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    | 2017, o ano d'A Estrela |  
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    | “No tarô Egípcio essa carta se chama,  justamente, “A Esperança” e no Mitológico ela conta o mito de Pandora, cuja curiosidade  fez com que se espalhassem os males no  mundo, mas que, por outro lado, também nos deixou a  esperança. Quem mantém a esperança, na verdade tem fé em algo, crê absolutamente, conta com algo. Aquele que está na  expectativa  já vibra no aguardo do que deseja e creio que esse estado de espírito  é o que pode favorecer  a realização  do  que se espera.” |  
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    | “Através de Joseph Campbell ouvi  pela primeira vez a frase “Follow your bliss”, que pode ser traduzida por ‘Siga aquilo que te realiza, tua beatitude’. Esse pensador brilhante também disse que, quando o fazemos,  o caminho passa a fluir  naturalmente. Outros estudiosos  também afirmam que quando focamos coerentemente aquilo que desejamos, o Universo ‘conspira  a nosso favor’. A complexidade  está em realmente encontrarmos nosso bliss ou,  melhor dizendo, em reconhecermos qual é ele, genuinamente.  Tantas vontades confundem-se com vocações que invariavelmente nos queixamos do quanto o universo absolutamente não conspira a nosso favor, mesmo quando pensamos estar firmes na perseguição de nossos desejos." |  
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    | "Siga a sua alegria, e o mundo abrirá portas para você onde antes só havia paredes". |  
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    | Ilustração em www.urbanspiritual.org |  
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    | "Bem, creio que vontades e desejos muitas vezes podem ser apenas frivolidades ou teimosias e então não são, absolutamente, o mesmo que vocação ou  sentido  natural. Assim, não traduzem automaticamente  nosso bliss. Portanto, para  seguir nossa própria estrela penso ser fundamental, antes, que  saibamos  discernir, na bagunça mental  entre o que os outros dizem que devemos  querer e aquilo que pensamos desejar, o que é que verdadeiramente nos alimenta e engrandece, isto é:  o que nos beatifica.” |  
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    | Os excertos acima são do meu livro “Tarot Luminar – Refletindo Sob as Luzes dos  Arcanos Maiores” e usei-os para abrir esta reflexão porque contém o que acho essencial para entendermos a ferramenta que 2017 nos apresenta na busca de  auto integração: descobrir nossa posição em relação à conexão espiritual. Para  saber de que forma entendo e calculo a questão do arcano do ano e afins, veja textos meus de anos anteriores, por exemplo: Minha não previsão para 2015. |  
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    | A Estrela é discreta e, muitas vezes,  subestimada, especialmente porque ela não indica que a vida vai ser uma farra.  Mas, na verdade, ela contém uma das reflexões mais essenciais da vida. Penso  que em 2017 ela vai colocar à prova nosso entendimento espiritual ou filosófico  sobre o viver. Outro dia comentei, num on line que dei sobre Tarô e felicidade,  que Jung imaginou certos fatores geradores de felicidade e, dentre eles, estava  a necessidade de termos uma linha filosófica ou religiosa que nos auxilie a  lidar com as dificuldades da vida. Ainda que em seguida ele tenha percebido o  paradoxo inerente, pois mesmo tendo todos esses fatores satisfatórios não  haverá garantia de felicidade, a ideia permanece válida: quem tem convicções  filosóficas ou religiosas tem onde se segurar, quando a razão deixa de bastar.  Quem crê que tudo é um acaso ou, do outro lado, quem acredita que tudo será  resultado unicamente do exercício da própria vontade fica, em qualquer dos  casos, mais facilmente desencorajado, especialmente quando a vida não flui bem.  Esperança, portanto, é algo que revitaliza, renova o gás. |  
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    | A Estrela-Esperança nos tarôs Egipcio Kier (1966), Viconti Sforza (1450) e Marsella (1745) |  
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    | O detalhe capcioso estará em sabermos não apenas  em quê acreditamos, mas que motivações se escondem por trás disso. É momento de  começarmos a lidar mais profundamente com as razões que nos fazem crer ou, ao  contrário, descrer completamente. Há um fato: o mistério do existir. Por mais  que a ciência se esmere, nunca alcança saber realmente a troco de que toda esta  fantástica história acontece. Esse mistério faz parte de nós; sentimos  instintivamente essa questão. Ainda que seja possível passar a vida toda  completamente descrentes ou considerando o tema como algo irrelevante, o fato é  que na hora da morte, que interessantemente chamamos de “hora da verdade”, a  coisa fatalmente se apresenta. As investigações da Dra. Elizabeth Kübler-Ross  bem o demonstram, por exemplo. Particularmente, eu sempre acho que o descarte absoluto  dessa reflexão torna o ser mais árido e sua vida idem. Mas, evidente, cada um  saberá de si, ou melhor: será convocado a saber. O arcano XVII vai facilitar o  contato com o tema, sugerindo definir mais claramente quem é você diante desse  mistério. |  
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    | A Estrela caminha solitária e, portanto, a consciência  da inexorável solidão do ser vai reverberar mais intensamente. Os que já caíram  na real em 2016, acolherão a ideia com mais desenvoltura; os que insistiram em  lutar contra a maré neste ano de desconstruções tenderão à desistência ou ao  desalento. Assim, muitos entrarão em 2017 absolutamente desesperançados; uns  poucos entenderão que a reconstrução se faz, antes, individualmente e  trabalharão por isso. A Estrela espera que você descubra de que jeito se conecta  com a vida: pela confiança na boa estrela ou pela crença no des-astre, a ausência de astro? |  
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    | Pela cintilação da questão espiritual e da  possibilidade de proteção estelar, contraposta à sua sombra, que aponta o cinismo,  o ceticismo tacanho e o risco das ilusões, penso que 2017 pode recrudescer em  grupos com tônica religiosa, a maior parte deles totalmente destituídos de  intuito genuíno, mas que convencerão os que temem o contato com essa solidão  inerente ao ser. Quem morre de medo de entender e acatar essa condição cabal do  ser humano correrá para “andar de turminha”, usando como desculpa a  passionalidade de causas comuns. Mas perceba: tônica religiosa não implica  apenas em grupos religiosos ou místicos; era uma ilusão presente também na  formação de grupos políticos como os nazistas e fascistas na década de 30, bem  como nos grupos radicais de comunistas, feministas, racistas, antirracistas  etc. Radicalização, busca de Judas a malhar e fanatismo fazem parte da sombra  estelar. Fique atento para não entrar nessa vibração nociva. |  
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    | A Estrela precederá o ano da Lua e esse, já intuo,  não será bolinho, para dizer o mínimo. Mas acredito firmemente que o que  fizermos de nós em 2017 vai definir muito da proteção que teremos em 2018. Acredite:  há algo maior que sua vontade e que é um guia infinitamente superior, se você  permitir. Encontre isso. Não precisa ser um deus, não precisa ser uma entidade;  pode ser o que já se chamou de Eu Superior, pode ser a alma, pode ser simplesmente  a mente bem integrada. Uma coisa é certa: o melhor guia não é (nem será) um ego  absolutista, garanto. |  
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    | Encontre, dentro ou fora de você, o que há para  além do seu eterno “eu quero” e que te relembra que há muito mais coisas entre  o Céu e a Terra do que apenas parcelar o iPhone. Acreditar absolutamente na boa estrela a estabelece pela prática. Isso  não significa nunca sofrer; significa ter estímulo, amparo e orientação, nos  bons e nos maus momentos. Há quem ache brega acreditar em algo espiritual.  Desculpe, mas, sabe, descrer não blinda você de sofrer. Ser alguém que se  considera intelectualmente superior a esses assuntos tampouco te impede de  viver a dor, nem te deixa a salvo do medo ou da solidão. |  
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    | Ano que vem, aprenda a frear sugestões do seu  lado mais sombrio, o lado que teme, inveja, busca culpas alheias, alimenta  ressentimentos antigos, quer que todo mundo se estrepe junto com você e que, no  fundo, se alimenta de dor. Volte a falar com a Vida, com deus, com deuses, com  seja lá o que for que você acredita que te conecta com o mistério (seu  psicanalista, inclusive) e largue o osso do apego a erros e sofrimentos  passados, porque isso é só autoflagelo; não absolve, não redime, não resgata. Libere,  como Pandora, seus males de dentro de você e converse com a esperança que fica;  ela te recolocará no caminho. |  
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    | Procure entender, mas entender realmente, que o macro é feito dos micros. Sinta seu  verdadeiro bliss e siga-o. Em vez de  tentar convencer os outros aos seus parâmetros, apenas brilhe naquilo que é seu real talento, seu dom – e deixe que o mistério faça o resto. E saia de perto de  quem confunde maliciosamente, envenena ou distrai, porque equilibrar joelho no  chão e olhos no céu demanda silêncio interno. |  
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    | Finalmente, reaprenda a confiar, mesmo quando lá fora  tudo parece acabado ou parado. E compreenda que a interação entre você e esse deus que é o mistério da vida projeta muito do que você vive no dia a  dia. É difícil, diferente do que nos ensinam e trabalhoso, eu sei. Mas não é  mágica; é equação. |  
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    | Ivana Mihanovich é escritora, taróloga, publicitária. Publicou um livro sobre o tarô e mantem o blog de conteúdo: www.tarotluminar.blogspot.com.br
 Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
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