúvida é : se todas as cartas estão na mesma direção no começo do jogo como elas iriam aparecer na posição invertida, agradecende desde já lhe desejo belíssima sorte!!

Constantino K. Riemma - 22/12/2010 13:06:10
Álvaro,
agradeço suas palavras. E acho que sua questão tem tudo a ver.
Toquei nesse assunto (www.clubedotaro.com.br/site/p51_2_TECNICAS.asp) ao comentar as técnicas de tiragens:
"Cartas invertidas: é relativamente freqüente atribuir um sentido negativo às cartas que saem de cabeça para baixo. Nesse caso, o embaralhamento deve ser feito rolando as cartas sobre a mesa, para garantir a alternância de posição. Uma mesma carta pode sair direita ou invertida dependendo de o praticante “abrir” a carta girando-a no eixo vertical ou horizontal. Por essa razão é indispensável que cada um defina seu próprio código pessoal, caso queira levar em conta o fato de a carta sair em pé ou de cabeça para baixo.
Muitos tarólogos preferem trabalhar com todas as cartas diretas, sem deixá-las invertidas. Desse modo, quando querem saber os aspectos difíceis ou negativos de uma questão, simplesmente tiram uma carta para descrever tal aspecto."
Boa sorte

Luiz Vinícius da Silva - 02/05/2011 18:45:39
Estou muito interessado no tarot de Botticelli. Gostaria de saber se é preciso algum curso ou coisa do tipo. Como fazer para ter do baralho, enfim, as informaçães básicas. Desde já agradeço pela atenção.

Constantino K. Riemma - 02/05/2011 19:07:18
Vinícius,
como não foi o próprio Botticelli quem montou esse tarô e, por outro lado, como Atasanov não se apresenta como estudioso ou especialista em ensinamentos e linguagens simbólicas, o valor desse baralho é estético e não simbólico.

Se fizer sentido o que apresentei na abertura deste fórum, talvez você concorde com a minha recomendação de utilizar para os tarôs comerciais ou artísticos, tais como o “Botticelli”, os significados consolidados pelos estudos de longa data, pelas indicações dos manuais sérios. Isso vale, a meu ver, para todos os baralhos modernos, com suas reinvenções mais ou menos subjetivas: não devemos ficar presos aos folhetos, muitas vezes improvisados, que acompanham os jogos, mas, sim, buscar entender o legado dos antecessores quanto aos significados fundamentais atribuídos a cada arcano.

Magali Rossi - 09/05/2011 22:23:15
Legal seu artigo. Há pouco tempo tive uma experiência muito interessante. Depois de anos e anos utilizando o Rider-White ( que continua sendo minha opção para dar aulas ), me apaixonei pelo Legacy, um tarot belíssimo e bem futurista. ele não segue fielmente o Rider, alguns Arcanos Menores são diferentes, mas para mim, só acrescentou ou modificou no sentido de agregar ao que eu já sabia.

Neuza Ladeira - 10/05/2011 11:16:54
Ganhei um tarô e fui usando-o de acordo com as instruções nas respostas, a sua verdadeira essencia, uma ligação de alma de mitologia de heróis de todos nós.
Daí em diante fui lendo e seguindo os sites. Amo o Clube do taro, pois nos ensina, fundamenta.
O taro tem um corpo, uma história, muitos heróis. Os arcanos têm uma linguagem: é social, interativo, lúdico.
Unidos no caminho

Arilene - 10/05/2011 12:15:50
Olegário, existem alguns tarôs com as figuras dos orixás, contendo arcanos maiores e menores igualmente aos tarôs tradiconais, porém, como disse o Constantino, cada baralho diferente evocará leituras diferentes devido à sua carga simbólica, sua linguagem própria, sua força pictórica, não podemos levar a mesma leitura de um para os outros. Tenho um baralho dos orixás, como tenho o de Boticceli e tantos outros... como colecionadora e admiradora das artes nas cartas, mas procuro estudar e aprender os significados apenas de um, ou dois, senão embola tudo e a gente começa a fazer leituras equivocadas.
abração
Arilene

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