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25 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


O "Manual do Proprietário" do Tarô
Constantino K. Riemma
 
O que hoje denominamos "tarô" é na origem um simples jogo de cartas... Um jogo que pela complexidade e elaboração é comparável ao xadrez. O baralho, no entanto, tem um atributo incomparável: está entre os mais compactos e fáceis de transportar. É compreensível, portanto, que fosse o preferido dos guerreiros mamelucos que, muito provavelmente, foram os introdutores dos "naibes" ou cartas sarracenas na Europa do século 14.
A história
A origem do Tarô é incerta. As mais antigas referências sobre um certo "jogo de cartas" ou "naibes" (termo árabe) datam da segunda metade do século XIV, em registros encontrados na Europa, em especial na Itália, França e Alemanha. No séc. XV, uma grande variedade de baralhos apareceu na Itália, idênticos ao jogo das 78 cartas que hoje conhecemos.
Quatro de Espadas no Tarot Visconti Sforza     Cinco de Espadas no Tarot Sola Busca     Seis de Espadas no Mamluk Tarot     O Valete de Espadas no Tarô Charles VI
Exemplos do naipe de Espadas nos baralhos mais antigos que restaram até hoje:
Quatro no Visconti Sforza, Cinco no Sola Busca, Seis no Mamluk e Valete no Charles VI
Cartas pintadas em meados dos anos 1400 (século XV)
As mais diversas e desencontradas hipóteses sobre a origem do Tarô foram levantadas nos últimos dois séculos. Alguns imaginaram que fosse oriundo do antigo Egito. Nada similar, contudo, foi encontrado até hoje nos sítios arqueológicos em solo egípcio. Não podemos esquecer que os chamados “tarôs egípcios” só começaram a ser desenhados e impressos no início do século 20.
Igualmente não existem tarôs que possam ser originalmente reconhecidos como “ciganos”, “celtas”, “wiccas”, “xamânicos”, “afros”, etc. Tratam-se, na verdade, reinvenções, mais ou menos coerentes, do Tarô clássico europeu. Centenas deles foram recriados nos dois últimos séculos, tanto por estudiosos sérios, como por “ocultistas” inconseqüentes, movidos por interesses meramente comerciais.
Cada estudante deve sentir-se inteiramente livre e à vontade para escolher, dentre as inúmeras alternativas encontradas nas livrarias, os desenhos que mais lhe agradem. Contudo, recomendamos àqueles que desejam desenvolver um estudo consistente, que iniciem pelo Tarô Clássico – seja o de Jean Noblet ou o de Marselha – que parecem estar mais próximos da fonte, pois já circulavam pela Europa desde o final do ciclo XV
Quanto mais estudamos o Tarô, melhor se revela seu fundamento simbólico, que pode ser aplicado em múltiplas direções. Trata-se de um jogo que incorporou indicações da antiga sabedoria que traduz as leis universais por imagens e símbolos gráficos.
O conjunto do baralho
O Tarô pode ser descrito como um conjunto simbólico, constituído de 78 lâminas, que costumam atualmente ser divididas em 3 grupos:
a. 22 Arcanos Maiores, com imagens variadas, que no Tarô de Marselha aparecem numerados de 1 a 21, sendo que um deles, o Louco, não tem número. Essa figura sem número pode ser vista como o personagem que caminha pelas 21 etapas representadas pelos demais Arcanos Maiores.
Os 22 arcanos maiores do Tarô de Marselha-Camoin
Os 22 arcanos maiores do Tarô de Marselha restaurado por Camoin e Jodorowsky.
No passado essas cartas eram denominadas trunfos.
Estas 21 cartas numeradas são livremente agrupáveis em pares, tríades, oitavas e outras... Na ilustração acima podemos considerar que o Louco percorrerá três oitavas (as três linhas) ou sete tríades (as sete colunas). Outros arranjos foram propostos e podem ser linkados no tópico Estudos clássicos do conjunto
b. 40 cartas numeradas de 1 a 10, em quatro séries ou naipes. Essas quatro sequências podem ser colocadas em paralelo aos quatro elementos da astrologia e de outras linguagens simbólicas.
Ás de Paus no Tarô Lombardo     Ás de Ouros no Tarô Lombardo    Ás de Espadas no Tarô Lombardo    Ás de Copas no Tarô Lombardo
Os ases de cada naipe no baralho clássico Lombardo de Carlo Dellarocca  (1810):
Paus (Fogo), Ouros ou Moedas (Terra), Espadas (Ar) e Copas (Água).
Imagens obtidas no site alemão www.albideuter.com
c. 16 figuras – o Rei, a Rainha, o Cavaleiro e o Valete – conhecidas também por "Figuras da Corte" e que, tal como acontece com as cartas numeradas, são repetidas em quatro séries ou naipes.
Rei de Paus no tarô de Marselha Camoin-Jodorowsky   Rainha de Copas no tarô de Marselha Camoin-Jodorowsky   Cavaleiro de Espadas no tarô de Marselha Camoin-Jodorowsky   Valete de Ouros no tarô de Marselha Camoin-Jodorowsky
O quatro personagens são claramente definidos nos tarôs antigos, como nos exemplos acima:
Rei de Paus, Rainha de Copas, Cavaleiro de Espadas e Valete de Ouros.
Imagens do Tarô de Marselha restaurado por Camoin-Jodorowsky
O conjunto das lâminas numeradas e das figuras, reproduzidas em quatro naipes, no total de 56 cartas, denomina-se atualmente Arcanos Menores e constituem, na verdade, o baralho comum utilizado nos jogos recreativos e nos jogos de apostas em dinheiro.
As instruções para o uso
Livros sobre o tarô, ao que se sabe, apenas começaram a ser escritos a partir do final do século XVIII, ou seja, já decorridos mais de 400 anos em que seguramente o baralho já circulava pela Europa. Isso quer dizer que durante pelo menos quatro séculos o Tarô foi utilizado sem “Manual de Instrução”.
Nenhuma escola iniciática parece ter assumido a autoria dessa magnífica construção simbólica, que até hoje permanece anônima. Isso pode indicar, segundo alguns estudiosos, que o Tarô foi difundido intencionalmente sem regras ou diretrizes para ser acolhido como um desafio criativo. Mas também podemos considerar que o usual nos jogos tradicionais, como o xadrez e os jogo de dados, por exemplo, constituem expressões do saber vigente na época de sua criação. Essa condição nem sempre é muito fácil de ser admitida no mundo contemporâneo, em que a profusão comercial de jogos para adultos e crianças não correspondem a quaisquer inspirações simbólicas.
Diante desse quadro em que não cabem afirmações taxativas, algumas sugestões poderão ser fundamentais para evitar distorções no estudo das cartas.
Sugestão nº 1: aproxime-se do Tarô sem conceitos predefinidos e sem se deixar aprisionar pelas superstições ou imposições ritualísticas de muitos autores. A primeira razão para isso é que o baralho não surgiu como aparato mágico ou religioso, mas sim como um jogo recreativo. Outra razão para nos afastarmos dos dogmas tarológicos é que nenhum instrutor contemporâneo pode se arvorar em autoridade absoluta sobre o sentido e aplicação dos símbolos das cartas.
Muitos estudantes acabam por complicar seus estudos querendo saber qual é a forma “certa” de utilizar as cartas, quais são os ritos de embaralhar, de cortar, etc. Por analogia, contudo, é possível afirmar que não existem normas absolutas e que, tal como no baralho comum, tudo depende das regras do jogo acertadas entre os participantes. É assim que jogamos de modos diferentes a canastra, o buraco, o pif-paf, o bridge, o truco, paciências... De fato, devemos aprender a definir nossas próprias regras de utilização das lâminas, em função do que estamos procurando compreender ou praticar.
Sugestão nº 2: tome o Tarô como ferramenta simbólica com múltiplas e criativas utilidades: diagnósticos, prognósticos, aconselhamento, fonte de inspiração e de reflexão.
Uma incompreensão freqüente resulta de experiências que muitas pessoas tiveram com alguns cartomantes, adivinhos ou paranormais em que predominava o clima sombrio e as previsões fatídicas. As cartas vão muito além dos vaticínios da cartomancia e das tentativas de adivinhação factual.
Sugestão nº 3: se você tem estima pelos ritos ou orações prévias antes de uma sessão de estudo, recorra apenas ao que faz parte da sua familiaridade, da sua tradição religiosa. Não tem o menor sentido o praticante se converter a uma religião diferente, nem se submeter a gestos estranhos para utilizar as lâminas. O “Sábio Senhor do Tarô” tem se mostrado aberto e acolhedor dos gestos espontâneos e genuínos, dispensando os formalismos.
Sugestão nº 4: Evite seguir cegamente as receitas prontas indicadas nos sumários e "bulas" que acompanham a maior parte dos jogos. É importante consultar diferentes fontes. Procure aprender com quem tem experiência e trate de cultivar a sua capacidade inata de estabelecer analogias, de pensar de modo simbólico e de alcançar as fontes interiores de inspiração. Confie na experiência, nos estudos práticos que depuram o conhecimento e que separam o imaginário do verdadeiro.
Simbolika
 
O Tarô, tal como acontece até hoje com os homens, nasceu “nu”, para ser conhecido diretamente, sem roupagens exóticas, sem “manual de instrução” rígido.
Recursos no site
Para estudar as cartas está disponível no site Clube do Tarô um grande acervo de estudos e artigos originais sobre as cartas, bem como uma apreciável quantidade de traduções de textos sobre os sentidos simbólicos e esotéricos do tarô.
O conteúdo do site é acessado pelo Menu (barra superior) em sete seções específicas:
| O Tarô | Baralhos & Galerias | Arcanos Maiores | Arcanos Menores | Aplicações-Tiragens... Ao clicar sobre esses títulos aparece o índice de tópicos que facilitam a busca dos assuntos.
O site Clube do Tarô pode ser visto como uma escola virtual, que oferece conteúdos com diferentes níveis de abordagem, que parte dos textos básicos e dos quais podem ser linkados estudos de aprofundamento. Muitas questões práticas também são esclarecidas nos Fóruns
Seja por esse caminho ou estudando manuais, daremos conta apenas das informações e significados. Já para a prática e para desenvolver o pensamento simbólico será sempre muito importante o contato direto com quem tem experiência. Ou seja, estude tudo o que puder em livros ou no site e, quando tiver oportunidade, procure tarólogos com prática para dar o segundo passo.
 
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Contato com o autor e responsável pelo site:
Constantino K. Riemma - contato-ct@clubedotaro.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
nov.12/ago.18
 
  Baralho Cigano
  Tarô Egípcio
  Quatro pilares
  Orientação
  O Momento
  I Ching
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