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25 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


 
Os Arcanos Menores: o quatro naipes e as figuras
 
 
Por
Cristina Britto
 
 
    Diz a lenda que os sacerdotes egípcios, guardiães dos mistérios sagrados, prevendo a decadência espiritual da humanidade, reuniram-se para encontrar um meio de preservar e salvar o ensinamento sagrado para o futuro. O mais sábio entre eles afirmou que o declínio moral levaria ao vício, e que este deveria conservar e perpetuar o conhecimento até uma época em que ele poderia ser novamente difundido.
    Assim surgiu o Tarô.
    Se o vício esconde a sabedoria, pode-se entender a proliferação de falsos profetas e videntes. A questão não se limita a saber se o cartomante tem o dom de ler as cartas, mas com que intenção ele se dedica a tal ofício. Há os que induzem o cliente a falar de si, e a partir daí conduzem a consulta. Outros têm o conhecimento, mas seu verdadeiro interesse é dinheiro e poder. Para ambos os tipos, o oráculo cobra seu preço, dando-lhes o que desejam por um tempo e por fim derrubando-os de sua torre.
 
Ás de Paus no Tarot Grand Etteilla
Ás de Paus
 
Ás de Ouros no Tarot Grand Etteilla
Ás de Ouros
 
Ás de Espadas  no Tarot Grand Etteilla
Ás de Espadas
 
Ás de Copas  no Tarot Grand Etteilla
Ás de Copas
 
Cartas do Tarot Grand Etteilla. O autor, famoso cartomante francês
do ínicio do séc. 19, propalava uma origem egípcia para o tarô.
    Os arcanos menores são um conjunto de 56 cartas, dividido em quatro naipes, sendo cada um deles formado por uma seqüência de 1 (Ás) a 10 e quatro figuras da corte (Valete, Cavaleiro, Rainha e Rei). Podem ter sido criados antes ou depois dos arcanos maiores, e estão ligados à cartomancia tradicional, adivinhatória, e ao baralho profano, utilizado tanto nos jogos de azar quanto por cartomantes. Ou seja, é o conhecimento eternizado pelo vício.
    Os quatro naipes são: Paus (ou Bastões), Copas (ou Cálices, Taças), Espadas (ou Gládios) e Ouros (ou Moedas). Cada um deles se relaciona a um elemento, respectivamente, fogo, água, ar e terra. Paus e Espadas representam o princípio masculino, yang, ativo; Copas e Ouros, o princípio feminino, yin, passivo.
    O naipe de Paus exprime o verbo querer; os substantivos que o nomeiam são vontade, ação e impulso. Representa o poder terreno, a força criadora, crescimento e recomeços, a potencialidade do ser humano. O naipe de Copas liga-se ao verbo saber; os substantivos que o descrevem são sentimento, emoção e desejo. Retrata a sensibilidade receptiva do homem, a necessidade de afeto e de se ser aceito, amor e relacionamentos, ideais. O naipe de Espadas simboliza o verbo ousar; os substantivos que o manifestam são mente, pensamento, conceito, idéia. São os combates travados no caminho que leva do material ao espiritual. O naipe de Ouros liga-se ao verbo calar; os substantivos que o expressam são matéria, realização e esforço. Ele é a riqueza que transcende a matéria.
    As figuras da corte, mais do que características físicas, revelam aspectos da personalidade e do caráter, tanto do consulente quanto de pessoas de seu círculo ou que ele conhecerá. Os Valetes são os iniciantes (em qualquer aspecto), os aprendizes; seus talentos, ainda latentes, necessitados de ser descobertos e desenvolvidos. Os Cavaleiros estão no plano intermediário entre a matéria e o espírito, e correspondem aos esforços concretos que visam à realização, à conquista de objetivos. As Rainhas correspondem a todo simbolismo feminino, seus mistérios, a concepção. São o símbolo da mãe, da protetora, mas também da lutadora. São a inteligência sutil e a aceitação, mas não conformismo. Os Reis representam a autoridade, pessoas maduras, não necessariamente idosas, o arquétipo do pai, protetor, orientador.
    Os arcanos menores têm dois aspectos, opostos e complementares: o da utilização na cartomancia, servindo para previsão; e como instrumento para a evolução. A explicação para isto é simples. É a partir da matéria, da compreensão da existência no plano terreno que o homem tem condições de alcançar níveis mais profundos e sutis. Para Mebes, o entendimento dos arcanos menores depende do nível evolutivo do estudante, por ele considerá-los um “grandioso esquema do caminho iniciático”. Segundo Paul Marteau, os arcanos menores “possibilitam a manifestação das conseqüências que levam às realidades”, ou seja, eles esclarecem e complementam as informações e orientações dadas pelos arcanos maiores.
    Referências
    Marteau, Paul. O Tarô de Marselha. Rio de Janeiro, Objetiva, 1991.
    Mebes, G. O. Os arcanos menores do Tarô. São Paulo, Pensamento, s. d.
junho.08
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