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14 de dezembro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


As Dezesseis Figuras da Corte
 
Compilação de
Constantino K. Riemma
 
 
As 16 figuras dos arcanos menores – Reis, Rainhas (ou Damas), Cavaleiros e Valetes (ou Pajens), repetidos em quatro naipes — Paus, Ouros, Espadas e Copas — constituem personagens intermediários entre a abstração dos números — cartas de 1 a 10 — e os arcanos maiores com suas representações humanas e animais claramente diferenciadas entre si. As figuras ocupam, desse modo, um posto duplo no baralho: estão encadeadas à ordenação dos naipes e, ao mesmo tempo, fazem ponte com os modelos dos arcanos maiores. Embora repetidas em cada naipe, são muitas vezes consideradas como um terceiro grupo de cartas.
Essa dualidade talvez explique o fato de encontrarmos poucos estudos de profundidade sobre as figuras dos arcanos menores. São raros os textos que trazem uma visão de conjunto das 16 cartas.
As quatro figuras da corte no Tarot de Marselha-Kris Hadar
Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete.
São quatro as figuras, no Tarô clássico, para cada naipe.
Parece coerente que as figuras dos arcanos menores do Tarô obedeçam aoprincípio do quaternário (quatro séries de quatro figuras). É assim que estão desenhados os mais antigos tarôs dos quais se tem registros históricos, a partir do final do século XIV. No entanto, o conjunto das quatro figuras dos tarôs mais antigos foi inexplicavelmente reduzido no baralho comum, utilizado hoje em dia, com a supressão do Cavaleiro, na maior parte dos casos, restando apenas o Rei, a Dama e o Valete.
No caso dos jogos destinados à recreação, os baralhos mais difundidos — o francês e o espanhol — suprimem arbitrariamente uma das figuras de cada série.
As três figuras da corte no baralho espanhol.
O baralho espanhol moderno suprimiu a Rainha.
Foram mantidos o Rei, o Cavaleiro e o Valete.
No que diz respeito ao baralho espanhol, é provável que esta supressão tenha sido estabelecida para aproveitar as possibilidades combinatórias da dezena (já que neste baralho as cartas númeradas vão apenas do ás ao sete). Neste caso, cada naipe fica constituído por 10 cartas: 7 numeradas, mais 3 figuras.
As três figuras da corte no baralho francês.
O baralho francês suprimiu o Cavaleiro.
Manteve o Rei, a Rainha (ou Dama) e o Valete.
A justificativa que podemos dar para a redução do número de cartas no baralho espanhol não se aplica ao francês, que soma 13 cartas para cada naipe, isto é, 10 numeradas, mais 3 figuras.
Como não dispomos de registros suficientes, não podemos afirmar categoricamente que essa redução de quatro para três figuras tenha sido uma simples mutilação dos tarôs mais antigos, como é o caso do Visconti Sforza (1450). O antecessor árabe, o baralho Mamluk, traz apenas três personagens da corte, o que pode sugerir que na adaptação européia foi adicionada uma quarta carta.
Seja como for, uma constatação simbólica pode ser feita. Com apenas três figuras, por naipe, cada uma delas poderá ser colocada em relação com a ordem do ternário (três forças: positiva, negativa e neutra) que, combinadas com os 4 naipes (ou os quatro elementos), resultaria no rico sentido do número 12, do dodecadenário, dos 12 signos do zodíaco.
"Os doze signos do zodíaco, — como lembra Patrick Paul — os doze meses, os doze apóstolos, os doze trabalhos de Hércules, os doze meridianos da acupuntura, os doze semitons da oitava, as doze horas do dia nas civilizações tradicionais, são exemplos das doze energias do homem em evolução no transcorrer do tempo pela diferenciação e manifestação do princípio ativo, o espírito, no princípio passivo, a substância". Doze simboliza os doze lugares nos quais o Tempo circula, ou seja, a interpenetração do Espaço e do Tempo, que determina o limite do nosso mundo cósmico.
 
As figuras e os quatro elementos
Os significados simbólicos dos quatro elementos constitui a primeira grande chave para compreensão dos quatro naipes e de suas respectivas figuras. Embora existam diferentes pontos de vista sobre as correspondências entre os elementos e as figuras, encontramos uma relativa concordância com relação aos vínculos entre os elementos e os naipes:
Fogo: naipe de Paus, figura do Rei
Água: naipe de Copas, figura da Dama
Ar: naipe de Espadas, figura do Cavaleiro
Terra: naipe de Ouros, figura do Valete
As 16 figuras também podem ser compreendidas como combinações dos quatro elementos, ou seja: 4 x 4 = 16:
      Figura
  Naipe

Rei
Fogo

Dama
Água

Cavaleiro
Ar
Valete
Terra
Paus
Fogo
Rei
de Paus

Dama
de Paus
Cavaleiro
de Paus
Valete
de Paus
Copas
Água
Rei
de Copas
Dama
de Copas

Cavaleiro
de Copas
Valete
de Copas
Espadas
Ar

Rei
Espadas
Dama
Espadas
Cavaleiro
Espadas

Valete
Espadas
Ouros
Terra
Rei
de Ouros
Dama
de Ouros
Cavaleiro
de Ouros
Valete
de Ouros
Essa correspondência entre os os elementos e os naipes é bastante difundida.
Já na relação com as figuras – Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete – não existe consenso.
O quadro acima reproduz o que G.O. Mebes apresenta em "Os Arcanos Menores do Tarô"
Nesse quadro de referência, as figuras dos Arcanos Menores podem ser consideradas expressões dos quatro naipes e dos quatro elementos. Cada uma das quatro figuras de cada naipe concentra em si as características de um dos elementos, além de possuir as do naipe a qual pertence. Desse modo, o Rei de Paus representará uma dupla influência de Paus e do elemento fogo. Pela mesma razão, a Dama de Copas representa a pura essência desse naipe, o mesmo acontecendo com o Cavaleiro de Espadas e o Valete de Ouros.
 
Fontes e detalhes sobre as figuras
Nos tópicos sobre as figuras — ReisRainhasCavaleiros e Valetes — apresentamos significados que lhes são atribuídos comumente nos manuais sobre o Tarô e a cartomancia. Constituem uma simples referencia para o estudo e não devem ser consideradas como tabelas de leitura, nem sínteses adivinhatórias.
Não podemos esquecer que o Tarô é uma linguagem simbólica que nos ajuda a desenvolver a arte combinatória. Reduzi-lo a um simples receituário é depreciar sua maior riqueza. Mesmo em sua utilização mais ampla, como orientação prática para situações de vida, cada carta pode ser lida por oposição, contraste ou analogia com todas as outras restantes que compõem uma tiragem. O significado de cada carta varia em relação ao conjunto, à questão colocada e, principalmente, com o nível de compreensão de quem faz a leitura.
Significados das Cartas da Corte
  Introdução. Compílação preparada por Constantino Riemma com a finalidade de oferecer um resumo bem simples dos significados mais comumente encontrados sobre as figuras: Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes
 
  As figuras da corte e suas associações elementais. Texto de Leonardo Dias, tarólogo e responsavel pelo blog "Descobrindo o Tarot": Os quatro elementos e a corte  
  Cartas da corte - exercícios para ampliar a percepção. Jaime E. Cannes oferece três exercícios imaginativos para ampliar o sentido dos arcanos : Caneta e caderno na mão...  
  Cartas da corte: figuras emblemáticas. Glória Marinho discute os conceitos de arquétipo e de símbolo e os relaciona às Figuras da Corte, em particular com o Rei e Rainha: Casal arquetípico  
  Arcanos Menores - os mensageiros da Alma por Jaime E. Cannes. Apresenta os arcanos menores num resumo bem diático. Ao identificar as quatorze cartas de cada naipe utiliza como ilustração o Osho Zen Tarot: Os quatro naipesPausCopas EspadasOuros  
  As espadas e os distúrbios psicossomáticos e somatopsíquicos. Ricardo Pereira faz um histórico dos estudos corpo-psiquismo. Os distúrbios e as cartas da corte: Saúde  
  Cartas da corte, máscaras da alma. As diferentes funções que a cartas da corte podem assumir nas tiragens é o tema que Jaime E. Cannes desenvolve: Aplicações  
As Figuras. Texto de Joana Trautvetter em que a taróloga apresenta as figuras por grupos de personagens – Reis, Rainhas, Cavaleiros e Valetes – e estabelece suas relações com o Tetragama da Cabala. A ilustrações pertencem ao Tarô da própria autora: As figuras dos arcanos menores
   Curso de Tarô com Betoh Simonsen: Cartas da Corte
 
Cartomancia com o Baralho Espanhol. Emanuel J Santos apresenta uma resenha histórica do baralho e a interpretação de suas 40-48 na cartas: Naipes, cartas e figuras  
  Baralho Petit Lenormand e Baralho Cigano. Geraldo Spacassassi faz o resumo para: Iniciantes
 
As Cartas da Corte por naipes
  Naipe de Ouros - Curso de Tarot para Iniciante - módulo 2. Apostila de Vera Vilanova sobre as cartas numeradas e da corte: Arcanos menores - Ouros  
  Figuras da corte no naipe de Ouros. Apresentação de Sandra Ayana na Jornada sobre os Arcanos Menores promovida pelo Clube do Tarô: Realizações de bens materiais  
  Figuras da corte no naipe de Espadas. Apresentação de Christiane Carlier na Jornada sobre os Arcanos Menores promovida pelo Clube do Tarô: As figuras de Espadas  
  Figuras da corte do naipe de Copas. Apresentação de Ana Magalhães Corrêa na Jornada sobre os Arcanos Menores promovida pelo Clube do Tarô: As figuras de Copas  
  Figuras da corte do naipe de Paus. Exposição de Luiza Papaleo na Jornada sobre os Arcanos Menores promovida pelo Clube do Tarô: As figuras de Paus  
  O naipe de ouros: os arcanos de 1 a 10 e as Cartas da Corte. Apresentação de Vera Chrystina com a indicações dos significados práticos das cartas: Arcanos de 1 a 10 e Figuras da corte
 
 
Fontes consultadas para os textos de Introdução
  Nos resumos, sobre cada figura, constam comentários de Albert Cousté, em O Tarô ou a máquina de imaginar. A interpretação de cada carta foi dividida em dois blocos:  
  O primeiroSignificados gerais — apresenta os conceitos mais amplos, que incluem o material organizado por Paul Marteau, em O Tarô de Marselha, tradição e simbolismo, publicado pela Editora Objetiva.  
  O segundo blocoInterpretações usuais na cartomancia — apresenta o sentido adivinhatório das figuras baralho de jogar, sem a Rainha) e são extraídos das definições estudadas por Gwen le Scouézec (Encyclopédie de la Divination, Paris, 1965; págs. 257; 271), baseadas nos quatro métodos de leitura mais antigos e populares usados na Europa:  
  na primeira linha há a definição do chamado "Antigo Método Simbólico";  
  na segunda, a que corresponde ao método sintético italiano;  
  na terceira, o método francês;
 
  e na quarta um extrato do famoso e arbitrário "Grande Eteilla". Exceto no caso do método italiano, os respectivos oráculos têm sentido positivo (+) e negativo (-).  
  uma quinta linha tem como referência diferentes métodos populares de leitura (com as quatro figuras do Tarô original).  
  a última linha traz excertos do antigo livro da Editora Pensamento, Taro Adivinhatório.  
  Para conhecer as demais fontes veja: Bibliografia  
 
Contato:
Constantino K. Riemma - contato-ct@clubedotaro.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Atualizado: setembro.19
  Baralho Cigano
  Tarô Egípcio
  Quatro pilares
  Orientação
  O Momento
  I Ching
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