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     | Caminhos da Mente e a Posse do Tesão | 
    
   
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     [Palestra  apresentada na Confraria de Tarô, 31/08/2019. Trata-se de um  relatório 
       ou sinopse. O conteúdo original faz parte de um projeto ainda  em processo.]  | 
    
   
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     | A maioria de nós tem dificuldade em viver o tesão puro  e simples. Desejo sexual e exercício do prazer é malvisto numa sociedade de  estrutura judaico-cristã como a nossa. O que fazemos é cobrir tudo com o verniz  do amor, um sentimento considerado mais nobre e assim suavizamos a admissão do  instinto sexual e das loucuras do apaixonamento. O resultado é a confusão de  conceitos e a dificuldade de distinguir os meandros do sentir. Precisamos, antes  de tudo, aprender a discernir. | 
    
   
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     |  Parti do princípio de que o tesão é um afeto e da  necessidade de que entendamos melhor o que isso significa, bem como de  investigar com mais profundidade os gatilhos das paixões. | 
    
   
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     | Ilustração elaborada pela Autora | 
    
   
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     |  Abordei ligeiramente algumas áreas nas quais investigo  essas questões, como a Neurociência-Neuropsicologia, a interferência das novas  tecnologias na mente contemporânea, coloquei um ponto da Psicanálise (a ideia  freudiana sobre a depreciação do amor e o fenômeno da repetição) e um cerne da  teoria de Anima e Animus da Psicologia Analítica de Jung, como pontos  importantes para a compreensão de possíveis razões ou gatilhos que nos conduzem  ao apaixonamento e ao desejo sexual. Não pretendi, como de resto nunca pretendo,  que isso feche questões, ou que sejam reflexões que conduzem a uma verdade  cabal. Ao contrário, são sugestões de caminhos e óticas que propõem pontos de  partida para a reflexão. | 
    
   
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     | Como todo objeto de pesquisa acadêmica, o entendimento  sobre o que é um afeto é uma discussão interminável. Mas na palestra citei  alguns exemplos, como Jean Laplanche e Jean-Bertrand Pontalis, na área da  Psicanálise, Dai e Sternberg, na área da Psicologia Cognitiva, e António Damasio, na Neurologia e Neurociência,  autor que apresenta possibilidades que considero mais elucidativas (dele,  sugeri dois livros, “O Erro de Descartes” e “O Mistério da Consciência”, da Ed.  Companhia das Letras). Partindo de premissas de Damásio, coloquei a questão de  que o tesão é antes de tudo mental e apresentei a diferenciação desse autor entre  sentimento e emoção, pois tendemos a crer que o desejo está no emocional,  quando, a meu ver, mais definidor é o sentimento por trás dessa expressão. | 
    
   
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     |  Essencial também, penso, é  o entendimento de que a reação de padrões neurais bem como do organismo como um  todo se dá exatamente da mesma forma, seja o EEC (o gatilho) presencial, mera  imagem ou apenas retirado da memória. Corpo e mente alteram-se com igual  resultado, diante de qualquer dessas possibilidades. | 
    
   
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     | A pergunta que me coloquei foi: Posto que não exige a  interação concreta, quando meu tesão é uma resposta afetiva a um estímulo real  e quando faz parte de uma fantasia particular ou de uma projeção? | 
    
   
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     |  Quase todo cliente vem ao tarô alegando que ama ou que  deseja. Eu acredito que o trabalho do tarólogo é ajudar o cliente a ver além da  superfície, tomar consciência dos seus sentimentos e a compreender, dessa forma,  as causas das emoções que acionam ou induzem seus desejos e, portanto, das escolhas  que disso decorrem. | 
    
   
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     |  O impulso e a expressão sexual inúmeras  vezes apresentam-se como máscaras para estados e sentimentos bem diversos, como  o isolamento, traumas infantis, o sentimento de inadequação, relações oficiais  onde o indivíduo não se reconhece mais mas das quais não quer abrir mão,  limitações dogmáticas ou moralistas de clã etc. Tesão, portanto, nem sempre é  expressão de puro desejo e, ainda mais raro, um dado participativo de estado  amoroso. | 
    
   
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     | A tudo  isso soma-se o que chamei de “novo ser digital”: apresentei certas questões da  interferência tecnológica sobre as sinapses neurais, a degeneração da memória causada  por certas ferramentas tecnológicas bem como o problema do soterramento atual  de informações ao qual nos sujeitamos e que gera um desgaste tanto cerebral  quanto psíquico. Este indivíduo contemporâneo apresenta atrofias neurológicas  sutis porém essenciais quanto à conexão, empatia e, acima de tudo, tem extrema  dificuldade de auto percepção e de captar a interligação entre o externo e o  interno. Acho isso fundamental para o trabalho do tarólogo contemporâneo, pois  o atendimento, nesses casos, difere do habitual, especialmente na comunicação,  se queremos que a leitura apresente resultados mais coesos e duradouros. | 
    
   
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     | Ilustração elabaorada pela Autora | 
    
   
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     | Apresentei, então, alguns Arcanos Maiores  como exemplo, seus atributos fundamentais, alertando que nenhum deles pode ser  visto de forma rasa, escolhendo entre os conceitos aqueles que “nos interessam”  e por isso chegando a algo que responde apenas se há desejo de parte a parte, ou  que responde simplesmente sim ou não para o bom e velho “Ele me ama?” | 
    
   
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     |  Na minha abordagem, um arcano deve ser  compreendido como um universo de conceitos e sua melhor tradução se dará,  sempre, pelo contexto e não de forma isolada. E por contexto quero dizer a somatória  do arcano, o método utilizado, a posição que a carta ocupa nesse método, a  interligação com as outras cartas, o cliente e seu momento de vida. | 
    
   
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     |  Ajudar o cliente a refletir sobre os  gatilhos, máscaras e sentimentos não conscientes coloca-o no seu momento real e  presente e lhe devolve a autonomia fundamental nas escolhas que faz e,  portanto, em como desenvolve a si mesmo e à sua vida. | 
    
   
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     |  Fechei parodiando Descartes, pois  penso que “Busco quem sou, logo existo” é mais compatível com a riqueza  possível do nosso trabalho do que o dito original e espero ter contribuído com  nossa área, propondo óticas novas e diversificadas. | 
    
   
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     Ivana Mihanovich é escritora, taróloga, jornalista, 
       tem 
capacitação em Neuropsicologia e estuda  Psicanálise e Psicologia Analítica. 
       Publicou um livro sobre o tarô e mantem o blog de conteúdo:
        www.tarotluminar.blogspot.com.br
       Outros trabalhos seus no  Clube do Tarô :  Autores   | 
    
   
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