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25 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Veja:  6.1 - Os caminhos e as letras mães  |  6.2 - As letras duplas  |  6.3 - As letras simples  
Cabala, Caminhos da Árvore, Letras e Arcanos Maiores
As Letras Mães
 
Joaquim A. R. Barreira
 
 
O texto abaixo é a transcrição autorizada pelo Autor, Joaquim A. R. Barreira, do capítulo 6. Os Caminhos - Teoria Astrológica de "Teoria Astral. Os caminhos da Árvore da Vida. Tarot Cabalístico" - Papiro Editora - Porto, Portugal - 2ª ed., 2010. [Veja resenha]
 
Os caminhos são assim chamados porque interligam as dez Sphirot distribuindo as suas energias e emanações por toda a árvore em todas as direcções – ascendendo e descendendo, para a esquerda e para a direita.
No sentido descendente caminhamos do subtil para o denso, das causas para os efeitos, do abstracto para o concreto, do divino para o humano, do místico e religioso para a compreensão de toda a criação e do cosmos.
No sentido ascendente encontramos os métodos científicos e racionais ou seja, partimos dos efeitos para as causas e vamos progredindo sempre para conceitos mais abstractos até chegarmos às causas primeiras.
Colocar as 22 letras hebraicas, que correspondem a cada um dos arcanos maiores do Tarot, no caminho que lhe corresponde é tarefa complicada, exigindo muita reflexão e estudo. E isto porque existem vários sistemas que divergem de autor para autor.
Para começar este trabalho temos em primeiro lugar de optar entre dois esquemas de árvore da vida que embora concordando na disposição, ordem e nomes dos Sphirot, divergem na colocação de dois caminhos.
O sistema Luriano – Isac Luria séc. XVI
Existem dois caminhos na parte superior da Árvore que interligam a esfera 2 à 5 e a 3 à 4 que foram eliminados no sistema que nos nossos dias mais se usa, e elaborado por Athanasius Kircher séc. XVII.  Em  compensação  o  sistema  de  Kircher acrescenta à parte
Árvore da Vida
Sistema Luriano
www.wikimedia.org
 
inferior da árvore dois caminhos que interligam a esfera 10 com a 7 e a 8, sendo suprimidas as ligações entre as esferas 2 e 5 e entre a 3 e 4.
Dir-se-ia que Isac Luria se debruçou mais sobre aspectos mais transcendentais do que com aspectos mais densos e práticos da Cabala, ou seja seguiu mais o caminho do místico do que o do cientista.
Para podermos tomar a decisão mais lógica e racional sobre que esquema de árvore iremos adoptar, torna-se necessária a análise desses mesmos caminhos que foram eliminados da parte superior da árvore, bem como avaliar quais as vantagens da sua substituição na parte inferior na mesma árvore.
Ao pensarmos no caminho do relâmpago brilhante verificamos que no sistema Luriano não existe qualquer obstáculo uma vez que ele segue o seu caminho natural em descida, ou seja começando do centro para a direita (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10) com todos os canais abertos, o mesmo sucedendo no caminho de subida, começando do centro para a direita (10, 9, 7, 8, 6, 4, 5, 2, 3 e 1).
No sistema actual notamos que não existindo canais de ligação entre a esfera 3 e 4 na descida, e entre a esfera 5 e 2 em sentido ascendente, teremos que imaginar que esses caminhos existem para que o percurso do relâmpago brilhante possa ser possível.
Doutra forma, o seu trajecto teria de ser feito sem qualquer caminho, ou então através do caminho que liga a esfera 3 à 5 ou pelo que interliga a esfera 2 à 4 o que obrigaria quer num caso quer no outro a uma marcha-atrás do relâmpago o que se nos afigura muito pouco provável, lógico e inconsistente.
Existe no entanto uma explicação para que se tivessem eliminado esses dois caminhos que se liga à queda de “Daath” a 11ª esfera, de que falaremos mais para o fim do presente trabalho. Para já podemos dizer que a ligação entre estas esferas tão elevadas foge à compreensão de nossos mentes demasiadamente habituadas a trabalhar com emanações e energias muito mais densas.
Analisemos agora quanto à necessidade ou não da existência dos dois caminhos que ligam as esferas 10 à 8 e à 7, que conforme já referimos, o sistema Luriano ignora.
Sabemos que a esfera 10 representa a parte mais densa ou material da árvore, correspondendo no plano humano ao corpo do homem em que se inclui obviamente a sua parte cerebral. Por outro lado todos os autores concordam do que a esfera 8 é a esfera de Mercúrio, representando o mundo da razão, do raciocínio e da lógica, e que a esfera 7 simboliza Vénus que representa o plano emocional e sentimental.
Mais abaixo e equidistante destas esferas encontra-se Yesod a nº.9, donde se projectam como numa tela estas duas emanações, juntamente com a luz emanada do centro da árvore e do ser humano, Thiphared.
Uma pergunta se impõe tendo presentes as emanações das 4 esferas referidas, analisadas no sentido descendente:
Será que as energias oriundas das esferas de Mercúrio e Vénus do indivíduo, interferem directamente sobre o corpo humano sem que para isso seja necessário passarem pela tela interior de Yesod?
 
Caminho do relâmpago
Caminho do Relâmpago Brilhante
www.esotericscience.org
Para que tal seja possível teremos de admitir que existem emanações e energias oriundas dos campos racional e emocional do indivíduo, que se reflectem automaticamente em seu corpo sem que para isso haja necessidade de uma projecção em Yesod. Podemos englobar aqui as reacções a que chamamos instintivas e automáticas desempenhadas pelo organismo humano e que não passa por uma análise ou síntese feita em Yesod.
Admitir esta hipótese equivale a dizer que nestes casos o individuo usa a sua razão e inteligência, sem necessitar interiorizar, o que o levará a ser muito mais instintivo e ou intuitivo, e a reagir muito mais rapidamente em situações de emergência ou perigo.
Poderemos também dizer que os automatismos e reacções instintivas do corpo respondem sem necessidade de intervenção dessas esferas menos densas, uma vez que estão incorporadas no registo genético e no ADN do corpo humano. Então essas reacções instintivas fariam parte do próprio corpo, são inatas e não necessitam de intervenção de esferas superiores. Por outro lado as esferas 7 e 8 comunicam directamente com o centro do ser Tiphared, que por sua vez tem um caminho para Yesod, que o liga seguidamente a Malkuth.
Estes dois últimos argumentos explicam a supressão feita destes dois caminhos no sistema Luriano.
Outra pergunta é necessária agora feita no sentido ascendente: será que as energias emanadas pelo corpo – esfera 10 – interferem directamente sobre a razão e o sentimento do indivíduo, sem que para isso seja necessário que se forme uma imagem em Yesod?
Aqui apenas nos resta encarar a hipótese mais simples: Sim!
Todos sabemos que factores exógenos e endógenos do corpo influenciam muitas vezes as nossas emoções e sentimentos, bem como determinam pensamentos e raciocínios automáticos e que escapam à reflexão e filtragem de Yesod.
Esta é uma das principais razões que nos levam a admitir da necessidade de inclusão destes dois caminhos, na parte inferior da árvore.
Outras razões que serão demonstradas mais adiante fazem-nos optar pelo sistema moderno, que se nos oferece ser mais lógico, racional, prático e harmonioso.
Árvore da Vida
Os 22 caminhos da Árvore da Vida e suas
correspondências com as letras do alfabeto hebraico.
Ilustração do livro de Joaquim A. R. Barreira
Feita a escolha, resta-nos colocar as letras hebraicas nos seus respectivos lugares.
A tarefa não será fácil dado que não existe unanimidade dos entendidos e estudiosos sobre essa distribuição.
Por essa razão, resta-nos aproveitar de cada um dos autores aquelas que nos parecem ser as melhores ideias e a partir de bases sólidas lançarmos a nossa teoria que depois de demonstrada terá que ser comprovada pela experiência.
Esta Teoria, que depois de demonstrada poderá vir a ser considerada como lei, porque é simples como todas as leis devem ser, inspira-se na seguinte reflexão:
Sendo a árvore da vida um sistema harmonioso, equilibrado, dedutivo, lógico e esteticamente belo, os seus caminhos terão que forçosamente possuir também esses mesmos atributos.
1ª Lei: As três letras mães emanam de Kether
Os três princípios teriam que inevitavelmente de emanar do UM. 
As 3 letras mães, Aleph, Men e Shin, representam os elementos ar, água e fogo respectivamente. A sua colocação teria com certeza de advir da primeira esfera Kether – a Coroa, e coincidir com os seus três únicos caminhos disponíveis.
    O Mago no Tarô de Waite   Glifo do elemento Ar   Aleph no alfabeto hebraico    
1. ALEPH. Valor 10 (1+2+3+4 = 10) – Elemento AR – Ocupa o lugar à direita da árvore, e interliga entre a esfera 1 à 2 Chokmah – Sabedoria. É o primeiro número e corresponde a “O Mágico”. Significa a energia que dá “o começo” de tudo para o ser humano. É recto e orgulhoso, é masculino (Yang), solitário e autónomo. O número 1 é forte, autoritário e tem autoconfiança... É o símbolo da individualidade. É o início em que nada ainda está concretizado mas que dispõe de todos os elementos para começar a Obra. O ponto de partida. O símbolo do Deus Criador.
↓ Em sentido descendente une a esfera 1 à 2; o poder total manifesta-se ao homem em forma de Sabedoria que tudo organiza com harmonia mas a nível subliminar, ou seja sem que disso haja consciência. O homem recebe esta dádiva gratuita vindo do alto, mas ignora a sua origem.
↑ No sentido ascendente unindo a esfera 2 à 1, ele sabe que apenas poderá alcançar o Uno e a sua própria inclusão em tamanha magnitude se alcançar a Sabedoria que sustenta e move todo o universo que conhece e desconhece.
    A Morte no Tarô de Waite   Glifo do elemento Água   A letra Mem do alfabeto hebraico    
13. MEM. Valor 400 – Elemento Água – Ocupa o lugar à esquerda da árvore, e interliga a esfera 1 à 3 Binah (Compreensão) e corresponde ao arcano maior “A Morte"
13 "A Morte", ou seja, o fim seguido do renascimento, da transformação e da evolução. É a transformação da lagarta em borboleta, a passagem do fim para a renovação. Em determinado momento, aquilo que parece terminado modifica-se e ganha novo brilho, nova forma ou uma cor diferente. O número 13 está sempre pronto para recomeçar a vida, pois tem grande poder de regeneração e os obstáculos servem-lhe de estímulo. É uma pessoa apaixonada, que gosta de mudar sempre e tem sexualidade marcante. No entanto, o 13 também é o número da instabilidade (ligado a um recomeço). Aqueles regidos pelo número 13 não devem ter medo de utilizar sua ambição (que nem sempre é abertamente admitida) para que consigam evoluir e renascer. É ao mesmo tempo um número concreto e um número mutável secundário e tem como palavras-chave o trabalho, o esforço, o mundo material e a maturidade, embora também esteja ligado ao conceito do fim e da perdas materiais, que só são encarados sob uma óptica positiva por aqueles que sabem como expandir seus horizontes e abandonar o passado. Dessa forma, é sinónimo de um novo estado, de criatividade e de abertura espiritual, mas deve-se ter cuidado quanto ao campo profissional, uma vez que este exige uma certa continuidade e permanência.
↓ No sentido descendente de 1 para 3, o indivíduo recebe uma dádiva de discernimento, que lhe dá uma visão superior dos factos colocando-o em sintonia com a ordem evolutiva e construtiva a que se destina a criação, o que o fará abandonar muitas vezes conceitos egoístas, transformando-os em desejos altruístas e filantrópicos.
↑ No sentido ascendente existe um impulso de abandono, de desistência de tudo o que o possa agarrar à materialidade e a uma vida em que se encontrou puras ilusões.
    O Louco no Tarô de Waite   Glifo do elemento Fogo       
21. SHIN. Valor 300 – Elemento Fogo – Situa-se no caminho central e faz a ponte entre a esfera 1 e a esfera 6 – Thiphared – Beleza, e corresponde ao arcano “O Louco”.
"O Louco". Augúrios de sucesso e protecção. É um Número Secundário muito criativo e muito positivo, e que traz harmonia e o sucesso que todos merecemos. Uma vitória como resultado de esforços passados, progressão positiva. É sinónimo de sorte, protecção e expressão bem sucedida. Cheios de ambição, os seres humanos influenciados por essa vibração estão sempre à procura de um nível mais elevado de consciência. Há também uma sensação de vazio interior. Este número também está relacionado à energia feminina que está presente em qualquer pessoa. A vibração do número 21 também pode corresponder a um nascimento, a um trabalho ou a um processo relacionado ou não à arte. Essas pessoas também costumam ter muitos amigos e colaboradores.
↓ No sentido descendente 1 – 6 Irradiando da energia suprema que a tudo anima e ilumina e o individuo recebe essa luz que lhe ilumina a consciência possibilitando-o assim de que se reconheça como ser uno e indivisível, criado à imagem e semelhança do seu Criador; depois de se receber a Coroa será necessário ter a consciência da Beleza do nosso verdadeiro Eu que só será completa após a implantação de uma ordem superior.
↑ No sentido ascendente 6 – 1, a consciência do indivíduo apercebe-se que terá que se incluir num universo mais vasto de que ele se apercebe fazer parte. Existe aqui um reconhecimento interior que o que se implantou e obteve êxito foi graças à adopção de leis universais superiores, e que toda a luz e potencial vêm da Coroa, a mais elevada das esferas.
Como se verifica no esquema, conseguimos uma distribuição harmoniosa, estética e racionalmente equilibrada dos três principais “raios” emanados da altíssima coroa.
junho.10
Contato com o autor do livro "Teoria Astral":
Joaquim A. R. Barreira - kimalf@gmail.com
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Veja:   6.1 - Os caminhos e as letras mães  |  6.2 - As letras duplas  |  6.3 - As letras simples  
  Baralho Cigano
  Tarô Egípcio
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