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29 de março de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Tarot & Cia
  Jaime E.Cannes  
Não há dúvidas de que o tarot é um sistema oracular completo. Para falar a verdade tem o maior corpo simbólico de todos os sistemas oraculares, são 78 símbolos. No I Ching, por exemplo, são 64 hexagramas, na astrologia são 12 signos, 12 casas, 10 planetas, com o complemento de estrelas fixas e alguns aspectos bem abstratos, como a cabeça e a cauda do dragão, e a roda da fortuna. Se juntarmos isso tudo, dá algo em torno de 40 símbolos astrológicos! Vendo sob esse prisma parece um absurdo que algumas pessoas usem outros sistemas como meios complementares à leitura de tarot.
Ao longo dos meus 22 anos de prática e estudo como tarot (desde 1988), eu tenho evitado sair muito da leitura tarológica propriamente dita, mas hoje, depois de muito contato e troca com profissionais de diversas áreas do holismo, considero quase impossível haver um único tarólogo que não se utilize, ou que já não tenha se utilizado, de algum outro estudo ou prática oracular em parceria com o tarot. Isso pode ter muitas explicações, a mais provável
Numerologia e Astrologia
Numerologia e Tarot,
uma parceria frequente.
Ilustração de Mário Diniz,
para a revista Planeta, nov. 1992
 
é que as pessoas que se utilizem desse recurso tenham tido uma primeira iniciação mais sólida na técnica que passou a ser complementar. Uma pessoa pode ter estudado por anos a astrologia ou a numerologia, por exemplo, antes de conhecer o tarot. Assim sendo olhar os arcanos pelo viés astrológico ou numerológico facilita em muito o entendimento da leitura.
Outra boa explicação para esse recurso é de que se faz necessário muitas vezes durante uma leitura, dar uma olhadinha nas tendências da personalidade para avaliar e apoiar uma revelação feita pelos arcanos. As leituras de tarot podem refletir muito bem o momento presente e o modo como as coisas estão. Sistemas como a astrologia e a numerologia revelam mais precisamente os traços de personalidade com seus pontos fracos e fortes. Essas informações ajudam a revelar de que modo alguém pode reagir a um determinado evento que surge num prognóstico das cartas – caso haja um enfoque em previsões sobre o
futuro – ou para analisar de que modo os principais desafios mostrados numa leitura interagem com os pontos de conflito dos mapas astral e numerológico.
Existem, é claro, outras interações além das feitas com os números e os astros, algumas bem estranhas e outras invertem totalmente a demanda e fazem do tarot um complemento. Passemos á lista:
Numerologia
É, sem sombra de dúvida, a mais usada dentre todas as técnicas. Quem já não calculou a data de nascimento de alguém para conhecer o seu arcano da alma e o arcano da personalidade? Esse cálculo foi criado por Angeles Arrien, e é abordado com mais detalhes no livro The Tarot Handbook, de 1987. Acabou virando de domínio universal. Arrien diz que os arcanos de 1 a 9 representam a proposta da alma, uma idéia ou qualidade arquetípica que a alma vem desenvolvendo há muitas vidas no propósito de sua evolução. Os números duplos, de 10 a 22 – nesse caso O Louco, que vem a ser o vigésimo segundo arcano, conta como numero 22 para efeitos de cálculo – representam os traços marcantes da personalidade na presente encarnação e as qualidades arquetípicas que se manifestam nesta vida. De execução bem simples basta apenas que se tenha lápis e papel à mão. Com o conhecimento desses números-arcanos pode-se ter uma ideia dos traços gerais da personalidade. Há ainda o cálculo do ano de crescimento, que se utiliza do dia e mês de nascimento mais o ano do último aniversário. Com o conhecimento do arcano regente do ano, de um aniversário a outro de uma pessoa, podemos avaliar as tendências gerais da proposta para o seu crescimento interior. A leitura posterior esmiuçará os detalhes dessas tendências.
Astrologia
Assim como a numerologia é um recurso para detalhar os traços da personalidade humana, mas com um plus; com os dados para mapa – dia, mês, ano, hora e local de nascimento - é possível precisar o movimento dos planetas no céu no exato momento da consulta, revelando assim as influências que cada um está sofrendo dos planetas em órbita sobre o seu mapa natal. Essa análise permite também a realização da revolução solar, que é o mapa para o período de um ano, de um aniversário a outro, que juntamente com os trânsitos planetários pode auxiliar imensamente tanto na elaboração de prognósticos muito precisos, quanto na orientação das posturas internas diante dos acontecimentos. O único problema é que é preciso ter sempre à mão um programa de astrologia confiável e um terminal de computador para realizar os cálculos, bem mais complexos que os da numerologia.
I Ching
O livro das mutações tem como principal característica a capacidade de responder de um modo muito profundo, específico e filosófico uma pergunta que lhe é dirigida. Nem é preciso dizer então qual seria a sua aplicação numa leitura de tarot! Os hexagramas do I Ching podem orientar quanto a postura a se tomar diante de uma questão e prevenir as implicações de não se seguir a ação correta. Desse modo lança uma visão estratégica sobe as ações propostas pelo tarot. O problema desse método é que mesmo que se tenha muita prática no manuseio do I Ching a consulta pode ficar longa demais!
Radiestesia
Eis uma das parcerias mais inusitadas. Apresentada por Mary K. Greer em seu livro Tarot For Yourself, de 1984. A idéia básica é a de se utilizar o pêndulo quando surgir uma dúvida na interpretação de uma carta. Esse recurso seria o “substituto” daquele em que se vai retirando cartas complementares ao jogo para esclarecer uma questão, como sugere, por exemplo, Veet Pramad em livro Curso de Tarô. Nesse caso deixa-se o pêndulo do lado, e assim que surgir qualquer dúvida sobre como interpretar um arcano num determinado ponto do jogo basta pegá-lo e colocar sobre a carta em questão e a partir daí fazer todas as perguntas necessárias para que a dúvida se dissipe. È um método simples, mas que requer uma certa intimidade com a radiestesia.
Dos quatro métodos citados acima eu me utilizo apenas do cálculo dos arcanos, e geralmente depois das leituras preliminares. Desse modo obtenho uma síntese de tudo o que foi dito ao longo da consulta. Mostra de um modo bem interessante que toda a leitura correu na direção certa e revela outras direções que possam ter sido ignoradas.
Quando o Tarot vira companhia
Uma aluna que antes de se interessar por tarot já realizava com sucesso leituras com o baralho Lenormand, desenvolveu um sistema de leitura onde o tarot participa sem ser propriamente manuseado na mesa!... O baralho Lenormand possui uma numeração de 1 a 36. A minha referida aluna interpreta grupos de cinco montes com sete cartas cada, em volta da carta que significa o cliente (a figura do homem ou da mulher). Por esse método cada monte representa um aspecto da vida prática, como finanças, relacionamentos, etc. Ao finalizar a leitura ela soma os números das cartas em cada grupo até obter um dígito até 22. Esse arcano oculto que é obtido através do cálculo, expressa a síntese daquele conjunto de vivências, uma espécie de pano de fundo que influencia aquele aspecto da vida! Segundo a criadora dessa técnica, o arcano oculto serve como uma reflexão para cada cliente sobre a direção geral dos acontecimentos em dado setor da sua vida!

Alguns numerólogos fazem o mesmo, considerando de modo mais específico a interpretação de um número cuja soma final resulte num dos números dos 22 arcanos maiores do tarot! Por mais estranho que possa parecer o tarot funciona muito bem, mesmo quando é coadjuvante de um outro sistema oracular.
Não vou entrar aqui no mérito do quanto isso é positivo ou não para um ou outro oráculo. Creio que os sistemas simbólicos cuidam muito bem de si mesmos, assim como creio que não existe um único método para se consultar qualquer oráculo! As pessoas que se utilizam dessa mistura sabem muito bem as diferenças entre os vários sistemas envolvidos e tendem a não fundi-los de modo indistinto. Pelo contrário, suas diferenças é que os tornam fortes, atraentes e justamente complementares!
março.10
Contato com o autor:
Jaime E. Cannes - www.jaimeecannes.com
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