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27 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Taromancia
Adivinhação e Autoconhecimento
Ricardo Pereira
  Espaço de abordagens sobre a taromancia e suas linhas de atuação adivinhatória e de autoconhecimento  
A taromancia é uma das atividades exercidas pelo profissional tarólogo. É a prática de análise de questões sobre dado indivíduo em determinados contextos ou sobre o indivíduo em sua essência ou sobre eventos ou fatos a partir da utilização de métodos ou técnicas de tiragens, ou de leitura, os quais permitem e facilitam a interpretação simbólica e dos atributos dos 78 arcanos do Tarô.

A prática da taromancia possui duas linhas bem distintas, as quais servem de auxílio ou ajuda ao consulente e que são utilizadas pelos tarólogos em todo o mundo.

Nesse contexto, há tarólogos que seguem uma linha de trabalho adivinhatória, ou seja, utilizam o Tarô de forma oracular, analisando ou interpretando os fatos do passado, presente impactantes na vida do consulente e efetivando previsões de futuro, facilitando, por meio de orientações ou de conselhos, os próximos passos que poderão ser dados por ele em sua jornada. Essa é a forma  mais antiga de se trabalhar com o Tarô, com suas bases densificadas a partir de estudos ocultistas no século XIX. É a taromancia de análise do destino e da sorte do indivíduo.

Um outra linha de aplicação mais recente, do ponto de vista da História do Tarô, é a linha focada no autoconhecimento, a qual possui suas bases na ontologia reflexiva, na psicologia jungiana dos símbolos e arquétipos etc cuja finalidade é o encontro do indivíduo consigo mesmo, com seus valores, medos, bloqueios, visões de mundo etc, para a partir desse estágio ele, como um ser ativo, implementar ações necessárias para a sua transformação e evolução. É a taromancia-terapêutica centrada no indivíduo e em seu poder de autotransformação.

Cada tarólogo pode seguir uma dessas linhas em sua práxis, ou as duas dependendo do interesse do consulente.

Nesse tópico, buscarei abordar e elucidar as questões dos leitores, aqui, do Clube do Tarô sobre a taromancia em sua forma ampla, ou seja, nessas duas vertentes ou linhas de aplicação do Tarô e aos aspectos ou assuntos relacionados.



A Torre e A Morte e o término definitivo


Questão de Dinéia da Silva Pereira - em 23/9/2009 14:59:25

"Estou iniciando minha caminhada no aprendizado do Tarô. Gostaria de saber se entre "A Torre" e "A Morte",qual das duas significa um término definitivo num relacionamento afetivo? E em qual das duas significa que esse relacionamento apesar de sofrer um corte, ainda pode ser reconstruído? Grata". Dinéia.

Esses dois arcanos maiores indicam estados de transformação. O "A Morte" é o senhor absoluto de sua vontade, ou seja, a transformação ou mudança é sempre efetivada pelo consulente, quando sob a sua égide. O "A Torre" submete-se à transformação em consequência de fatores externos, sejam eles sociais ou espirituais, ou seja, o consulente fica a mercê dos fatos e dos envolvidos quando sob o auspício desse maior.

Em casos de ruptura de um relacionamento afetivo, a atuação desses arcanos, pode ser bem diferenciada. Por exemplo um casamento conflituoso e desgastado, o qual sofreu um corte ou ruptura,  sob a égide desse arcano "A Morte" é passível de transformação e, sobretudo, de uma nova chance. Mudando-se o paradigma, o casal entrando em reflexão e, posteriormente, em um acordo é possível uma reconciliação. Claro, a tiragem como um todo ou os demais arcanos nas casas darão os indicativos dessa possibilidade, ou não.

Nesse mesmo contexto, no caso do "A Torre" a coisa é bem mais complicada e o divórcio ou separação são definitivos, exatamente porque ninguém abre mão de seus paradigmas, pontos de vista e todos estão com as suas razões e motivos, que deles não querem abrir mão de jeito nenhum, fazendo ruir aquelas construções não edificadas sobre bases sólidas . Na análise com esse arcano, também é preciso se observar o todo, o conjunto e elos entre os arcanos, mas, mesmo assim, o término ou ruptura é definitivo, sem volta quado sob a égide desse arcano maior. Afirmo-lhe isso por experiência própria e pelas várias experiências de consulentes que já atendi  e que viveram um "A Torre" em seus relacionamentos afetivos.

Sobre o "A Torre" leia o meu artigo "Castelos de Areia e as Rupturas Necessárias" aqui:
http://substractumtarot.blogspot.com/2009/03/castelos-de-areia-e-as-rupturas.html

Apreciei demais a sua questão e espero tê-la elucidado, se não, terei o prazer em dirimi-la ou esclarecer outras que, porventura, possam surgir.

Ricardo



Tarô divinatório


Questão de Marcio Garrit - em 24/9/2009 14:28:02

"Prezados, Minha sugestão... Por um tarólogo só para abrir tópicos sobre o divinatório. Nossa, os temos são infinitos, ilimitados.Vai ajudar muita gente, inclusive tarólogos experientes. Grande abraço a todos." Marcio Garrit
 
Marcio, atendendo a sua sugestão, eis o tópico. Obrigado por sugerir e participar. Volte sempre com questões e sugestões pra gente, ok?

Ricardo



O ser e o estar e os arcanos


Arcanos de mesmo naipe em "contrariede" e em seu mesmo plano


Questão de Antonio - em 25/9/2009 20:02:03

"Oi Ricardo, Tudo bom? E o paradoxo entre arcanos numa combinação em plano onde predomina sua excelência, como por exemplo, no âmbito material: O Imperador + Rei de Ouros + 5 de Ouros. Um rei sem trono continua rei, ou, uma vez rei, sempre rei? A questão do Ser e o Estar ou o aspecto psicológico e a manifestação do cotidiano me deixam confuso quando arcanos do mesmo naipe "se contrariam" num plano que é sua tônica. Conto mais uma vez com sua colaboração. Abraço." Antônio.

Antonio, essas suas questões são bem elaboradas, interessantes e abrangentes. 

É bom destacar que em taromancia precisamos estar atentos há algumas variáveis:

1) a questão, aqual deve ser sempre objetiva, bem formulada e sem ambiguidades; e o contexto, o qual deve ser analisado com base  em seus principais elementos e os envolvidos;
2) o método a ser utilizado, o qual deve ser o mais adequado para responder a questão;
3) o plano da questão ou contexto, ou seja, se é de natureza material, mental, emocional ou espiritual;
4) a linha, adivinhatoria ou de autoconhecimento, que deverá ser aplicada de acordo com o interesse do consulente; e
5) alguma outra abordagem que possa ser útil no momento da consulta, incluindo-se, aqui, a aplicação de certos conceitos, técnicas etc.

A questão do "Ser" (arcanos maiores) e do "Estar" (arcanos menores) sempre está ancorada a questão do tempo presente: "É" (permanente e temporário)  e "Está" (temporário). Mas, por outro lado, se  a análise se refere ao passado, os verbos são necesariamente conjugados nesse tempo, ou seja, "era" (temporário) e "estava" (temporário). O atributo do arcano maior prevalece sobre o do menor.

Quanto aos arcanos surgirem em "contrariedade", tal fenômeno ocorre pelos seguintes motivos:

1) ao aparecerem invertidos. Aqui, a natureza bipolar dos arcanos deve ser considerada, pois podem destacar o seu lado "sombra" ou o seu lado  "luz", cada um com os seus atributos diferenciados;
2) ao surgirem em casas, de determinados métodos, que buscam analisar aspectos adversos ou negativos sobre a questão. No caso do Peladan, a Casa 2 cumpre essa finalidade;
3) ao surgirem numa mesma casa em dissonância ou em conflito, por exemplo: "A Torre" (não auspicioso/desarmonioso) + "10 de Copas" (auspicioso/harmonioso); e
4) ao surgirem em dissonância (invertido ou em casa de adversidade) com a natureza da pergunta (arcanos maiores) ou suas próprias naturezas (naipe/plano/arcanos menores) aonde: Paus/Espiritual Espadas/Mental; Copas/Emocional; Ouros/Material).

Levando tais regras para a taromancia, valendo-me dos arcanos que me trouxe como exemplo: "O Imperador + Rei de Ouros + 5 de Ouros". 

Digamos que eles surgiram na Casa 1 do Peladan da seguinte forma: O Imperador (invertido) + Rei de Ouros (posição normal) +  5 de Ouros (invertido) para responder a seguinte questão:

"Antonio vai, em setembro de 2009, assumir a função de gerente que tanto almeja?"

Observe, na análise taromântica dessa casa 1, do Peladan, os aspectos seguintes:

1) a questão é de natureza material;
2) O arcano maior (questão do "Ser") atua fortemente nesse plano material, só que se encontra invertido e adverso a esse seu plano;
3) O arcano menor da corte, do naipe de Ouros, emerge consonante (em posição normal) ao seu campo ou plano de ação (material);
4) O arcano menor, do naipe de Ouros, emerge invertido e adverso ao seu campo ou plano de ação (material); e
5) A Casa 1 (favorável" ou positiva") desse método se refere ao tempo atual (presente)


Observados esses aspectos, vamos a uma possível interpretação desses arcanos na casa 1 ("favorável" ou "positiva") de acordo com a pergunta:

Um homem é impedido de atingir um objetivo (O Imperador - Invertido), de ascensão, status, poderes profissional e material, continuando na posição funcional em que se encontra (Rei de Ouros - em posição normal), mas, tal obstáculo não lhe traz nenhum prejuízo ou sentimento de insatisfação, perda ou derrota (5 de Ouros - Invertido)...

Nesse caso, o Tarô afirma que ele não assume a função, mas, que isso lhe será um tanto indiferente ou não lhe trará impactos negativos no plano material.

Observe, agora a análise taromântica dessa questão pela Casa 2, na qual foram levados em conta os aspectos anteriores e o fato que essa Casa 2 ("desfavorável" ou "negativa"), desse método, se refere ao tempo atual (presente):

Um homem atinge um objetivo (O Imperador - Invertido e negado), o qual não lhe  traz o poder ou a influência profissional que tanto almeja, devido a possíveis impedimentos ou obstáculos (Rei de Ouros em posição normal e negado), e isso lhe traz um sentimento de insatisfação, perda e derrota (5 de Ouros - Invertido e negado)...

Nesse caso, diferentemente da primeira análise,  o Tarô afirma que ele não assume a função, e que isso lhe trará impactos negativos no plano material e, levando-se em consideração que o ser humano é holístico, tal resultado poderá impactar, inclusive, em seus planos mental e emocional.

Seguindo-se essas regrinhas básicas, dificilmente o tarólogo se confunde ou se equivoca em suas análises e orientações ao consulente.

Gostei demais de sua questão e espero tê-la elucidado, se não, terei o prazer em dirimi-la ou esclarecer outras que, porventura, possam surgir.

Grato por sua participação.

Ricardo


 
27/09/2009 15:11:36

Comentários

maria de lurdes da silva pereira ramos - 04/11/2009 11:04:05
nao sei por as cartas., mas tenho algumas duvidas que gostava de expor .. têm a ver com o minha relaçao com o homem que amo... chjama-se joao sengo.... obrigados...

Ricardo Pereira - 12/11/2009 13:16:29
Oi Maria de Lurdes,

Se bem entendi, a senhora gostaria de uma consulta de Tarô? É isso? Se for, sugiro que busque um bom tarólogo em sua região, que deverá orientá-la, por meio dos arcanos, como proceder naquilo que anseia com o Sr. João Sengo, ok?

Abraço e obrigado pela participação,

Ricardo

luciana fraga - 13/11/2009 01:06:31
tirei a carta a morte quando estava mentalizando eu e o meu marido,fiquei muito assustada pois eu o amo e sei q ele tambem sera que corremos o risco d nos separar?

Ricardo Pereira - 16/11/2009 21:42:19
Oi Luciana,

Apenas por esse maior não arrisco uma resposta nesse sentido.

Infiro, portanto, que poderão passar por mudanças...

Boa sorte!

Ricardo

Flávio Siqueira - 03/12/2010 15:49:53
OLá Ricardo.

Estava estudando esses dias a Jornado do Louco..muito interessante ver
como os arcanos maiores se interligam tão perfeitamente. Bom, mas ai surgiu uma dúvida: Os arcanos A Roda da Fortuna, A Torre e A Morte se reportam a mudanças, não é isso? Mas há uma diferença sutíl entre elas, pelo menos ao meu ver. A que tipo de mudanças cada uma se refere?
Grato.

Ricardo Pereira - 05/12/2010 00:52:33
Oi Flávio,

criei um novo Fórum intitulado de "Processos de Mudanças" para responder essa sua pertinente pergunta.

Um abraço e grato por me inspirar,

Ricardo

Flávio Siqueira - 24/01/2011 13:22:29
Olá Ricardo. Bom início de nao pra você!

Percebo que no estudo do tarô, muitas coisas ficam a cargo de quem o estuda. Exemplo, é agente quem decide se vamos considerar os arcanos invertidos. Bom, nessa linha de pensamento, queria saber se as figuras da corte são consideradas situações ou pessoas? Isso fica tb. a critério do tarólogo? Como definimos isso?

Grato mais uma vez. Grande abraço.

Ricardo Pereira - 25/01/2011 13:09:19
Olá Flávio,

Empiricamente muitas abordagens do uso do Tarô são efetivadas a partir de decisões e convenções do tarólogo.

Consta na História do Tarô que quem utilizou/inventou a técnica dos arcanos invertidos foi Etteila. Alguns tarólogos pensam que essa forma de analisar os arcanos é dispensável, eu, por outro lado, pratico e gosto muito dessa técnica.

Quanto as Figuras da Corte, há elementos na taromancia que delineam muito bem as fronteiras desses arcanos na tiragem, por exemplo:

1) O contexto - dependendo da questão eles podem surgir como pessoas, temperamentos, personalidades e até mesmo situações. A dificuldade aqui é determinar com assertividade o que a figura ou figuras estão representando. Aqui a intuição reina, pois é muito complexo e difícil ser objetivo e certeiro nessa identificação;

2)Uso da figura da corte como uma "chave" de "representação do consulente" (Rei de Ouros, por exemplo: o consulente é branco, loiro, tem em média idade a partir de mais ou menos 45 anos etc, ou de "alguém que se está analisando a pedido do consulente" e que possui essas características do Rei de Ouros, por exemplo;

3) No tarô-terapêutico ou em consultas sobre autoconhecimento, geralmente eles representam aspectos da essência humana ou do "eu interior" das pessoas, ou seja, algo meio "psicologizante" envolvendo trabalhos com personalidade, temperamentos, comportamentos etc.

Agora, uma coisa é certa, tudo parte de convenções e essas necessitam ser precisamente bem estabelecidas e, também de regras constituídas nos métodos de tiragens que, também, precisam ser respeitadas.

Grato por sua contribuição e qualquer dúvida, acione-me.

Abraços,

Ricardo

Flávio - 19/12/2011 13:00:30
Oi. Ricardo.

Tenho uma dúvida. Qual seria um método de leitura adequado para anelisarmos uma questão na qual o consulente tenha dúvida de qual situação ou opção é a melhor? Por exemplo: o consulente está em dúvida em comprar coisa A ou coisa B. Qual o método que poderia esclarecer os prós e contras de cada um ao final dar um conselho? Existe alguma técnica desse tipo?

Grato.

Ricardo Pereira - 23/12/2011 23:19:00
Oi José Flávio,

Existe o "Jogo da Decisão" sugerido por Hajo Banzhaf. Há um e-book na net do livro de Banzhaf, "O Tarô de Crowley". Nele tem esse método!

Existe também um outro método "Jogo da Decisão, proposto por Rachel Pollack, em seu livro "Illustred Guide to The Tarot". É um método para auxílio em tomadas de decisão.

Um abraço e Feliz Natal e um 2012 repleto de bênçãos, sucessos e alegrias!

Ricardo

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