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26 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  Curso Sarani: Arcanos maiores | Arcanos menores | A Cultura Dohm  
Os Arcanos Menores
Sarani Barrios
    Considero a leitura dos Arcanos Menores a parte mais complicada do aprendizado, não pela quantidade de arcanos, mas porque eles trazem significados opostos nas mesmas cartas. A leitura do significado vai depender, então, da companhia da carta. Nunca iremos fazer uma leitura isolada.
    Alguns tarólogos fazem leituras sem os arcanos menores por causa da dificuldade de interpretação. Mas se usarmos apenas os maiores perderemos os detalhes. Com os Arcanos Maiores tem-se o quadro geral, enquanto que o detalhamento é dado pelos Menores.
    O jogo com o baralho comum, de cinqüenta e duas cartas – que não tem o Cavaleiro – não é tipicamente cigano. Existem algumas linhagens de ciganos que utilizam apenas esse baralho comum, mas os cartomantes do povo Dohm lêem ou só com os arcanos maiores ou com estes e os menores em conjunto, mas nunca só os menores, em razão dessa complexidade das cartas numeradas.
Referências gerais
    Orientação e confirmação: A função principal dos arcanos menores é a de direcionar, complementar e confirmar os arcanos maiores. O arcano maior é a pessoa, e os arcanos menores situam, confirmam ou mudam a direção de um arcano maior, dependendo do conjunto e das combinações.

    Detalhamento: Os arcanos menores detalham, trazem sempre mais elementos para a leitura. Se a tiragem não está clara, eu começo a tirar mais cartas. Haverá um melhor detalhamento quando se tiver os arcanos menores em maior número. Isso vai enriquecendo a leitura.
    Fugacidade: Os arcanos menores são cartas que dão maior velocidade à leitura. Quando há uma quantidade maior de arcanos menores, entendemos como uma situação muito rápida e passível de mudança, enquanto que, aparecendo mais arcanos maiores, a situação deverá durar um pouco mais, indo geralmente além dos vinte e um dias. Aparecendo mais arcanos menores, lê-se uma profusão de acontecimentos que são muito mais momentâneos; eles servem para podermos regular e para responder às perguntas: “vai demorar?”, “isso passa depressa?”
    Leitura de base só com menores. Quando na tiragem das cartas saem apenas arcanos menores, indica que a pessoa em questão está tratando o problema de forma imatura. Às vezes o consulente faz uma pergunta, por exemplo, se seu trabalho vai dar certo. Se no jogo que eu tirar para uma questão desse tipo noventa por cento dos arcanos forem menores, interpreto que a pessoa ainda não absorveu completamente o problema, que ela não está preparada para a

 
A Cartomante, tela de FAbio Fabbi (1861-1946)
A cartomante
Tela de Fabio Fabbi (1861-1946)
 
situação. São possíveis duas leituras: ou a pessoa ainda não absorveu aquilo que é preciso para que ela tome uma decisão, ou o foco do que ela está perguntando é outra coisa, e pode-se ver isso quando os naipes não têm muita relação entre si. Isso acontece muito: a pessoa pergunta uma coisa, mas quer saber outra, o que se dá com freqüência em relação a perguntas referentes a amor; o consulente chega perguntando do trabalho e, no momento que tira a abertura, você questiona se é mesmo a respeito do trabalho que ele quer perguntar.

    Naipes contraditórios: Se estudarmos a natureza de cada naipe, poderemos saber se um consulente está mesmo querendo saber exatamente aquilo que está perguntando. Se a pessoa faz uma pergunta relacionada a uma determinada área e tem respostas com arcanos voltados a outra, não está perguntando o que realmente quer saber. Uma boa maneira de agir da cartomante seria dizer que saiu uma carta referente a “tal” assunto, e que isso, que veio de graça, vai ser abordado primeiro, e depois outra carta será tirada, para o primeiro assunto. Geralmente a pessoa, depois, nem quer as outras cartas, porque o que desejava saber já foi elucidado.
    As Figuras da corte: Com relação a elas há um grande mito. Pensa-se que um Rei é sempre um homem, a rainha é uma mulher loira, etc., mas a gente não lê assim, de modo algum. Não colocamos nas figuras de dama, rei e cavaleiro a representação de pessoas. O único com essa função específica é o mensageiro (Valete) que não representa a pessoa em si e sim notícias relacionadas a uma nova presença. As outras vão estar relacionadas com o tipo da notícia, da novidade.

Os naipes
    Na tradição cigana os naipes têm ascendência uns em relação a outros.
    O primeiro é Copas, que traz tudo que é relacionado à emoção; não necessariamente relacionado a problemas ou questões amorosas, mas tudo o que se passa no coração.
    O segundo é Paus, que vem para falar de trabalho, saúde, formação de personalidade, batalhas físicas. E aí as percepções podem ser muito variáveis. Com relação aos critérios de beleza, por exemplo, os ciganos não pensam em cirurgia plástica: a correção da face não existe na cultura Dohm, a não ser que seja para correção de um problema de saúde. Nós admiramos o rosto que vai ficando semelhante à superfície do tronco de uma árvore. A árvore, para nós, é o símbolo da sabedoria máxima. As árvores velhas têm “rugas”. E o naipe de Paus tem a ver com a formação da personalidade no sentido desse envelhecimento, do mesmo modo que as árvores. E as batalhas físicas também marcam o corpo.
    O terceiro é Espadas, que representa as batalhas emocionais, as batalhas de culpa, de agressão, de palavras. O símbolo do naipe é um coração invertido, com uma empunhadura – é quando se usa o coração para machucar, para ferir, é a batalha emocional. Espadas: batalhas e conquistas ligadas à emoção e barreiras psicológicas, tudo aquilo que a gente se impõe para ficar preso – sendo a prisão, aqui, emocional.
    O quarto é Ouros e está ligado às conclusões e ao cumprimento de alguma coisa. Ouros fala do que foi feito de certo ou errado, e quanto foi recebido por isso. Se meu trabalho não foi bom, eu recebo pouco; se meu trabalho foi bom, eu recebo muito – essa é a função do dinheiro, e daí é que vem a idéia de riqueza. Há uma ligação com escolhas. E tem relação com finanças porque, logicamente, é daquilo que a gente faz que vem nossa sobrevivência. Mas o significado do naipe de ouros está muito ligado ao que se fez de certo ou errado.
    Esta é, em resumo, a estrutura dos naipes: começamos com assuntos do coração, vamos para o trabalho, passamos pelas batalhas internas e daí ganhamos o prêmio, tenhamos aprendido ou não. Se não aprendemos, voltamos para o coração.
Signficados das cartas
    Vejamos agora o significado das cartas, de 1 (Ás) a 14 (Cavaleiro). Iniciamos pela chave, pelo conceito básico, e depois apresentamos o significado específico de cada número conforme o naipe.
Ás: Conclusão, realização máxima do desejo questionado.
 
Ás de Paus no Tarot Visconti-Saforza
 
Ás de Paus  no Tarot Visconti-Saforza
 
Ás de Espadas no Tarot Visconti-Saforza
 
Ás de Ouros no Tarot Visconti-Saforza
Áses (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    Ás de Copas – A conclusão é a realização daquilo que está em seu coração, e que o deixa profundamente feliz. São coisas que você sonhou e até coisas que não imaginava, mas foi agraciado com elas.
    Ás de Paus – A conclusão está no fato de você ter realizado um trabalho e esperar tirar frutos, para sua sobrevivência. É fazer dar certo. É ter uma idéia de um negócio e querer saber se aquilo vai dar certo. Ou, no caso de um problema de saúde, querer saber se vai superar. Essa é a conclusão: o ás de Paus diz que tudo dá certo.
    Ás de Espadas – Fala da conclusão de um problema que você tem há muito tempo, que incomoda, não deixa dormir, ou de uma batalha em que você precisa vencer a si mesmo. Pode referir-se a uma dieta muito rigorosa ou à tentativa de largar o cigarro ou de terminar um relacionamento destrutivo de longa data – coisas que criamos para nós mesmos, uma limitação difícil de transpor. Os outros naipes trazem coisas que dependem mais de terceiros, mas o de Espadas fala de você consigo mesmo, de transpor os próprios limites, e isso às vezes dói.
    Ás de Ouros – O ás de Ouros está relacionado à solução de um problema econômico. Ás vezes você tem uma dívida e quer saber se vai poder saldar, ou está apostando todas as fichas num negócio novo e envolveu todo o seu dinheiro, e tem a conclusão.
Ouros está muito mais ligado ao dinheiro do que à idéia, enquanto em Paus a questão está muito mais relacionada à idéia: você pode não investir nem um único tostão e realizar um projeto muito bem sucedido.
Dois: Parceria, coisas funcionando aos pares.
 
Dois de Copas no baralho comum
 
Dois de Paus no baralho comum
 
Dois de Espadas no baralho comum
 
Dois de Ouros no baralho comum
2 (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    2 de Copas – Casais acertando o passo, pode ser o indício de um novo relacionamento ou o término, dependendo das cartas conjuntas. O Dois sempre traz situações que envolvem duas pessoas, que podem se reunir. Quando se tira o Dois de Copas, e as pessoas estão juntas, dependendo do que vem, pode ser para uma separação; mas se eu tiramos um Dois de Copas e um ás de Copas, trata-se de um relacionamento que vai perdurar.
    2 de Paus – Início da recuperação de um problema de saúde, indicação de boa parceria para negócios, trabalhos que obterão ajuda alheia. São idéias que começam a se juntar, ou indica seu corpo encontrando a sua alma, a alma sadia. No trabalho promete o encontro de bons parceiros. Sempre uma coisa se juntando a outra.
    2 de Espadas – Pessoas entram com recursos que não temos, para nos ajudar a superar obstáculos. Não se trata de recursos financeiros, mas contatos, influências, etc.
    2 de Ouros – Empréstimos de pessoas que nos querem bem, indicação de sociedades frutíferas, parceiros confiáveis financeiramente. Algumas vezes o dinheiro vem, mas não é bem intencionado, ou seja, a pessoa te dá esperando algo em troca, que você nem sempre consegue retribuir. Mas aqui, no Dois de Ouros, a pessoa está sempre torcendo por você; é uma carta boa de se ver quando a pessoa está procurando um sócio. Tirou o Dois De Ouros pode confiar.
Três: Estabilização
     O Três é o número da estabilização em todas as culturas. É a estrutura estável para tudo. Na cultura cigana, as mesas e os bancos têm três pés.
 
O Três de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Três de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Três de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Três de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Três (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    3 de Copas – Calmaria depois de crise amorosa, coração tranquilo, mesmo em momentos de solidão. Quer dizer que a pessoa estabilizou, não necessariamente como um casal, mas há uma tranqüilidade que vem de dentro.
    3 de Paus – Problema de saúde sem risco de vida, trabalho  seguro mas sem grandes emoções. Pessoa reconhecendo limites e tomando decisões de forma mais equilibrada. Ás vezes a pessoa passa por um turbilhão e aí vem o Três de Paus, que diz que agora as coisas vão começar a se acalmar. Aí ela começa a pensar do jeito apropriado, de uma forma racional, equilibrada... Tudo isso é o Três de Paus.
    3 de Espadas – Vencer uma batalha contra si mesmo. Superação de medos, ultrapassar barreias invisíveis. Porque quando não sentimos a necessidade de transpor os problemas, tudo é conflito; mas quando dispomos de intenção para transpor, seguimos tranqüilos, porque conseguimos vencer o medo.
    3 de Ouros – O dinheiro suprindo uma necessidade sem gerar dívidas, o negócio aberto se estabilizando no mercado, rendimentos garantidos para pessoas que trabalham de forma autônoma. Aqui o dinheiro surge sem preocupação, sem precisar ficar fazendo conta. É o dinheiro que dá a segurança de poder sonhar.
Quatro: Interferência de outras pessoas
    O Quatro indica a interferência de outras pessoas. A visão que temos do Quatro é a de dois casais no mesmo espaço, o que vai gerar conflito, porque sempre tem o lado forte e o lado fraco.
 
O Quatro de Copas no baralho comum
 
O Quatro de Paus no baralho comum
  O Quatro de Espadas no baralho comum  
O Quatro de Ouros no baralho comum
Quatro (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    4 de Copas – Possibilidade de uma terceira pessoa interferindo na vida de um casal: outro par ou familiar. A interferência pode ser positiva ou negativa. Às vezes é positiva: existe sogra boa, que dá uma força para o casal permanecer; existe aquele amigo que diz para pensar bem etc. Mas também pode ser negativa. Todo casal tem um amigo, ou parente, que ajuda, mas quando entra um quarto, é muito difícil vibrar em sintonia.
    4 de Paus – Necessidade de troca de tratamento de saúde, ou confusão de diagnóstico; atenção com colegas de trabalho; deixar-se influenciar por opiniões alheias que não correspondem aos próprios desejos. É necessário tomar cuidado com o que você fala na empresa ou em casa. Você não está bem, precisa de ajuda, e ainda encontra alguém que começa a atrapalhar. O Quatro de Paus indica muita confusão mental.
    4 de Espadas – Alguém jogando contra, falsas amizades, inimigos ocultos. Esse Quatro de Espadas é muito perigoso. Geralmente trata-se de uma pessoa muito próxima; o inimigo está junto e não se tem nem idéia. Se o consulente citou o nome de alguém que considera de confiança, geralmente é esta a pessoa.
    4 de Ouros – Receber ajuda de estranhos ou ser acometido por surpresas que colocam em risco o dinheiro. Uma coisa é alguém nos ajudar de forma indireta, e aí vai depender da companhia desta carta, e outra coisa é uma surpresa, uma despesa inesperada, por exemplo, que perturba o ritmo.
Cinco: Mudança de planos
    O cinco significa dispersão em relação à meta traçada de início. É sair do centro; algo que desorienta a pessoa e a faz ir para um lugar que não estava prevendo. É diferente da força do Quatro, que tira você do eixo e pode levar a fazer um novo caminho, mas que não é durável; o Cinco fala de uma mudança que perdura.
 
 
O Cinco de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Cinco de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Cinco (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    5 de Copas – Conhecer alguém de forma inusitada. Decidir unir-se ou separar-se – pode ser uma união amorosa ou uma sociedade. Conhecer alguém em um lugar nunca imaginado. O inesperado.
    5 de Paus – Mudança de trabalho, de área, de hábitos, com reflexos de longo prazo. No caso do trabalho, mudança física, de um local para outro, ou mudança de área, radical. No caso de mudança de hábitos com reflexos de longo prazo, um exemplo seria alguém sem hábito de exercitar-se que começa uma rotina e vira maratonista.
    5 de Espadas – Reversão de uma situação incômoda, caminhos que começam a se abrir. Uma coisa super positiva, uma luz no fim do túnel, e durável.
    5 de Ouros – Ter que usar o dinheiro reservado para um fim em outra coisa ou uma decisão espontânea de investir em algo diferente. Pode ser por necessidade ou por decisão própria. Mudança mesmo.
Seis: Instabilidade
 
O Seis de Copas no baralho comum
 
O Seis de Paus no baralho comum
 
O Seis de Espadas no baralho comum
 
O Seis de Ouros no baralho comum
Seis (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    6 de Copas – Relacionamentos instáveis, passando por momento turbulento. Podem ser relacionamentos entre irmãos, às vezes pais e filhos... Tudo fica meio nebuloso, mas não é uma coisa duradoura. É um momento de falha de comunicação, que traz instabilidade. Riscos de não ser entendido, não se fazer entender.
    6 de Paus – Saúde e trabalho oferecendo riscos importantes. Pessoas com tendência à depressão sucumbindo aos sintomas. É todo um desequilíbrio, o organismo entrando em choque, um tratamento que não está sendo efetivo, um remédio que não faz bem. É essa a instabilidade.
    6 de Espadas – Perda de controle da situação, surpresas negativas, falta de certezas para levar ao caminho da vitória. Tudo é nebuloso. Situação de não saber: você só sabe que não sabe.
    6 de Ouros – Indica que  é melhor não investir em nada novo, economizar, inteirar-se das contas. O conselho seria: deixe passar o período nebuloso, para depois fazer alguma coisa. Não faça nada agora, não é o momento.
Sete: Mudanças que interferem em diversas áreas
    O Sete é o numero mais mágico: tudo o que muda no naipe interfere em todas as outras áreas da sua vida. Ou dá tudo certo, ou dá tudo errado -- mas geralmente o Sete tem uma vibração muito positiva, é muito celebrado. É sempre uma força benéfica. Quando está faltando tudo, o Sete é a primeira carta que some do baralho. E dificilmente uma mudança que influencia tudo é efêmera; trata-se de algo que vai durar, pelo menos uns seis meses.
 
O Sete de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Sete de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Sete de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Sete de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Sete (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    7 de Copas – Relacionamento surgindo por intermédio de outras ocorrências na vida (trabalho, saúde, etc). Por exemplo, você vai procurar trabalho e a pessoa que lhe entrevista é o grande amor da sua vida, e então você vai arrumar um grande trabalho e melhorar financeiramente. Uma coisa ligada às outras.
    7 de Paus – Trabalho que exige aprender coisas novas, mudança geográfica, mudança de cargo com salário influenciando nos planos futuros. Você tem de mudar tudo. Não arrumou só um trabalho, arrumou lugar novo, casa nova. É sempre uma indicação positiva, uma mudança para melhor.
    7 de Espadas – Ganhar uma batalha que abre caminhos e favorece a realização em outras áreas. Reconhecimento de terceiros.
    7 de Ouros – Alguém usando o dinheiro de forma positiva para influenciar a vida das pessoas. Você ganha mais e consegue ajudar a mãe e o irmão, além de estar bem para você, por exemplo.
Oito: A pessoa influenciando outras
    O Quatro é “pessoas a mais”, e o Oito é duas vezes o Quatro. Trata-se, então, de influenciarmos os outros; passamos a ser o sujeito da influência.
 
O Oito de Copas no baralho comum
 
O Oito de Paus no baralho comum
 
O Oito de Espadas no baralho comum
 
O Oito de Ouros no baralho comum
Oito (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    8 de Copas – Conquista de alguém distante e difícil, agir como cupido. A sua força de conquista é dobrada.
    8 de Paus – Ter a opinião fundamental para o sucesso de um projeto, abrir um negócio que influencia a vida de outros muito positivamente. É quando a sua opinião faz a diferença.
    8 de Espadas – Influência de bastidores, ardilosa.
    8 de Ouros – Interferir junto a alguém que tem mais dinheiro, direcionando o valor para uma causa ou pessoa. Aqui, você não precisa ter o dinheiro, mas consegue convencer alguém que tem a fazer o que você pretende.
Nove: Testes para nos certificarmos do caminho
    Lembremos que o Nove é o três vezes três. Quem aguenta três vezes o tranco e fica estável, é porque realmente está no caminho certo. Ás vezes a pessoa cisma em fazer o difícil, vai e cai, vai e cai, e precisa que alguém diga: não é isso que você tem de fazer: o Nove vem para isso. Ou então a pessoa tem certeza e sofre revezes para testar de fato. O Nove vem para testar a sua força. Ele normalmente não é uma batalha sofrida, é algo que vai fazer questionar se aquilo que você está fazendo é o certo.
 
 
O Nove de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Nove de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Nove de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Nove (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    9 de Copas – O par agindo de forma inesperada, mostrando que é diferente do que imaginávamos. Ás vezes você tem surpresas, por exemplo, alguma coisa que o namorado faz leva a perguntar: “Será que é essa a pessoa que eu quero?”.
    9 de Paus – Problema de saúde forçando novos comportamentos, trabalho colocando a pessoa temporariamente em uma posição indesejada. Algo que a pessoa esperava não aconteceu, mas, se esperar, pode ser que chegue sua hora. Não é confortável, mas vai testar o quanto você quer de fato alguma coisa.
    9 de Espadas – Baque, decepção, planos não concluídos. Entretanto, mostra quase sempre uma situação temporária. Machuca, mas não mata.
    9 de Ouros – Abrir um negócio que não vai para frente, fazer planos que não se concluem ou não trazem o resultado financeiro esperado. Suponhamos o caso de uma pessoa que abriu uma loja e fica seis meses rezando para alguém entrar; no sétimo mês ela questiona se deve continuar. Quando sai esta carta, eu digo: persista. Se fosse uma carta de estabilidade, não, mas aqui ela está testando sua persistência.
Dez: Marasmo, falta de empenho, preguiça
 
O Dez de Copas no baralho comum
 
O Dez de Paus no baralho comum
 
O Dez de Espadas no baralho comum
 
O Dez de Ouros no baralho comum
Dez (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    10 de Copas – Insatisfação gerada pela rotina. Pensamentos buscando novos desafios. Geralmente, quando acontece traição, ela começa aqui. É uma situação quando se esperava mais, ou do parceiro, ou de amizades, ou na empresa.
    10 de Paus – Pessoa acomodada no trabalho, na obesidade, nos vícios que influenciam a saúde. Essa pessoa que não quer mover uma palha.
    10 de Espadas – A pessoa tem desejos, mas não possui a vontade de colocá-los em prática. Situação do eterno sonhador.
    10 de Ouros – Não ver possibilidade de melhora, se conformar com o que tem, não querer sonhar mais alto.
11. Valete, “J”: Mensagens importantes, pessoas
    O Valete é sempre uma carta muito boa, muito leve, e que sempre dá um novo sopro de vida. Ele tira da rotina. Para nós, o valete é uma criança, um mensageiro que traz boa notícia.
 
O Valete de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Valete de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Valete de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Valete de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Os Valetes (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
        No baralho comum, chamamos a carta de valor 11 de Valete ou Pajem; mas, iconograficamente e por estar junto a Rei e Rainha, ele corresponde na verdade ao Cavaleiro dos arcanos menores, o Jovem.
 
O Valete de Copas no baralho comum
 
O Valete de Paus no baralho comum
 
O Valete de Espada no baralho comum
 
O Valete de Ouros no baralho comum
J - Os Valetes (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no baralho comum
COPAG, Brasil, 1960.
 
    Valete de Copas – Boas noticias: novo par, conclusão de relacionamentos, novo ímpeto a um relacionamento já iniciado. É o oposto do Dez. Mesmo que a pessoa já seja casada, por exemplo, ela aprende a ver aquilo de outro jeito, a respeitar o companheiro de outro modo, descobre um lado que não conhecia.
    Valete de Paus – Novo trabalho, nova pessoa influenciando o surgimento de uma nova vaga ou alterando nossos hábitos. Um novo amigo que o convida para correr, coisa que você nunca havia pensado em fazer – é um mensageiro que vai levá-lo a ter um hábito bom.
    Valete de Espadas – Batalhas vencidas, limites estabelecidos, respeito. Quando sai o Valete de Espadas é uma batalha vencida mesmo, é você novo, num momento de renovação. Uma boa notícia para você.
    Valete de Ouros – Dinheiro vindo de forma inesperada, promoção.
12. Dama ou Rainha: Valores da infância, questionamentos
    Traz à tona valores da infância e questionamentos quanto à personalidade. Representa a idéia da mãe, dos primeiros anos de que falam os arcanos maiores, das coisas que estão marcando nossa personalidade. Ás vezes a pessoa começa a questionar as influências, ou tem comportamentos infantis que já havia superado. Tem relação com a dinâmica dos anos de formação, ou diz que não estamos conseguindo nos livrar de coisas lá de trás.
 
A Rainha de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
A Rainha de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
A Rainha de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
A Rainha de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
As Rainhas (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    Rainha de Copas – Repetir padrões maternos de comportamento, questionar se estamos no caminho certo. É uma insegurança quase infantil.
    Rainha de Paus – Redescobrir talentos da infância, quase que um renascimento. Necessidade de sentir acolhimento, mas não necessariamente no sentido emocional. Pode ser que numa empresa você tenha desagradado uma pessoa perigosa por seu grau de influência, e precisa do colo do patrão, que ele lhe diga que você está no caminho certo. Necessidade de uma pessoa que reconheça seu trabalho.
    Rainha de Espadas – Agir de forma mimada, querendo impor os desejos a qualquer custo. Essa é a carta mais infantil de todas, é quando você usa seu coração invertido para alfinetar, fazer manha.
    Rainha de Ouros – Lidar com o dinheiro de forma descontrolada, sem a maturidade necessária.
13. Rei: Força masculina, imposição.
    O Rei fala de tudo que é colocado goela abaixo.
 
O Rei de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Rei de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Rei de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Rei de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Os Reis (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    Rei de Copas – Querer estar ao lado de alguém que não é adequado. Não há jogo que mude, quando sai essa carta.
    Rei de Paus – Colocar a saúde ou o trabalho em risco por teimosia.
    Rei de Espadas – Tirania. O Rei de Espadas é um tirano, a pior carta do baralho. Aquele que passa por cima de tudo e de todos, não quer saber o que está acontecendo. Quando esse tirano aqui sai para uma mulher, aí ninguém segura, porque juntou o lado masculino e o lado feminino. É a bruxa, mesmo, no sentido negativo da palavra. Uma pessoa muito negativa, muito egoísta, que quer fazer valer sua vontade a qualquer custo.
    Rei de Ouros – Usar o dinheiro para fins diferentes do combinado. Falta de vergonha na cara. Pessoas que se envolvem em fraudes.
14. Cavaleiro: Impulsividade excessiva, imaturidade
    Esta é a carta que não existe no baralho comum. É o jovem, aquele que acredita que vai ganhar o mundo. Ele é muito impulsivo e toma atitudes desmedidas. A gente o vê como um homem de dezessete anos.
 
O Cavaleiro de Copas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Cavaleiro de Paus no Tarot Visconti-Sforza
 
O Cavaleiro de Espadas no Tarot Visconti-Sforza
 
O Cavaleiro de Ouros no Tarot Visconti-Sforza
Os Cavaleiros (Copas, Paus, Espadas e Ouros) no Tarot Visconti
Lo Scarabeo, Torino, Itália
 
    Cavaleiro de Copas – Não querer compromissos, tendência para parceiros múltiplos, querer o mundo.
    Cavaleiro de Paus – Trocar muito de trabalho, não se fixar em lugar algum, ser leviano em relação à própria saúde.
    Cavaleiro de Espadas – Fazer uso de contatos de forma negativa, expor pessoas de confiança a situações complicadas – por não pensar nas consequências.
    Cavaleiro de Ouros – Gastar mais do que deveria, ter pouca responsabilidade no trato com o dinheiro e dívidas. Trata-se de alguém que não pensa no amanhã, “pega o cavalo e sai”.
Conclusão
    Na verdade, os significados são bem mais complexos do que o resumo que fizemos. O importante, porém, é partir dessas referências básicas e desenvolver os questionamentos na prática. A vibração de cada carta está aí. O que podemos agora fazer a partir dessas indicações  é cruzar a vibração da carta com a vibração do naipe e ir construindo a própria leitura. É por essa razão que consideramos muito importante a jogar para ai mesmo. Quando estamos aprendendo, começamos com os maiores e, depois, quando começamos com os menores, é bom deixar os arcanos maiores e os menores em dois grupos separados. Tiramos um arcano maior e depois um menor, para confirmação. É uma forma de praticar e de jogar.
    A melhor maneira de aprender é tirar cartas todo dia, para si mesmo ou alguém que lhe pede, e tirar sempre 3 cartas: passado, presente e futuro. Tirar uma carta para representar o passado dá um toque de confiança, pois ela vai confirmar a sitsuação. Se você não se vir naquele passado – e eu reafirmo: a carta não erra, a gente é que erra a interpretação dela – se não bateu com o que percebemos da situação, vá procurar o sentido. Procure em livros, vá buscando, o que vale não é uma verdade absoluta, mas o sentido que vale para você. Cada um de nós cria seu próprio oráculo.
Escolha do baralho
    É importante, na escolha de um baralho bom, uma clara diferença entre os naipes (principalmente paus e espadas) e a facilidade de identificação do número, para não ser necessário ficar contando os elementos.
     Uma coisa que funciona bem no inicio é ter um tarô de Marselha para os arcanos maiores e um baralho convencional, para os menores. Como o baralho convencional não tem o mensageiro, consideramos o Valete como Cavaleiro e, para o lugar do Mensageiro, pegamos o coringa de cada naipe. Há até alguns baralhos em que o coringa vem com uma corneta, como um arauto – porque é essa a função dele, na nossa leitura.
 
As reproduções de cartas utilizadas neste texto são do Tarot Visconti-Sforza (Milão, ca. 1450), restauradas por A. A. Atanassov e editadas por Lo Scarabeo (Turim, Itália, 2005);
e de um baralho COPAG (Companhia Paulista de Artes Gráficas), Brasil, ca. 1960
 
 
As transcrições das gravações das aulas dadas por Sarani Barrios,
no segundo semestre de 2008, foram editoradas por Bete Torii.
 
março.09
 
Para continuar nos textos de Sarani Barrios escolha os links:
  Curso Sarani: Arcanos maiores | Arcanos menores | A Cultura Dohm  
  Baralho Cigano
  Tarô Egípcio
  Quatro pilares
  Orientação
  O Momento
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