|  | 
   
     | Quando o Tarô "faz mal" | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     | De vez em quando me deparo com  postagens onde leio desabafos de consulentes (atendidos por outros tarólogos),  falando mal do profissional ou do próprio tarô. São linhas textuais cheias de  mágoas, indignação; se não maldizendo o profissional, acusando a prática de  interferir no futuro, às vezes, de forma negativa. O discurso religioso costuma  se aproveitar dessas brechas para se apropriar de tal condição para, então,  acusar o tarô (e outros oráculos), de práticas demoníacas. | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     | Ilustração do arquivo do Autor | 
   
     |  | 
   
     | Me perguntaram certa vez se o  tarô era capaz de fazer mal. Ora, a coisa é bastante simples ao meu ver: até  mesmo se você beber água demais ou estiver esfomeado e comer muito e  apressadamente, te fará mal. Então, com o tarô não será diferente. Porém, não é  o inofensivo baralho que, encerrado em suas imagens simbólicas, baterá à porta  do consulente para infernizar-lhe a vida: é o tarólogo, o responsável pelos  recados que o ditoso maço de cartas possibilita. E o tarólogo, esse sim, pode  ser um bom ou mau profissional – isso acontece em qualquer área, campo  profissional, desde um médico, psicólogo, enfermeiro a um advogado. Devo  lembrar que o consulente entra com sua parcela de responsabilidade ao escolher  o profissional que fará a leitura, então, o crédito vai para quem indicou, os  critérios de escolha do profissional ou apenas a propaganda que atraiu o  consulente. Vale também lembrar que nenhum tarólogo fica batendo de porta em  porta oferecendo atendimentos e todo mundo já é grandinho o bastante para  responder pelas escolhas que faz (ou fez). | 
   
     |  | 
   
     | Falando dos malefícios de um  atendimento de tarô, enumerei dez tópicos para reflexão e ponderação tanto dos  profissionais quanto dos consulentes: | 
   
     |  | 
   
     | 1) O tarô faz mal quando o  consulente faz de seu tarólogo a sua última e única saída – nenhum profissional é um Deus para resolver a vida de ninguém, ainda mais num único atendimento; | 
   
     |  | 
   
     | 2) O tarô faz mal quando o  consulente acha que o atendimento vai responder o que ele quer ouvir (e deve  ser atendido por estar pagando) – então, de um simples mal-estar a sintomas de  raiva podem ser experimentados; | 
   
     |  | 
   
     | 3) O tarô faz mal quando o  consulente é orientado a não tomar certas decisões e faz tudo ao contrário – se  a pessoa se deu mal, foi única e exclusivamente por sua teimosia e ignorância; | 
   
     |  | 
   
     | 4) O tarô faz mal quando o  tarólogo se coloca acima de tudo e de todos acreditando ter poder absoluto  sobre acontecimentos e vida do consulente – o tarólogo é um simples tradutor e  não pode (e nem deve) se colocar na consulta como em um jogo de xadrez; | 
   
     |  | 
   
     | 5) O tarô faz mal quando se  confunde religião com a prática, fazendo uma "salada" de conceitos ou  ideias – o tarólogo deve respeitar o credo de cada um e nunca impor o seu; | 
   
     |  | 
   
     | 6) O tarô faz mal quando o  tarólogo adota uma abordagem fatalista onde tudo parece definitivo, imutável e  irreversível – muitos consulentes são influenciáveis e suscetíveis, portanto,  todo cuidado é pouco; 
 | 
   
     |  | 
   
     | 7) O tarô faz mal quando se visa  poder, dinheiro, fama exclusivamente pelo tarô – alçado a objeto meramente  comercial, o praticante se torna puro mercenário e coloca as necessidades do  consulente em último lugar | 
   
     |  | 
   
     | 8) O tarô faz mal quando o  tarólogo promete "mundos e fundos" ao consulente sem condição de  cumprir qualquer coisa – o profissional não deve vender sonhos e sim, uma  realidade compatível com o aprendizado do consulente; | 
   
     |  | 
   
     | 9) O tarô faz mal quando o  tarólogo escarnece da prática e desrespeita outros profissionais – é preciso  ter cuidado entre ter humor e se desqualificar, zombando; | 
   
     |  | 
   
     | 10) O tarô faz mal quando parece  que, ao olhar do público, é o "segredo dos segredos" ao qual só uns  poucos podem ter acesso ao conhecimento – o tarô para fazer um verdadeiro  bem deve ser universalizado e utilizado como recurso transformador do ser. | 
   
     |  | 
   
     | Que mal o tarô poderá fazer? O  mal só reside em um só lugar: na ignorância humana. | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     |  | 
   
     |  |