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20 de maio de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  Torre de Babel - fevereiro.2023
O Brasil na encruzilhada geopolítica
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
O mapa da posse de Lula mostra grande ênfase no elemento terra com planetas em Touro e Capricórnio, promessa de resistência e trabalho duro. Vênus, regente do Ascendente, está em conjunção com Plutão e em harmonia com o mesmo, o que facilita a ação, mas há dificuldades: o Ascendente está muito próximo a estrela Algol que tem fama de soluções radicais, ele está em quadratura a Saturno, o que indica que um excesso de cautela pode paralisar a ação. Além disto, Marte retrógrado na casa 1 mostra dificuldades com militares e Mercúrio também em regresso dificulta a comunicação clara e direta do governo ao povo.
Mapa da posse de Lula - Brasília, 1º/01/2023 às 15h05
Estas dificuldades se manifestaram no vandalismo no dia 8 de janeiro. Os agentes do governo federal falharam miseravelmente na proteção da Esplanada: Mucio, Dino, GSI, o Batalhão de proteção do Palácio. A intervenção na segurança da cidade foi importante por vários motivos, mas especialmente porque evitou uma GLO que daria ao exército um grande poder.
A destruição não foi uma tentativa de golpe de estado, isto só é possível com organização e armas, mas foi um acosso ao novo governo que deve continuar em atos de sabotagem, no Congresso que retoma os trabalhos agora e na grande mídia que exige uma política econômica neoliberal. Muitos invasores já identificados têm passagem na polícia, eles fizeram em 2 horas o que garimpeiros, madeireiros e grileiros fizeram na Amazônia em 4 anos. Eles foram massa de manobra, pois os grandes financiadores e organizadores continuam não identificados.
O comandante do exército, gal. Arruda, se recusou a revogar a nomeação do coronel Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, para dirigir o Batalhão de Elite de Goiânia a 150 km de Brasília. Diante disto a Vênus/ Plutão e Algol atuaram e o general foi decapitado. O gal. Tomás o sucedeu, ele foi ajudante de Villas Boas e abriu a AMAN em 2014 para Bolsonaro começar sua pregação nos quartéis, agora fez um discurso inflamado pela legalidade. A questão militar está longe de solução e exigirá paciência e tempo para ser resolvida.
Proclamação da República, o início da tutela.
Do site História Hoje
Tenho escrito e dito em lives que a tutela militar é o problema número 1 do regime político brasileiro. Esta tutela tem 2 razões fundamentais: a fraqueza e precariedade de partidos, sindicatos, associações e Ongs, todos dependentes de dinheiro público; e na ineficácia e preguiça da maioria do empresariado brasileiro, incapaz de oferecer um projeto de país; as confederações e sindicatos patronais mais parecem grupos mafiosos. Se o governo quer mesmo limpar a Amazônia precisará da cooperação das Forças Armadas, portanto é bom chegar a um acordo mínimo com elas.
Sobre o tema militar há muitos livros, artigos, entrevistas e lives no Youtube; entre eles sugiro: Piero Lernier, Manuel Domingos, Francisco Carlos Teixeira e Marcelo Pimentel.
Investigações Calculam que 5 mil pessoas andaram do quartel até a Esplanada e foram presas umas 1500.É possível levantar outras pessoas pelas listas de passageiros dos ônibus fretados, mas será necessário? Do levantamento divulgado até agora só há gente miúda que não ajuda a esclarecer muita coisa. Mais que a prisão seria melhor multa-las pesadamente. A investigação destas pessoas envolve muitos policiais e agentes do judiciário com resultados incertos.
A identificação dos grandes financiadores só será possível com perícia dos celulares e computadores, vai dar muito trabalho, mas vale a pena: a partir daí será mais fácil chegar aos mentores e organizadores.
Há muita especulação sobre o destino de Bolsonaro, o inquérito no TSE pode acabar em inelegibilidade, vários inquéritos no STF agora acumulados pelos desvios do cartão corporativo e o caso Yanomami podem resultar em processo e prisão, mas dada a tradição brasileira de conciliação nada disto está seguro. Investigações são vistas na casa 8, no mapa da posse sinalizadas pela presença do Sol e os processos e julgamentos pela casa 9, fortemente enfatizada.
Discutem também sobre a conveniência de CPI sobre o caso. Isto monopolizaria o noticiário e pode paralisar o governo ou, ao menos, deixar em segundo plano medidas importantes. Serviria também para manter coesa a extrema direita, o que seria uma tolice.
Economia Muitas falas contraditórias de Lula e ministros da área econômica o que levou a oscilações na Bolsa e no câmbio; suscitaram também recriminações na imprensa sobre o regime fiscal. A grande questão é: qual o limite para a dívida pública, 90, 100% do PIB? Ninguém sabe, mas parece que o déficit previsto de 231 bi este ano disparou o alarme, a catástrofe estaria perto. Seja qual for o limite não será alcançado neste ano. É alarmismo puro.
Discute-se por 18 reais no salário mínimo, se o imposto dos combustíveis deve retornar ou não, se dá para cumprir a promessa de isenção do IR até 5 s.m.  feita na campanha. Haddad apresentou algumas medidas para aumentar a receita e diminuir a despesa, mostrando assim responsabilidade fiscal.
Lula discursa em Buenos Ares.
Do site Poder360.
A Argentina é nosso terceiro parceiro comercial, mas não tem dólares suficientes para importar os produtos brasileiros, solução para isto: criar uma moeda contábil. Imediatamente falaram de moeda única, o que é absurdo. Lula anunciou que o BNDES financiará programas no exterior e os calotes recebidos no passado voltaram à cena, como se não fosse possível fazer contratos com garantias.
Tanto falaram em golpe que ele aconteceu mesmo com as Lojas Americanas. O jornalismo econômico criou o Trio de Ouro (Lemann, Telles e Sicupira) que agora lembram mais os irmãos Metralhas. O currículo é obscuro desde a década de 1970 com o Banco Garantia, passando pela Cosan, ALL, Kraft Heinz nos EUA onde o trio foi multado pela SEC, culminando agora.
Por anos a fio o balanço das Americanas foi maquiado (jogo entre dívidas aos fornecedores e bancos credores) apresentando lucro fictício com gorda distribuição de dividendos e bônus aos diretores. Comeram moscas: CVM, auditoria Price, os fornecedores e bancos que prosseguiram no jogo. É tudo obscuro, escolheram para a presidência um diretor do banco Santander que é credor da empresa e que revelou a dívida bilionária.
Só surgiram duas propostas sensatas sobre reindustrialização, a criação de uma grande empresa de energia abarcando óleo, gás, eletricidade e renováveis, de Luiz Gonzaga Belluzo e a criação de uma indústria abarcando saúde, ambiente e pesquisa na Amazônia, formulada por Mônica de Bolle.
Mundo afora
E a economia continua a murchar lentamente, agora as bigtechs americanas anunciam demissões, os bancos centrais dos EUA e União Europeia aumentam os juros vagarosamente para não causar recessão, as bolsas dão um suspiro pela China que voltará a crescer. Os países pobres e endividados em moeda estrangeira sofrem e alguns podem entrar em moratória. Mas a possibilidade de um crash ainda está no ar.
China — Com Plutão próximo ao Ascendente e a Lua, a população se cansou dos severos lockdowns e se rebelou, o governo cedeu e espera-se um espalhamento de contágios. Taiwan também é afetada e estará em questão pelos próximos anos. Júpiter faz uma rápida oposição aos planetas em Libra (veja o mapa da China).
Rússia — Saturno ingressou definitivamente na casa 7 (guerra) e em março faz oposição à Lua, a população começa a mostrar descontentamento, pois as sanções econômicas deprimem o padrão de vida. Júpiter faz uma rápida quadratura ao Sol (veja o mapa da Rússia). A guerra custa caro, milhares de soldados morreram e os russos penam para defender Dombass que está em ruínas. A novela do envio de tanques para os ucranianos promete que a Otan levará a guerra adiante, a população sofre com a falta de calefação e eletricidade enquanto ministros afundam em corrupção.
Estrutura viária projetada na Eurásia.
Do site Cimento Itambé.
Eurásia — Os Brics anunciam expansão com admissão de novos integrantes, a Organização de Xangai também. São muitos países envolvidos e há estudos para comerciarem com suas próprias moedas, o que seria um baque para o dólar e euro. É difícil acompanhar este movimento pela mídia ocidental eivada de mentiras e histeria sobre o assunto, o jeito é seguir as publicações asiáticas em inglês. Por aqui temos Elias Jabbour para a China e o jornalista Pepe Escobar que dá entrevistas em canais do Youtube, mas quase nada da Índia que se torna mais e mais importante.
Israel Em grande instabilidade política, pois os gabinetes não duram um ano. Agora há mais partidos religiosos na coalizão e a temperatura subiu com ataques na Cisjordânia e Gaza. Bibi está de volta e resolvido a subjugar o Judiciário, o destino dos palestinos está em jogo, além disto, Bibi quer se livrar dos processos de corrupção que correm contra ele. Urano em Touro fustiga os planetas em Leão e em meses alcança o Sol do país (veja o mapa de Israel). Uma visão da vida por lá pode ser seguida no seriado Fauda (Netflix), o termo é árabe e significa caos. Segue a vida de uma equipe das Forças Especiais, onde o assassinato é o pão diário. Os agentes vão degradando a cada temporada e na quarta até os familiares viram alvos dos inimigos. Todo mundo quer dar no pé. Adonai os tenha.
América Latina — Realizou-se na Argentina mais uma reunião da Celac que marcou a volta do Brasil à organização. No primeiro mandato de Lula ensaiaram a criação da Unasul com os mesmos propósitos, a Celac é maior englobando os países da América Central e Caribe. Há vários problemas para a organização a começar pela dificuldade de estrutura viária (os Andes), todas economias são exportadoras de matérias primas e em concorrência em alguns casos, nenhum país tem capacidade de investimento para dar início a uma arrancada econômica. Poderiam criar um bloco alfandegário com uma moeda contábil, mas mesmo isto é problema, no Mercosul muito menor, o Uruguai quer negociar diretamente com a China cujas exportações liquidam indústrias na região.
O mapa da posse mostra uma casa 9 importante: o Brasil está numa encruzilhada geopolítica, de um lado EUA e Europa tentam nos atrair e abandonar os BRICS, por outro lado a China é nossa primeira parceira comercial e estamos em superávit, no entanto a China nos faz concorrência na América Latina, destino de nossas exportações de manufaturados que minguaram bastante. É uma questão importante e deve ser tratada com grande perícia.
Ainda sobre o final de ciclo
Terminei as previsões para 2023 no final de dezembro com uma nota sobre a cosmologia védica. Desde o início das crônicas mencionei o assunto que é fundamental para mim, verifiquem, por exemplo, em A pulsação da história humana publicada em abril/2011 (acesse). Em todas tradições o final de ciclo é marcado por desastres naturais, guerras, violência gratuita, conflitos familiares e inversão de valores; estes temas ocupam boa parte dos telejornais. Em resumo, é um tempo de desagregação, depravação e destruição.
Os eventos de janeiro por aqui ilustraram a exposição: o vandalismo na Esplanada, o estado calamitoso dos ianomâmis e o banditismo nas Americanas. Durante muito tempo o tema apocalíptico permaneceu confinado aos meios religiosos e esotéricos, na Primeira Guerra extravasou para o mundo secular.
Criança ianomâmi, uma das 700 internadas.
Do site Amazônia Real.
Os literatos foram os primeiros a expressar a catástrofe que se abatera na Europa, caso de The second coming (1919, W.B. Yeats), The waste land (1922, T.S.Eliot), novelas e contos de Kafka publicados na década de 1920. A guerra abalou o conceito de progresso, tema elaborado pelo filósofo Walter Benjamim na década de 1930 e continuado por seus companheiros Adorno e Horkheimer durante a Segunda Guerra.
Com a explosão das bombas no Japão, o assunto passou para a ciência, os físicos criaram o relógio do Juízo Final. Um marco da Ecologia foi Primavera silenciosa de Rachel Carson em 1961. Mais adiante começaram a chegar notícias da climatologia. A partir da década de 1980 o assunto penetrou no mundo do entretenimento, filmes e seriados apresentam catástrofes e mundos distópicos e há muitos documentários mostrando gente vivendo em ambientes inóspitos como se fossem sobreviventes. Até mesmo entre os distraídos economistas a questão surgiu com Mega Ameaças, livro de Noriel Roubini, famoso por prever a crise de 2008. Mais na próxima.
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo.
Mestre em História social (USP) e autor de textos sobre simbologia
(Esoterismo, ciência e sociedade). Pesquisador em Kaballa (Tarô e Qabbalah).
Oferece consultas astrológicas com ênfase nas soluções para todos os temas.
Contatos e informações: rui.ssbarros@uol.com.br ou fone: 11 2367-9179.
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 5/02/2023
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