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23 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Força ou Fortaleza: o ano da resistência
  Giancarlo Kind Schmid  
 
    O arcano de número 11 (escola francesa, clássica) ou 8 (escola inglesa, linha Waite) apresenta normalmente uma mulher dominando um leão, montada sobre a fera, mantendo sua boca entreaberta (salvo alguns baralhos como o Suíço 1JJ ou o Mitológico onde aparece um homem controlando o felino, uma menção ao herói greco-romano Hércules).
    Ao contrário da opinião de alguns, a imagem não se refere à energia física empregada e sim, ao domínio e autocontrole. O leão como animal régio sugere uma manifestação do ego e dos instintos primitivos humanos; assim, ele é controlado pela inteligência e estratégia, pela habilidade e doçura, sem qualquer imposição rigorosa. Na gravura a própria fera parece se submeter à persuasão feminina.
    A idéia original é sugerir a virtude Fortaleza (que faz conjunto às Virtudes Cardeais: Prudência, Justiça e Temperança). No baralho de Charles IV (Gringonneur) é reproduzida a iconografia tradicional nesse arcano: uma mulher que rompe uma coluna. Dentre os vários significados está o de “resistência”. Dentre os diversos conceitos cristãos, o ato de resistir evoca a idéia de superação de si mesmo, dos vícios e de todas agruras da vida.
    No ano de 2009 viveremos esse arcano que marcou sua última passagem em 1910, momento
 
A mulher dominando o leão - representação clássica do arcano A Força.
Detalhe de "La Fuerza" de Tomi Müller
http://eldesmitificadorargentino.blogspot.com
 
em que iniciavam os conflitos que motivaram a Primeira Guerra Mundial, a mobilização dos russos que deflagraria 7 anos depois a Revolução Russa, a instauração de República em Portugal e o crescimento das cidades (quando então o automóvel passou a dominar o cenário urbano).
    Como estamos vindo de um período turbulento assinalado pelo arcano 10 (Roda da Fortuna), esse ano poderá ser marcado por tensões unilaterais, que hoje já se avizinham devido à desconfiança política e econômica de alguns países. Penso que a humanidade não consegue usar com maestria a indicação simbólica dos arcanos, caindo invariavelmente na “sombra” dos mesmos. Isto é preocupante porque os arcanos ditos “fluentes”, quando em sua oposição de significados, são capazes de propagar problemas graves da coletividade; neste caso, o arcano “A Força” traz uma inversão de papéis onde a besta é quem domina (e não a mulher).
 
A Força - no Tarot 'Dal Negro', reimpressão do original 'I Tarocchini' (1665) de Bentivoglio
É rara no Tarô clássico a representação da Força
por um homem.
www.trionfi.com
      No bloco europeu, as manifestações da Inglaterra (cujo símbolo é o leão) se farão mais presentes. É provável que, com a desintegração econômica americana, a intervenção política inglesa seja mais acirrada. O país poderá bancar o regulador europeu, opinando e cobrando com mais severidade. Isso pode gerar certo incômodo e mal estar entre os integrantes do chamado G8 (os mais ricos países - Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, Itália e Rússia): o mundo não desejará uma nova política econômica unilateral, pois esse modelo já está caindo em desuso.
    Sabemos que a moeda mais forte ainda é a libra esterlina e qualquer ação econômica prejudicial à Inglaterra poderá irritar profundamente os governantes daquele país. O correto é dizer que economicamente a Europa sentirá ainda mais a pressão da crise mundial e isso poderá exaltar os ânimos, mesmo os dos mais fleumáticos.
    Preocupo-me com o choque de individualidades que se faz presente  neste  arcano,  pois se nos basearmos na numeração clássica, o 11 é o encontro de dois egos. Ou ambos trabalham em parceria, ou disputas podem acontecer. O fato é que podem surgir duas tensões importantes e distintas: uma no Ocidente, outra no Oriente. Isso mostra mais uma vez que o ser humano não está preparado para embainhar sua espada e resgatar a tão sonhada paz entre povos.
    Analisando o bloco oriental, a China cujo símbolo é o dragão,
mesmo diante da crise, ganhará mais força. Diversos pacotes e planos econômicos serão lançados, e estrategicamente a grande nação conseguirá emergir e se destacar ainda mais.
    Podem surgir bons indícios de entendimento entre os chineses e os tibetanos não configurando uma resolução final, mas somente uma reabertura de diálogo. Mas, isso caminhará muito lentamente e pode estar fadado ao fracasso devido às manifestações que poderão surgir. Lembremos que a China é orgulhosa e dificilmente “dá o braço a torcer”.
    O Brasil poderá crescer, embora que modestamente. Cortes dos juros poderão facilitar nossas vidas. A tensão econômica poderá ocorrer depois do aumento dos salários (em maio) e se estenderá até setembro. Como o imposto de renda é representado pelo leão, este dará bastante dor de cabeça aos pequenos investidores, particularmente devido às novas regras instituídas economicamente. Será um ano positivo para se revisar determinadas posturas e articulações políticas, e controlar as paixões e os rompantes egóicos. Isso significa que o presidente Lula deverá evitar “cantar de galo” para não parecer pretensioso demais em suas análises ou observações. Chamo também a atenção quanto às cobranças e problemas com países vizinhos, a citar Equador, Paraguai, Bolívia e Venezuela. Fundamental será reencontrar o caminho diplomático entre o nosso país e os citados.
    O recém empossado presidente americano Barack Obama terá muito trabalho “para colocar a casa em ordem”. Para cada solução buscada, enfrentará diversos dilemas. Isso já sugere por si só que os  EUA  não  conseguirão  resolver o problema da crise econômica; a maior parte das decisões será mais um paliativo do que uma renovação das estruturas atuais. Além disso, vários outros problemas como o desemprego em massa, a falência de outras indústrias e bancos, e a desconfiança dos próprios americanos na sua economia, contribuirão para aumentar esses obstáculos. Muitos têm fé em Obama, mas isso não é suficiente. Um dos pontos positivos é a retirada das tropas do Iraque, que fortalecerá a confiança de todos em seu
 
A Força no Tarot Gringonneurde meados do séc. XV
Num dos mais antigos
baralhos, o Gringonneur
(meados do século 15),
não aparece o leão
no arcano da Força.
 
governante. Será um ano de difícil tarefa de reorganização econômico-político-social através do qual o novo presidente será exaustivamente testado. Tudo que não é preciso agora é arrumar outra guerra pelo meio do caminho. A Era Bush finalmente chega ao fim.
    O foco através do arcano 11 é também o tratamento a animais. Será um ano para se prestar mais atenção em segurança nos zoológicos, circos ou uso de animais em trações. Grupos de defesa dos animais poderão se pronunciar com mais freqüência. Ressalto que não será um período muito favorável às ações de proteção do meio ambiente; aliás, é um assunto que não deveria fugir da pauta, mas que infelizmente será deixado meio de lado.
     O ano, em si, cobra de todos nós mais empreendedorismo, autocontrole, firmeza de propósitos e muita determinação. Não é um ciclo voltado para o engrandecimento pessoal, mas sim, para crescimento interior. Fase útil para trabalharmos nossos caprichos, exigências pessoais e para sabermos nos colocar no devido lugar. O grande desafio “será a vitória sobre a fera que reside em todos nós”.
dezembro.08
Contato com o autor:
Giancarlo Kind Schmid - www.taroterapia.com.br e www.sobresites.com/taro
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