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26 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Músicas em ressonância com as cartas do Tarô
Vera vilanova
 
Espaço aberto às colaborações e indicações de
interações artísticas entre músicas e as cartas do tarô
 
Cria e o Seis de Copas
Vera vilanova
Na carta do Seis de Copas do Tarot, fazemos um passeio pelo passado, recordando belas lembranças felizes. Lembramos da proteção e a segurança dada e/ou recebida, do amor infantil e dos sentimentos benfazejos. Não se trata de um apego simplesmente nostálgico mas de uma experiência enriquecedora.
A música Cria e o Seis de Copas
O Seis de Copas no Witches Tarot de Ellen Duncan & Mark
e no Tarot of The New Vision de Gianluca Cestaro & Pietro Alligo
Quanto à música Cria, de Sergio Roberto Serafim e Júlio Machado, cantada por Maria Rita, leva uma mãe a recordar afetivamente a vida do filho, percorrendo as etapas que vão do nascimento aos primeiros passos e às primeiras palavras de sua "cria". Fala da segurança e proteção oferecida à criança pela mãe e da individuação da "criatura", que vai rapidamente ganhando independência em relação a mãe.
Letra da música Cria:
Mamãe, te amo!
(Mamãe, te amo!)
(Mamãe, te amo!)
(Mamãe, te amo!)
(Mamãe, te amo!)
Crescendo, foi ganhando espaço, pulou do meu braço
Nasceu outro dia, já quer ir pro chão
Já fala mãe, já fala pai, já não suja na cama
Não quer mais chupeta, já come feijão
E posso até ver os meus traços nos primeiros passos
Tropeça e seguro, e não deixo cair
Se cai, levanta, continua, a porta da rua fechada
Criança não deixo sair
Da linha, da linha
Reflexo no espelho, levo à emoção
A lágrima ameaça do olho cair
Semente fecundou
Já começa a existir
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
Pitoco foi ganhando espaço, pulou do meu braço
Nasceu outro dia e já quer ir pro chão
Já fala mãe, já fala pai, já não suja na cama
Não quer mais chupeta, já come feijão
E posso até ver os meus traços nos primeiros passos
Tropeça e seguro, e não deixo cair
Se cai, levanta, continua, a porta da rua fechada
Criança não deixo sair
Da linha, da linha
Reflexo no espelho, levo à emoção
A lágrima ameaça do olho cair
Semente fecundou
Já começa a existir
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
É cria, criatura e criador
Cuida de quem me cuidou
Pega na minha mão e guia
Me guia
Edit CKR - 20/10/2021
Meu Jardim e o Eremita
Vera vilanova
O Eremita simboliza uma atitude profunda, sábia e clara diante  da vida. Um tempo de revisão dos valores, de seriedade, recolhimento e concentração antes de começar novos projetos ou novo ciclo de vida. As vezes é um tempo de solidão eletiva, também. Ou seja, esse retraimento não significa amargura e/ou desemparo, e sim que o Eremita é fiel a si mesmo, sempre.
O Eremita e Meu Jardim
Eremita no Alchemical Tarot de Robert Place e no Sharman-Caselli Tarot
Quanto à música Meu Jardim, de Vander Lee, fala de uma pessoa que está relendo (revendo) a vida em seus vários aspectos (valores, amores, caminhos etc.) podando o que não serve mais para o seu momento, mitigando suas culpas  e sofrimentos, antes de seguir adiante na vida. É uma fase de solidão desejada onde o indivíduo está refazendo suas forças e crenças de uma forma madura e esforçada, como podemos ver, a seguir, na letra da música.
          Meu Jardim – Vander Lee
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha luta, minha vida, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim.
Edit CKR - 5/10/2021
A Sonata Escrita pelo Príncipe das Trevas
Vera Vilanova
No Tarot a fama da Carta do Diabo não é das melhores e nem das mais recomendáveis. Normalmente ela está associada a maldade, império dos sentidos, controle, paixões desmedidas, excessos, dependência, opressão, chantagem, abuso de poder, materialismo, tentações perigosas. Apenas em situações raríssimas ela é vista, num nível mais profundo, sugerindo lucidez (Lúcifer), pois representa a escuridão de onde nasce a luz – iluminando nosso lado sombrio, favorecendo o autoconhecimento.
"O violino é um instrumento musical, classificado como instrumento de cordas ou cordofone. Foi inventado por Gasparo de Salô, um italiano que viveu entre os anos 1540 e 1609. O termo "violino" foi introduzido na língua portuguesa no século XX. Até então, a designação do instrumento era rabeca, palavra que ainda se utiliza em muitos lugares". [Fonte: Wikipédia]
Paganini e seu violino
In www.pt.wikipedia.org/wiki/Niccoló_Paganini
"O violino, pelas suas origens populares, foi ganhando ao longo dos tempos anteriores à música contemporânea uma certa misticidade com alguma relação diabólica. Giuseppe Tartini ainda conseguiu aumentar mais essa fama e o violinista e compositor Niccolò Paganini quase fez crer as pessoas que tinha feito um pacto com o diabo devido à sua extrema virtuose que deixava plateias de boca aberta". [Fonte: Alberto Augusto, Cultura D´Oiro]
Giuseppe Tartini, um dos maiores compositores concertistas e teóricos musicais de todos os tempos apresentou ao mundo uma sonata que teria sido composta e executada pelo Príncipe das Trevas. Ela foi considerada uma música tão difícil de tocar ao violino, que muitos chegaram a cogitar que o Tartini tivesse seis dedos na mão esquerda.
Giuseppe Tartini nasceu em 1692, na cidade de Pirano (Caninde na península de Ístria, na República de Veneza. atual Eslovênia). Filho de Gianantonio – nativo de Florença – e de Caterina Zangrando, descendente de uma das famílias aristocráticas mais antigas da Piranese. Formou uma famosa escola de violino – a Escola das Nações – de onde saíram eminentes violinistas. Tartini, compositor italiano do barroco, aumentou as teorias supersticiosas quando contou uma história deveras interessante com as suas exatas palavras:
Sonata escrita pelo Príncipe das Trevas
O Sonho de Tartini, tela de Louis-Léopold Boilly (1824)
«Numa noite, no ano de 1713, sonhei que tinha feito um pacto com o diabo pela minha alma. Tudo aconteceu como eu tinha desejado: o meu novo servo antecipou todos os meus desejos. Entre outras coisas, eu dei-lhe o meu violino para ver se ele conseguia tocar. Como me espantei ao ouvir uma sonata tão maravilhosa e bonita, tocada com tanta arte e inteligência, como eu nunca tinha imaginado nas minhas mais ousadas navegações pela fantasia. Senti-me arrebatado, encantado, numa outra dimensão: até a minha respiração me faltou, e acordei. Peguei logo no violino para poder reter, em parte pelo menos, a impressão do meu sonho. Mas foi em vão… A música que eu tinha acabado de compor era sem dúvida a melhor que eu já tinha alguma vez escrito, e ainda a chamei de Trilo do Diabo, porém a diferença entre o que escrevi e o que me comoveu no sonho era tão grande que eu estive quase a ter coragem de destruir o meu instrumento e quase que desisti para sempre da música se fosse possível viver sem a alegria que isso me dá.» [Giuseppe Tartini, sobre Fascínios opus 4, Trilo do Diabo - Fonte: Wikipédia]
A Sonata O Trilo do Diabo é a composição mais conhecida do compositor Tartini, notável por suas passagens tecnicamente difíceis. Composta para violino solo e baixo contínuo, esta sonata em Sol maior, cujo título provém do notável encadeamento de trilos no terceiro movimento, apresenta-se em quatro andamentos.
Aqui temos acesso, pelo Youtube, à interpretação do terceiro movimento pelo violinista israelita Itzhak Perlman, que toca sempre sentado devido a uma doença que contraiu aos quatro anos.
Vale ressaltar que até hoje a obra permanece como "peça de resistência" no repertório dos virtuoses e que Diabo não é tão feio como se pinta.
Edit CKR - 24/08/2021
Casa no Campo e o 10 de Copas do Tarot
Vera vilanova
O Dez de Copas no Tarot fala de felicidade compartilhada. Paz entre o céu e a terra. Gratidão. Despreocupação. Família e felicidade no lar. Plenitude e abundância. Amigos e grupos sociais. Convivência alegre. A carta nos fala também que encontramos as pessoas certas e que os relacionamentos nos dão prazer.
Música Casa de Campo e a carta 10 de Copas
Casa de Campo e o Dez de Copas
Imagens no www.pinterest.com e o Dez de Copas do New Vision Tarot
Quanto à música Casa no Campo de Jose Rodrigues Trindade / Luis Otavio de Melo Carvalho, cantada por Elis Regina, fala de tudo isso e um pouco mais, mesmo que no mundo de hoje, cheio de desavenças e ódio, nos pareça irreal e utópico. Mas não custa acreditar e tentar...
 
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
E meu filho de cuca legal
Eu plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapê
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros e nada mais
Edit CKR - 02/08/2021
Garçom de Reginaldo Rossi e o Três de Espadas
Vera Vilanova
A carta do 3 de Espadas é considerada, em algumas linhas de cartomancia, como uma situação desagradável, representando uma desilusão, decepção, uma descoberta dolorosa, tristeza, desgosto, notícia amorosa ruim e palavras e/ou verdades que nos machucam. O 3 de Espadas nos traria uma decisão difícil de tomar ou de aceitar (quando tomada por outras pessoas), porque normalmente é contra nossa vontade e os nossos sentimentos.
 Garçom de Reginaldo Rossi e o 3 de Espadas
Três de Espadas no After Tarot de Pietro Alligo e o coração partido...
Por outro lado, aceitar a verdade, principalmente aquela que nos machuca, exige de nós muita maturidade e, principalmente, extrema humildade. Ter coragem de admitir quem somos realmente e o que fazemos quando não existe nada de louvável a respeito, não é só difícil, é quase sobre-humano: nos obriga a encarar e trabalhar o ego, e também enfrentar e aceitar nossa insignificância perante o universo.
Comparando a letra da música Garçom de Reginaldo Rossi com o significado da carta 3 de Espadas podemos observar uma ressonância musical perfeita quando o cantor revela o problema dele ao Garçom que está lhe atendendo:
"Saiba que o meu grande amor, hoje, vai se casar
Mandou uma carta para me avisar
Deixou em pedaços meu coração
E, pra matar a tristeza, só mesa de bar"(...)
Pois é, quem tem amor que o cultive! Em tempo de pandemia então, cultive com cuidado dobrado!
Edit CKR - 20/05/2021
O Dez de Espadas e Além do Cansaço
Vera Vilanova
O que têm em comum a carta 10 de Espadas do Tarot do Rider Waite, o poema Cansaço de André Caramuru Aubert e a música Além do Cansaço de Raimundo Fagner? Uma exaustão de viver, a desistência de continuar lutando, fim dos sonhos e esperanças, uma vontade de desistir de tudo: o estoque de resiliência chegou ao fim. Ou não?
O Dez de Espadas e a música Além do Cansaço
O 10 de Espadas, na versão do Waite, mostra uma perspectiva sombria, destrutiva, talvez até arbitrária e violenta, um fim intencional, mas que poderá trazer alívio e libertação. Geralmente essa carta indica um fracasso ou desastre repentino, um poder mais além de todo controle que nos golpeia, atormentando-nos sem dó e piedade, e sem aviso prévio. Ela pode anunciar também o abandono de ideias, de uma atividade e de convicções isoladas - ou a rejeição e/ou a necessidade  abandono da filosofia de vida anterior.
É o que retrata o poema Cansaço de André Caramuru Aubert:
 
às vezes me sinto tão cansado – com tamanha exaustão – que fico
com vontade de me deitar, no meio de uma praça,
no meio do dia. apenas me deitar. ignorando carros,
passarinhos e pessoas (possivelmente horrorizadas)
de cara feia. eu ficaria deitado, no meio de uma praça,
apenas ouvindo a grama crescer. e olhando, para alto,
para o céu.
dor passada não redime, a
dor presente não arrefece, a
dor futura ainda não é.
 
Confira este e outros poemas do autor em: www.mallarmargens.com/2016/07/3-poemas-ineditos-de-andre-caramuru.html
A música Além do Cansaço de Raimundo Fagner, tem tudo a ver:
 
Quando não houver mais música no ar
Nem houver sorriso em volta
Quando nada na tarde morta
Além do cansaço da vida falar
Quando o cigarro irritar a garganta
E a bebida os lábios queimar
E a presença de alguém que ainda canta
Não consiga no peito cantar
Quando a rua a casa e a porta
Não mais falem de ir ou chegar
Quando não mais houver poesia na triste
Canção da mesa de um bar
É preciso entender que perdida pela vida
Uma estrada caminha
E que uma cidade sozinha não comporta a procura da vida
É preciso sair pelo mundo
Procurando somente encontrar
É preciso alcançar a aurora
Que a noite teimou em fazer não chegar
É preciso entender que a vida quer um jeito de resistir
É preciso saber que agora
A aurora não pode esperar por vir
 
É preciso seguir em frente, temos que saber "Onde estivemos todo esse Tempo?
CKR - 06/04/2021
Cinco de Ouros e Partido Alto de Chico Buarque
Vera Vilanova
O Cinco de Ouros, no Rider-Waite Tarot, é uma carta que fala de pobreza, carência, deficiência, sacrifício, opressão, abandono, angústia, falta de esperança e miséria interior. Esta carta mostra as muitas fases do infortúnio material e espiritual: perda de fundos, pobreza em geral, enfermidade, desemprego, solidão e uma longa etapa de privações e provações, onde as pessoas, apesar do sofrimento, vão levando.
Apresenta uma cena de crise, em que não há dinheiro suficiente, às vezes até para se manter no dia a dia, uma situação muito precária e insegura. As pessoas ao seu redor também estão carentes. Indica que, além do impasse financeiro, pode estar atravessando uma séria crise existencial e/ou espiritual.
Psicologicamente, pode representar um período em que as forças externas – instituições sociais, família e amigos – não podem ajudar e se tem, portanto, que lutar contra os problemas e obstáculos sozinho. Em situações como essa, o Cinco de Ouros pode indicar uma humilhação e um grande golpe para a auto-estima.
O Cinco de Ouros no Rider-Waite Tarot e no Tarô Mitológico
O Cinco de Ouros no Rider-Waite Tarot e no Tarô Mitológico
Nos países com grande desigualdade social, a situação dos mendigos que aparecem na carta é resultado do estado permanente da classe social a que pertencem, onde eles nascem, crescem e morrem em estado de extrema pobreza.
Os mendigos já se conformaram a tal ponto com suas existências que nem sequer procuram uma oportunidade de mudança. Para eles, a vida se resume a buscar a sobrevivência diária, que muitas vezes consiste em começar o dia matando a fome com um gole de cachaça.
*   *   *
Como homenagem ao samba de raiz do Rio de Janeiro, Partido Alto foi composta por Chico Buarque em 1972, em plena ditadura. Cheia de ironias e indiretas a música sofreu censura e teve dois termos vetados, a palavra "titica" teve que ser substituída por "coisica", e "brasileiro" substituído por "batuqueiro", o que já expressa sua importância histórica e política. Sua letra é uma brincadeira com a capacidade do povo brasileiro rir de si mesmo, conseguir ainda ser alegre em suas adversidades.
Em 2021, 49 anos após o lançamento, sua letra continua sendo uma irônica realidade. Notem que o brasileiro da música é do Rio de Janeiro. Do Rio sofrido e desgovernado por milícias, quadrilhas e suspeitos guardiões. E o que é pior, depois de todo esse tempo, essa situação que antigamente era uma realidade basicamente do Estado do Rio, é hoje um "retrato em branco e preto" do Brasil por inteiro, aquele que não foi convidado para "a festa pobre" de Cazuza.
Postagem de Vera Vilanova   -   24/02/2021
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