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19 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Eremita e peregrino
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O Eremita, peregrinação e turismo
Um texto de Rupert Sheldrake

Comentários e apresentação
de
Fátima Belo
fbeloc@terra.com.br

    
    O texto de Rupert Sheldrake, que apresentamos abaixo, tem algo a ver com o Eremita, o arcano que nos convida às grandes viagens... ao interior de nós mesmos!  
    É instigante pensar que quando sentimos desejo de viajar, costuma haver, por trás, uma necessidade de contato com dimensões mais profundas de nosso próprio ser: viajar pode ser para dentro de si mesmo.
    Existem, de fato, muitos modos de viajar. Um deles é o movido pelo desejo de renovar impressões, buscar novos horizontes. É o motivo que muitas vezes se encontra nos passeios de turismo. Podemos ainda nos meter em viagem como mais uma de nossas fugas, como mera distração, subtraindo-nos às nossas questões ou, também, em casos especiais, para ir em direção a elas.
    O Eremita fala de longas viagens –  ele mesmo vem de uma dimensão distante: da esfera de Saturno, o Senhor do Tempo. Nas analogias astrológicas ele nos remete ao limite do sistema solar. Além dele é o imperscrutável em nós mesmos – os planetas transpessoais.
    O Eremita, nesse sentido amplo, nos convida para grandes ou longas viagens!  Mas um detalhe é notável: nenhum tarô que eu tenha visto o representa de carro, ou de avião... Ele está sempre a pé, com cajado e lanterna à mão! Se fecho os olhos o vejo mesmo descalço, em sua viagem a pé! Pede despojamento.
 
O monte Fuji e o percurso a ser vencido
    Ele viaja, assim, à moda dos peregrinos, à procura do sagrado, dentro e fora de si mesmo. Sugere, talvez, que “se queres conhecer-te procura no mundo, se queres conhecer o mundo, procura em ti mesmo”,  parafraseando Rudolf Steiner.
Peregrinação de um mestre hesicasta
[http://rmitte.free.fr/leloup/]
      Não terá sido esse o impulso que nos trouxe – provavelmente de esferas muito distantes – para esta jornada aqui na terra? Pois o Eremita é, também, o mestre interior, o impulso que nos ensina, no silêncio e na solidão, através das experiências de vida – jogadas no trato com o outro e com o mundo.
    É gostoso imaginar a vida assim: como uma viagem plena de aventuras, às lonjuras de nós mesmos...
    Que todos os anos possam ser de grandes navegações interiores. Que sejam repletos de oportunidades para as nossas descobertas e autodescobertas.
    É muito bom, igualmente, viajar pelo texto de Sheldrake, que estabelece uma clara distinção entre o turismo e a peregrinação.
    Boa viagem.
Do Turismo à Peregrinação
Rupert Sheldrake
O Renascimento da Natureza;
O Reflorescimento da Ciência e de Deus.
Ed. Cultrix
    
    Em todo o mundo, admite-se que certos lugares sejam sagrados. Esses lugares são venerados devido ao que neles aconteceu no passado. São lugares onde ocorreram experiências ou revelações sagradas. O que aconteceu no passado pode, em algum sentido, tornar-se mais uma vez presente nesses lugares, e, desse modo, eles podem atuar como portas de entrada para domínios de experiência que transcendem as limitações ordinárias do tempo e do espaço. Os lugares sagrados são, em geral, separados do mundo profano que os cerca por meio de uma fronteira.
    Ao atravessar esta fronteira, as pessoas podem compartilhar a energia do lugar e manter uma comunicação com sua sacralidade; podem participar do processo pelo qual ele foi consagrado.
    Embora o espírito dos locais escapem à análise, nos termos da ciência mecanicista, sua importância é reconhecida de modo implícito pelos turistas em suas visitas a lugares que ficaram famosos em virtude de suas qualidades particulares e de suas histórias.
    O turismo assemelha-se a uma forma secularizada ou inconsciente de peregrinação. De fato, muitas das atrações turísticas foram lugares de peregrinação no passado, e algumas ainda são. Porém, enquanto os peregrinos visitam um lugar sagrado como um ato de devoção religiosa, os turistas o visitam como mero expectadores mais ou menos envolvidos.
 
O peregrino chega ao mausoleu de Al Akbar
[www.ekbir.org ]
    Os peregrinos participam das qualidades sagradas do lugar e dos hábitos religiosos nele praticados; os turistas não.Os peregrinos somam sua energia à do lugar sagrado; os turistas a subtraem. Os peregrinos visitam esses lugares com uma disposição de mente que se mantém aberta ao poder ou ao espírito particular desses locais.
    Creio que muitas coisas boas surgiriam de uma mudança de atitude por meio da qual os turistas se tornassem peregrinos novamente. Em nossa vida pessoal e coletiva, a transformação do turismo em peregrinação tem um importante papel a desempenhar na ressacralização da terra.
    
 
 
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