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19 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Carta Testemunha: uma aplicação nas tiragens
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Desvendando a Carta Testemunha
Por
Jaime E. Cannes
    
    A crescente valorização do tarot como um sistema holístico de auto-conhecimento e autodesenvolvimento, abriu caminho para que todas as possibilidades de aplicação de seu simbolismo viessem a ser exploradas. Umas têm sido inventadas, outras têm sido literalmente ressuscitadas. Este é o caso da carta testemunha. Utilizada por cartomantes antigos, para representar o consulente em sua imagem física, cor de cabelo e pele por exemplo, ela vem agora como um poderoso recurso de avaliação da manifestação da personalidade de quem procura as cartas.
    A carta testemunha pode trazer à tona toda direção psíquica do consulente, seus interesses e plano de identificação. Se uma pessoa retira por exemplo o Rei de espadas fica bem evidente que toda a sua atenção está focada em sua mente, plano das idéias e na necessidade de controlar, prever e conter algum movimento, ou aspecto da vida.
Rei de Paus
Tarô Osho
      Essa ênfase na mente estaria, por sua vez, enfraquecendo sua expressão afetiva e resposta instintiva aos eventos. De posse dessas informações o tarólogo poderá então iniciar a leitura, que transcorrerá com maior precisão.
    O uso da carta testemunha independe do sistema de leitura que o tarólogo tenha escolhido para trabalhar, seja ela a cruz celta, a mandala astrológica ou a leitura dos chakras. Também pode, da mesma forma que abre uma leitura geral, fechá-la, indicando a quem se consulta qual seriam as melhores qualidades da carta retirada.
    Voltemos ao exemplo do Rei de espadas. Esse arcano poderá também estar apontando para que os outros elementos ausentes nesta carta sejam revigorados dentro do ser. O modelo vem da antiga ordem inglesa do século XIX, Golden Dawn, a Hermética Ordem da Aurora Dourada e seria assim:
    Reis, também chamados de Príncipes (Ar)
    Rainhas (Água)
    Cavaleiros (Fogo)
    Valetes
, também chamados de princesas ou pajens (Terra)
    Por essa tabela cada rei seria de ar, e o Rei de espadas especificamente, seria ar do ar, já que o naipe de espadas simboliza esse elemento. O que denotaria inteligência, visão estratégica aguçada, espírito combativo, organizado, mas também frio, distante e controlador.
    Faltaria a esse rei os outros três elementos, fogo (paus), água (copas) e terra (ouros). Ao tirar essa carta como sua “testemunha” no jogo do tarot, ele apontaria o enfoque mental que descrevemos antes, mas também indicaria a necessidade de integrar mais a ação ousada do fogo, a sensibilidade intuitiva da água e o senso de manifestação concreta da terra.
    Com certeza, teremos aí um bom indicativo para atenuar as tensões inerentes a todo processo mental de espadas. Também um excelente indicativo de possíveis bloqueios psicológicos que estariam vindo à tona para serem trabalhados.
    Como escolher a carta testemunha? Cada autor possui o seu método. Em seu livro Curso de Tarô, Veet Pramad ensina um método astrológico.
    Procurando conhecer o signo solar e o ascendente daquele que se consulta descobriríamos sua carta testemunha.
 
Rainha de Espadas
Visconti-Sforza
    Uma pessoa com Sol em Touro e Ascendente em Peixes, por exemplo, seria regida pelos elementos terra, em primeiro lugar e água em segundo. Vimos no modelo acima que os arcanos da corte que estão ligados á terra são os valetes, ou princesas. Ao relacioná-lo com a água teremos o Valete de copas. Esse seria então a carta testemunha do cliente em questão.
Cavaleiro (ou Príncipe) de Copas - Tarô Crowley
      O problema desse método é que ele é rígido, sempre que essa pessoa se consultar com o tarot seria esse o seu arcano de representação, não enfocando nunca a manifestação do momento, que é enfim a síntese característica do tarot enquanto oráculo.
    Outros métodos sugerem que se retire uma das quatro cartas dos reis, quando o consulente for homem, e uma das quatro cartas das rainhas quando o cliente for mulher. Quem se utiliza desse sistema diz que assim teríamos uma visão mais específica do plano de atuação de uma pessoa. Se o naipe representado for paus, se estaria atuando no nível mais instintivo de ação, se for copas, no plano das emoções, espadas das idéias e ouros no plano prático da realização material e do corpo. Contudo também acho esse modelo limitante, pois não utiliza todo o potencial simbólico das cartas da corte.
    A autora norte-americana Gail Fairfield mostra o modelo mais satisfatório. Embaralhe as dezesseis cartas da corte depois de separadas previamente do maço de cartas original. Disponha-as em leque na sua frente ou na frente de quem está em consulta. Logo em seguida retire uma carta alheatoriamente, essa é a carta testemunha do momento.
    Segundo Gail todas as expressões dos arcanos da corte são possíveis à todos independentemente do seu gênero sexual. Somos todos universos individuais, não é mesmo?
    Um homem pode, perfeitamente escolher uma carta das rainhas, por estar numa fase mais sensível ou emocional de sua vida. Da mesma forma uma mulher poderá tirar uma carta dos reis por estar atravessando uma fase que requer mais disciplina ou um espírito mais assertivo! Isso é muito mais realista e condizente com uma época de flexibilização dos papéis masculino e feminino.
    Podemos finalizar dizendo que muito mais que uma possibilidade criativa, a carta testemunha é uma interessante experiência de aprofundamento e desenvolvimento da alma humana através do tarot.
 
Valete de Ouros
Tarô Mitológico
    
Contato com o autor:
Jaime E. Cannes - www.jaimeecannes.com
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