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  | Plurilinguagem tarológica: bem-vindo ao caos  simbólico! | 
 
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    | Muitos estudantes que enveredam de início nos estudos do tarô, encontram de imediato dificuldades  para identificar o ponto de partida para suas pesquisas. De certo, devido à  entrada do tarô no Brasil pela via ocultista, ficou de certa forma  estigmatizada a idéia de que era necessário enveredar em uma  parafernália cultural-esotérica como meio para a “formação do tarólogo”.  Algumas obras editadas nos anos 80 mais confundiam do que elucidavam e  acabavam por truncar a linguagem do tarólogo com seus consulentes. E pior:  muito daquilo que era lido não era compreendido devidamente, sendo mais útil àqueles  que já haviam ingressado em alguma ordem esotérica ou escola iniciática.  O hermetismo é bonito e profundo, mas não é prático quando se trata de uma  análise objetiva taromântica. | 
   
  
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    | Alguns estudantes procurando  desesperadamente entender alguns textos ou trechos de livros fazem verdadeiras  “ginásticas mentais” para buscar o entendimento ou compreensão da intenção dos  autores. Daí surgem os “achismos” oriundos de uma incerteza da interpretação,  levando o pesquisador a estabelecer critérios puramente pessoais. Não existe  outra forma, mas a maneira mais consistente por aprender o tarô é a prática. Os  cursos informarão e darão, dentro dos limites cabíveis, o “caminho das pedras”. | 
   
  
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                | "Les Marottes" - Os bastões dos bobos (ou loucos) | 
               
              
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                |  Pintura de Claude Verlinde | 
               
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    | A afobação e ansiedade em querer  aprender o tarô são inimigos do conhecimento coerente. A tentativa de “beber de  várias fontes” ao mesmo tempo, sem qualquer tipo de filtro, pode resultar em  combinações esdrúxulas, análises incongruentes e erros de interpretação. O tarô  funciona muito bem quando nos pautamos por uma linha de estudos: se o estudante  optar entender o tarô pela via cabalística, então deve envolver-se com a Cabala  e entender profundamente o assunto (lembrando que existem correntes diversas);  se optar pela Mitologia, então deve estudar os mitos relacionados; se optar  pelo hermetismo, melhor ingressar numa ordem para entender a intenção  simbólica. Tentar “pincelar” os vários conhecimentos existentes, de maneira  superficial, procurando atá-los integralmente, poderá resultar naquilo que  chamo de “caos simbólico”. Em outras palavras, é a confusão criada a partir da  tentativa de se combinar idéias ou conceitos de várias fontes, resultando num  antagonismo lingüístico. Devemos entender que os símbolos possuem várias  manifestações, talhadas segundo os valores culturais que os revestem. Para  ilustrar de forma superficial, podemos citar o cão como melhor amigo do homem aqui  no Ocidente, enquanto no Oriente, ele assume uma personificação demoníaca,  visto como manifestação do mal. Para sabermos qual a intenção do símbolo dentro  de um contexto, precisamos perceber como a imagem está expressa: o cão parece  amigo ou ameaçador? | 
   
  
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    | Chamo a atenção sobre a tentativa  de se igualar todos os sistemas de linguagem para explicar os arcanos. O  estudante deve se familiarizar com uma corrente e passar a se pautar por ela,  pois, do contrário, estará sempre “à deriva” nas análises, sem a certeza que a  informação que detém produzirá o resultado esperado. Diante da metáfora que  “jaqueiras produzem jacas, mangueiras produzem mangas”, é impossível  condicionar nossa linguagem aos vários segmentos que certamente enriqueceram o  universo do tarô. Sempre devemos ter em mente que os símbolos produzirão um  efeito especial sobre nós, pelo qual desenvolveremos nosso sistema de  decodificação. Esse sistema ou forma de interpretar os códigos simbólicos  poderá estar ou não de acordo com as dezenas de linhas já existentes.  | 
   
  
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    | Há  estudantes que simplesmente se verão deslumbrados ao descobrir que os  mecanismos que se valem para leitura dos símbolos, estão de acordo, por  exemplo, com as abordagens de algum pesquisador antigo. O problema é  acreditarem que o sistema em questão é único e absoluto, dando a impressão que  quaisquer outros meios de se chegar às informações que o tarô proporciona,  estão errados ou equivocados. Então, nascem as famosas discussões, onde se  debate “o sexo dos anjos”, quando em se tratando de linguagem simbólica,  existem tantos meios possíveis para se alcançar os significados, que isso cria  um nó na cabeça da maioria dos tarólogos. Então, alguns tentam fazer o caminho  inverso, rejeitando quaisquer linhas de conhecimento e impondo-se como  exclusivamente intuitivos na captação das mensagens. Não vejo mal nas pessoas  que tiram o tarô baseando-se em sua intuição, o desafio será explicar como  chegou à determinada conclusão, já que foi a intuição seu único veículo de  comunicação. Nesse ponto, ressalto que a tarologia (estudo da estrutura  simbólica e histórica do tarô) deve seguir paralela à taromancia (prática da  tiragem), pois uma completa a outra. | 
   
  
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    | Alguns tarólogos se aborrecem  quando digo que a Cabala, Astrologia, Numerologia, Mitologia, Alquimia e outros  mecanismos simbólicos não explicam o tarô. Devo salientar que os símbolos já se  auto explicam, quaisquer outros meios para se entender os arcanos, são  paralelos que em alguns casos podem ampliar interpretações, mas, por  experiência própria, percebo que na maioria das vezes complica muito mais. Não  estou criticando quem deseja entender o tarô por uma das vias citadas, mas se  escolher tal opção, que o faça mergulhando a fundo na área relativa, pois os  livros nunca poderão oferecer todo conhecimento palpável ou absoluto, apenas  fragmentos das idéias do(s) autor(es). | 
   
  
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    | Concluo essa análise, levando o  leitor a ponderar: não somos dotados de plenos poderes quanto à linguagem do  tarô. Jamais obteremos todo saber e o dominaremos conforme queiramos. Por mais  que encontremos sentido nas análises dos diversos autores, a experiência com o  baralho acaba sendo muito pessoal. Isso não significa que vamos falar o que  vier à cabeça, de qualquer forma ou modo. Existe uma linearidade na leitura, e  os símbolos expressas significados e resultam em intenções, através dos quais  chegaremos próximos da realidade que os revestem. Muita prepotência acreditarmos  que lendo todos os livros existentes no mercado, que estaremos aptos a dominar  absolutamente a arte. Tarô é antes de tudo vivencial, aprendemos muito mais com  a prática do que apenas as leituras. Observando o comportamento dos arcanos  numa tiragem, conseguiremos nos aproximar de sua essência. Não podemos e nem  deveremos nos “engessar” nos conceitos de outrem, apenas tê-los como referência  nos estudos, engrandecendo-nos no somatório das pesquisas, leituras e trocas de  informações. Somos muito pequenos diante da imensidão da psique, e nunca  aprenderemos o suficiente, mesmo estudando uma vida toda.  | 
   
  
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    | O Caos Simbólico é produto de nossas incertezas e da  tentativa de tornar o tarô uma cartilha de significados. A cada dia os arcanos  estarão nos trazendo novas visões e significados, cabíveis à sua essência. Nada  é estático, tudo se encontra em constante movimento. E o movimento leva a novas  descobertas!!! | 
   
  
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         fevereiro.11      | 
   
  
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