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15 de outubro de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Que tipo de tarólogo você é?
Jaime E. Cannes
Em seu livro O Tarot – Uma História Crítica, Cynthia Giles cita outra autora, Mary K. Greer, em seu livro Tarot Mirrors em que identifica quatro processos fundamentais numa de leitura do tarot sugerindo que cada leitor recorrerá a dois ou três deles em mais ou menos grau, geralmente com o predomínio de um deles, que são:
Analítico: Análise das correspondências entre símbolos e significados para determinar a sua relevância.
Psíquico: Uso intuitivo da “visão” interior e de “sentimentos” sensoriais sutis para conhecer as coisas.
Terapêutico: Ajuda o consulente a descobrir os significados, opções e objetivos pessoais.
Mágico: Afirma a habilidade do consulente de criar o que ele considera de valor.
Segundo Greer o leitor analítico seria o mais dependente das cartas utilizando-as como se fosse uma linguagem simbólica ou um alfabeto psíquico. O leitor terapêutico também tem uma estreita relação com as cartas, mas as utiliza como uma forma de entabular um diálogo com o cliente, algo como: “O que esta carta lembra a você?”. Os leitores psíquicos são os que menos se utilizam das cartas diretamente, e costumam se utilizar do processo de embaralhamento e de distribuição das cartas como um meio pelo qual acessam seu próprio psiquismo interior. Já o leitor que se utiliza do método mágico usa as cartas no que Giles chamou de um meio parcial, porque sua organização é colocada sob um ponto de vista específico, onde as cartas são selecionadas e arrumadas em termos de revelar oportunidades de mudança e crescimento.
Leitura da sorte
Cada intérprete do simbolismo dos arcanos possui uma
"assinatura" própria com que traduz suas mensagens e,
com frequência, fora do controle do próprio leitor.
Leitura da sorte. Pintura de autor não identificado (1890)
Por essa visão de Greer eu seria um leitor predominantemente analítico e mágico... Esses modos de se ver a leitura do tarot são todos psicológicos e intimamente ligados aos quatro tipos básicos da psicologia junguiana. O método analítico corresponderia ao tipo pensamento, o método psíquico ao tipo sensibilidade, o terapêutico ao tipo intuição e o método mágico ao tipo sensação. Bem, com todo o respeito ao trabalho de Greer e mais ainda ao de Giles, acho que essas breves relações não explicam quase nada e pouco tem a ver conosco, habitantes do Hemisfério Sul deste planeta, tão influenciado pelo sensível elemento água.
A partir disso fiz uma relação dos quatro métodos de leitura que considero mais consistentes com tudo que vi e conheci através de colegas e, sobretudo, de alunos que se entregaram em leituras para outras pessoas na minha presença durante as práticas em grupos de estudo ou em casos que me trouxeram devidamente apontados em suas agendas ou cadernos de estudo! A própria Giles diz que o estilo de leitura está muito além de uma questão de escolha ou de personalidade como sugere Greer, já que o tarot possui um inegável componente metafísico que torna sua aplicação algo para além do controle da vontade humana. O que concordo plenamente.
Apresento a seguir uma avaliação minha dos quatro métodos possíveis de leitura do tarot segundo minha própria experiência como leitor e professor, e também como estudante em troca permanente com outros tarólogos:
1º O Tipo Analítico (Elemento Ar): Esse é o tal que enterra a cara nos livros, que sabe citar autores e datas de publicação, e que defende com argumentações bem fundamentadas as abordagens do tarot, em suas muitas e possíveis aplicações. O leitor analítico desconfia da própria intuição, pois considera o processo psíquico instável e altamente influenciado pelo ambiente que cerca o próprio leitor, como as oscilações da vida pessoal e familiar, a movimentação e o humor de pessoas ao redor dele, etc. Ele confia nos seus estudos, e faz deles seu principal suporte nas leituras. Por possuir uma intensa carga mental, é bem comum que as sessões de leitura do tarot sejam bem desgastantes para eles, geralmente falam demais, exemplificam, e fazem muitas e inúmeras recomendações, desde as terapêuticas às literárias. Não é incomum também que eles tenham a tendência a tornar as leituras algo “controlável”, trabalhando com significados bem definidos dos arcanos e refletindo, por exemplo, sobre as possíveis interpretações dos significados de cada arcano em determinada posição de um sistema de jogo de sua preferência! Sua análise depende totalmente de sua interação com as cartas.
2º O Tipo Psíquico (Elemento Água): Esse costuma ser o que mais impressiona as pessoas por conseguir “ver coisas” que não são necessariamente sugeridas pelo simbolismo das cartas como nomes, datas precisas de acontecimentos, descrições físicas exatas de pessoas, etc. O tipo psíquico possui pouca relação ou conhecimento do simbolismo do tarot, as suas imagens arquetípicas servem apenas para despertar nesse leitor o seu psiquismo interno, e talentos mediúnicos como clarividência e ou clariaudiência, alguns até amparados por entidades espirituais. As leituras psíquicas costumam girar em torno de coisas e fatos exteriores ao consulente, como pessoas do seu meio comum de convivência, no trabalho, na família, amigos, e também viagens, propostas, promoções... É muito comum também que esse tipo de leitor não se atenha muito ao que cada pessoa pode fazer para mudar sua situação, muitos parecem crer com sua experiência e observação que as coisas simplesmente acontecem, e que cabe a nós tirar o melhor de cada evento... Tem aqueles que se utilizam de recursos mágicos, místicos e ou mesmo espirituais para tentar auxiliar seus clientes a passar pelo que lhes reserva o futuro. Coisas como orações, magias e rituais de todo tipo. 
3º O Tipo Intuitivo (Elemento Fogo): Assim como o tipo analítico o intuitivo tira todo o seu processo de análise da relação com as cartas, menos de uma perspectiva racional e mais de uma interação com o cliente, e na observação das reações deste aos arcanos e suas respostas emocionais a eles. Nesse processo não é nada incomum que o significado das cartas deem “saltos” de abrangência para esse leitor. Para ele o simbolismo das cartas é plástico, e se molda a cada experiência de leitura conforme cada pessoa que se consulta com ele. Suas sessões de tarot se parecem muito com uma consulta a um psicoterapeuta ou a um filósofo espiritualista. A sua atenção muito comumente está voltada para que o cliente veja a sua experiência sob outro enfoque ou perspectiva, geralmente mais interior e psicológica, e que cresça com ela. É bem pouco interessado em previsões sobre o futuro. O tipo intuitivo de intérprete do tarot geralmente é simpático a práticas terapêuticas de autotransformação intensa, como Regressão de Memória, Meditação Dinâmica, Renascimento, Constelação Familiar, entre outras! Isso quando ele mesmo não se torna um terapeuta dessas técnicas holísticas.
4º O Tipo Sensitivo (Elemento Terra): Esse também se utiliza das cartas com uma perspectiva de crescimento ou desenvolvimento. Dentro dos sistemas de disposição de leitura que escolhem sempre há posições do jogo que simbolizam aconselhamento, aprendizado, desafios, crescimento, etc. De modo geral ele não exclui os eventos práticos da vida comum, e nem descarta a aplicabilidade da divinação. Percebem que na interação com os eventos mundanos revelam-se potenciais de grande relevância para o processo evolutivo de cada pessoa. Mesclam intuitivamente com mais frequência o trabalho oracular ao terapêutico, mas sempre visando uma aplicação prática das revelações feitas através das cartas do tarot. Podemos dizer, comparativamente, que este leitor está menos interessado nas influências culturais e do passado sobre a psique do consulente do que o tipo intuitivo, e menos focado nos eventos do futuro que o leitor psíquico. Sua análise parece mais dirigida para o agora e as possibilidades de atuação e transformação desse período de tempo na vida de cada indivíduo, baseado numa forte crença interior da possibilidade de se mudar a realidade através da compreensão dos eventos e da atuação sobre eles.
Olhando para essa relação eu me identifico fortemente com alguns aspectos do tipo analítico, como em sua pesquisa e definição do simbolismo dos arcanos. Encontro-me totalmente identificado com o tipo sensitivo, e com o leitor intuitivo apenas na abordagem terapêutica dos arcanos. Atualmente não possuo nada, ou muito pouco, de um leitor psíquico... E você, que tipo de tarólogo você é?
Jaime E. Cannes, professor e consultor de tarô desde 1988, 
é astrólogo, numerólogo, mestre e terapeuta Reiki.
www.jaimeecannes.com e www.tarotzenreiki.blogspot.com
Outros trabalhos seus no Clube do TarôAutores
Edição: CKR – 18/01/2018
  Baralho Cigano
  Tarô Egípcio
  Quatro pilares
  Orientação
  O Momento
  I Ching
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