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O que é o Tarô |
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O tarot ou arcanos maiores e menores ou baralho ou cartas de jogar ou naipes e trunfos, consistem numa única e mesma coisa. Trata-se de um jogo de 78 cartas, que se difunde a partir da segunda metade do século 14, na Europa cristã, com iconografia cristã. |
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Não dispomos de registros históricos que indiquem alguma escola ou corporação de ofício que tenha criado esse conjunto ou feito adaptações de jogos tradicionais anteriores. Tudo indica que ganhou a forma que hoje conhecemos pelas mãos de artistas e artesões que tinham conhecimentos e habilidades adquiridas entre os edificadores dos palácios e igrejas no período pré-renascentista, bem como suas pinturas, imagens e vitrais. |
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É importante lembrar, do ponto de vista histórico, que existe um exemplar de baralho com 52 cartas, anterior às versões que hoje conhecemos. Trata-se do baralho Mamlûk, utilizado pelos guerreiros mamelucos e que, evidentemente, tiveram suas cartas copiadas pelos impressores europeus. Continua uma incógnita, até hoje, quais foram os autores dos 22 trunfos (arcanos maiores) agregados ao modelo do baralho mameluco. |
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Trunfos ou arcanos maiores.
Tarô de Jacques Viéville - 1650 |
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Naipes ou cartas ou arcanos menores.
Baralho de meados do séc. 20 |
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Dada sua origem anônima, isenta de instruções e regras dogmáticas, esse jogo de cartas deu margem a incontáveis fantasias e re-invenções mais ou menos arbitrárias. Desde seu aparecimento foi utilizado por nobres e plebeus, para jogos, passatempos e, ao que tudo indica, como instrumento de mancias. |
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O cenário imaginativo que cerca o Tarô, profuso e contraditório, confunde o iniciante interessado em compreender sua linguagem simbólica. Esse jogo maravilhoso, portanto, representa um real desafio para o estudo. |
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Se dependêssemos, por exemplo,
apenas dos dicionários para saber o
significado do Tarô, teríamos
informações muito pobres e distorcidas. O Aurélio é lacônico: "Tarô.
Coleção de 78 cartas, maiores
que as do baralho, de desenho diverso, usadas
sobretudo por cartomantes". Essa definição revela o desconhecimento de que "tarô" e "baralho" vêm da mesma fonte e, também, de que as 78 cartas não ficam apenas em mãos de cartomantes e são objeto de estudos simbólicos e aplicações terapêuticas, de elaborações de pintores e artistas gráficos. |
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Os dicionaristas esqueceram, ainda, de informar que a parte do tarô, que constitui o baralho comum, é também utilizado por cartomantes e, igualmente, como fonte de lazer nos lares, nos clubes e cassinos. São produzidos no mundo todo e movimentam milhões de dólares. |
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O dicionário Houaiss oferece um pouco mais: "Tarô. Conjunto
de 78 cartas de baralho (também ditas
lâminas) ilustradas por figuras simbólicas
e usado para supostamente predizer o futuro
e conhecer o que, no passado ou no presente,
se encontra velado. O baralho é constituído
de 22 arcanos maiores e 56 arcanos menores". Neste caso, os dicionaristas desconheciam que, na prática vigente até hoje, grande número de cartomantes utilizam o baralho comum e não as versões mais caras e variadas conhecidas como "tarô". |
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O Louco, 1. O Mágico, 4. O Imperador, 6. Os Enamorados e 19. O Sol.
Arcanos Maiores do Tarô de Marselha, Editora Camoin |
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Para continuar nessa
linha genérica de definição, podemos
esclarecer que: |
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os 22 trunfos ou arcanos maiores são numerados de 1 a 21 e um
deles, O Louco, não
recebe número na maior parte
dos baralhos; |
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as 56 lâminas, atualmente
denominadas arcanos menores, constituem cartas de jogar do
baralho comum e se subdividem em: |
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quatro naipes ou séries: Paus, Ouros, Espadas e Copas – cada
um deles com 10 cartas numeradas de 1 a 10, com desenhos que tornam os significados simbólicos mais abstratos
que os dos “arcanos maiores”,
num total de 40 cartas; |
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Ás, Dois, Três... Nove e Dez de Copas.
Arcanos Menores no Tarô de Marselha, Ed. Grimaud |
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quatro figuras: Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete – mais parecidas
com as dos “arcanos maiores”, também repetidas em quatro naipes,
num total de 16 cartas. São também conhecidas como cartas da corte. |
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Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei de Ouros no Tarô Visconti Sforza - 1450 |
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Para acrescentar um simples comentário a essa descrição
sumária do Tarô, podemos lembrar que os quatro naipes
– Paus, Ouros, Espadas e Copas – correspondem aos quatro elementos
tradicionais – Fogo, Terra, Ar e Água – representação
simbólica das forças-qualidades constitutivas do universo,
que aparecem na Astrologia, na Alquimia, na Cabala, nos textos sagrados,
como é o caso do Gênesis, dos Evangelhos. |
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Os ases e suas correspondências simbólicas com os quatro elementos:
Copas (água), Espadas (ar), Ouros (terra) e Paus (fogo) no Tarot de Mitelli - 1665 |
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Um sentido esotérico... |
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O Tarô pode,
enfim, ser entendido como uma linguagem
simbólica que traduz o cosmo em sua
constituição e eterna mudança,
em sua estrutura e dinâmica. Ele aparece na Europa, num momento em que várias escolas esotéricas e corporações de artistas, buscavam transmitir conhecimentos, não por palavras, mas por imagens que convidavam à reflexão, à investigação, para serem corretamente assimiladas. É o caso, por exemplo, dos mestres e praticantes da Alquimia, que produziram livros de gravuras, sem maiores comentários por escrito, conhecidos como Mutus Liber, ou seja, Livro Sem Palavras, livro mudo... |
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Os 22 arcanos maiores,
entre outros significados possíveis, descreveriam as 21
etapas evolutivas que o homem – representado
pelo Louco – pode percorrer em sua vida.
O número 21 (= 3 x 7) também
resulta da combinação de duas
leis fundamentais do universo: a Lei de Três (“tudo, para existir, necessita
de três forças”) e
a Lei de Sete, ou Lei das Oitavas (“tudo
se manifesta num processo de sete passos ou
fases”). |
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Do mesmo modo que outros grandes sistemas simbólicos,
o Tarô é apreciado como uma instigante
fonte de inspiração
e de aplicação em variadas situações
e propósitos. |
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... e um sentido lúdico |
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Os registros históricos, a partir do século 14, mencionam a utilização das cartas apenas como fonte de lazer, em jogos e passatempos. Essa função lúdica permanece viva até hoje, pois o que chamamos de jogos de baralho ou baralho comum, é exatamente o mesmo conjunto que os escritores modernos denominam arcanos menores. |
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Para mantermos uma atitude aberta em relação ao Tarô é bom não esquecer que esse conjunto simbólico sobreviveu até hoje e se difundiu, não em razão do seu sentido mais profundo, mas pelo interesse que despertou como jogo de lazer ou de apostas a dinheiro e, também, como instrumento de cartomancia. |
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Tal como um verdadeiro Mutus Liber, o Tarô não veio acompanhado de normas ou dogmas, para ser utilizado obrigatoriamente deste ou daquele modo; todas as regras que hoje conhecemos foram inventadas posteriormente. Portanto, as normas e regras de utilização que lemos e ouvimos, as afirmações do que é certo ou errado, devem ser compreendidas de modo muito relativo e flexível. Os verdadeiros autores do Tarô, aqueles que sabiam do que se tratava, permaneceram anônimos e sem palavras. Ninguém, hoje em dia, pode se arvorar em autoridade para falar em nome dos mestres originais. |
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O Tarô permance um desafio em aberto. O que podemos fazer é nos associarmos para tentar decifrar os símbolos e ensinamentos que se ocultam sob o conjunto das 78 cartas. E para fugir aos erros da subjetividade, nada melhor que trabalhar em grupo, partilhar, colocar à prova nossas reflexões. É esse o propósito do Clube do Tarô. |
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Outros modos de ver e de aplicar as cartas |
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"Manual do Proprietário" do Tarô. Uma visão de conjunto, com informações simples e esenciais, que Constantino K. Riemma apresenta em seus cursos de iniciação : O jogo de cartas |
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O que é o Tarô. Um texto de Valéria Fernandes para explicar em termos bem compreensíveis os conjuntos das carta : Apresentação do Tarô |
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Plurilinguagem tarológica: bem-vindo ao caos simbólico! Comentários de Giancarlo Kind Schmid sobre as múltiplas e contraditórias formas de entender o tarô : Visões e Significados |
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Modos & Estilos de utilização das cartas. Seção com dezenas de links para artigos que apresentam as múltiplas aplicações simbólicas e terapêuticas do baralho : Modos & Estilos |
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Atualizado: fevereiro.16 |
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Para obter uma visão geral do baralho, de sua história e de
suas incontáveis aplicações e reinvenções siga os links abaixo
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