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28 de março de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


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Os tarôs de Marselha
  Resenha de
Bete Torii
 
 
    Marselha foi o maior centro de produção de tarôs, na Europa, nos séculos 17 e 18 – e, por dominar o mercado, seus baralhos fundaram um “estilo” que acabou influenciando os demais fabricantes até em outros países, que os copiavam. Como resultado, praticamente não existiram criações ou variações regionais importante, sobre o tarô, até o aparecimento do baralho Rider-Waite em 1911. Existem hoje diversas edições do “Tarô de Marselha”, que constituem reproduções ou restaurações de baralhos das casas editoras tradicionais.
O antigo Tarô de Marselha - de Nicolas Conver
    Trata-se de reprodução de um baralho que era realmente impresso em Marselha pelo gravador Nicolas Conver, cuja casa editora funcionou de 1760 a 1890.
    As lâminas eram coloridas à mão sobre a impressão inicial do “risco” das figuras.
O Louco no Tarot de Nicolas Conver (1760)    A Estrela no Tarot de Nicolas Conver (1760)    A Lua no Tarot de Nicolas Conver (1760)    O Sol no Tarot de Nicolas Conver (1760)
Tarô de Marselha, de Nicolas Conver, que começou a ser impresso em 1760
Bibliothèque Nationale de France - www.bnf.fr
O Tarô de Marselha - edição Grimaud
    Em 1931, a editora francesa Grimaud passou a editar, sob orientação de Paul Marteau, um jogo de Tarô que reproduzia os valorizados moldes gravados por Nicolas Conver. Tornou-se uma das edições mais divulgadas do Tarô em todo o mundo. Esse é o motivo pelo qual a empresa France Cartes, a única grande fabricante de cartas de jogar que ainda resta na França, continua a editar as mesma versão com a marca original “Grimaud”.
O Tarot de Marselha Grimaud (1930)
Tarô de Marselha da Editora Grimaud
Para ver ampliações e percorrer a Galeria do Tarô de Marselha-Grimaud clique sobre as cartas.
     Assim Paul Marteau apresenta a edição que preparou a partir de 1928: "Este Tarô é o que foi editado em 1761 por Nicolas Conver, mestre fabricante de baralhos em Marselha, que tinha conservado chapas de madeira e o colorido de seus predecessores remotos. É atualmente editado por B. P. Grimaud, que recebeu a sucessão de Conver e pôde assim continuar a impressão do Tarô tradicional sob sua forma original".
     Esse desenho é também o mais conhecido por nós que compramos baralhos produzidos no Brasil. A editora Pensamento reproduziu de modo limpo e fiel o gravado “Grimaud”, mantendo inclusive os descuidos de Paul Marteau com relação às cores de importantes detalhes. As cores básicas utilizadas nessa versão não são as mais antigas. Uma explicação para a redução do colorido anterior às “chapadas” cores básicas azul, vermelho e amarelo (que são as únicas nesse tarô, além da “cor de carne” e poucas aparições do verde-escuro) é que, em meados do século 19, tornou-se possível imprimir em cores, o que, no caso do tarô, substituiria com vantagem a antiga técnica de imprimir o desenho e colorir cada carta à mão; mas as máquinas da época só eram capazes de imprimir quatro cores... Essa adaptação artificial de cores acabou por se tornar padrão e criou muitos equívocos de interpretação.
    É por essas e outras razões que, nas últimas décadas, começaram a aparecer outras restaurações com a finalidade de devolver mais cores às lâminas e acentuar detalhes que foram negligenciados por Paul Marteau ao preparar as referências para a Editora Grimaud.
O Tarô de Marselha – restaurado por Kris Hadar
    Esse belo baralho é o resultado da restauração ou recriação do Tarô de Marselha pelo canadense Kris Hadar, que relata no livreto (em francês), que acompanha a caixa, ter empregado mais de 20 anos pesquisando o tradicional desenho dos baralhos de Marselha, com todos os seus detalhes, para descobrir como cada carta original devia ser. Por isso ele o chama de “O Verdadeiro Tarô de Marselha”. O desenho é muito fiel ao gravado de Nicolas Conver e o autor insiste que não fez nada de pessoal ou sem base em pesquisa, mas uma inovação um tanto estranha, que o folheto não explica, é o “facho de luz” sobre a cabeça de algumas das figuras, como A Papisa, por exemplo.
    As cartas são ricamente coloridas, com cores mais suaves e matizadas – agradáveis aos olhos – do que as versões mais comumente encontradas (a Grimaud, por exemplo), que utilizam menor gama de cores e tons mais fortes. O material das cartas é muito bom; as cartas deslizam bem e o desenho do verso é belíssimo.
O Tarot de Marselha Kris Hadar (1995)
Para ver ampliações e percorrer a Galeria do Tarô de Marselha
restaurado por Kris Hadar clique sobre as cartas.
     Kris Hadar defende que a origem do tarô pode ser encontrada no século 12 na região de Oc ou Provence, no sul da França (por isso a data simbólica 1181 na carta do 2 de Ouros); e que a criação do baralho foi uma maneira encontrada para ocultar e preservar, na forma de cartas de jogar, a cultura e o conhecimento daquela região (onde nasceu a cultura trovadoresca), que a Igreja e os reis de França da época procuraram exterminar por ser “herética”. Considera ainda que o tarô foi “o primeiro livro que permitiu que os analfabetos fossem capazes de refletir e meditar sobre sua salvação eterna e a busca de si mesmos”.
O Tarô de Marselha – restaurado por Jodorowsky e Camoin
 
    O mais recente e talvez o mais apreciado trabalho de restauração do Tarô de Marselha foi promovido por Philippe Camoin, herdeiro da Casa Nicolas Conver, uma empresa gráfica da
cidade francesa de Marselha que imprimiu, a partir de 1760, o jogo que se tornaria célebre como Le Tarot de Marseille. Em seu site www.camoin.com, Philippe diz que “a fábrica Conver se tornou por casamento a Casa Camoin” e continuou a imprimir tarôs e a difundi-los pelo mundo: “mais de um milhão de jogos por ano, no início do século (20)”. Ele não faz nenhuma menção ao fato, mencionado em nossa resenha sobre o baralho Grimaud, de que a editora Grimaud, então sob a direção de Paul Marteau, recebeu em 1928 a sucessão de Conver e passou a imprimir o “Tarô de Marselha” a partir de 1931.
    A iniciativa de Phillippe Camoin teve a valiosa contribuição de Alejandro Jodorowsky, o inquieto e polêmico teatrólogo chileno, interessado também nos assuntos esotéricos e, em particular, no tarô. Foi uma feliz parceria, da qual resultou o efeito complementar de dar visibilidade, em toda a Europa, ao esforço de recuperação da variedade de cores originais das antigas cartas.
    O trabalho de Camoin-Jodorowsky foi concluído e o Tarô de Marselha restaurado passou a ser impresso em 1998, promovendo uma importante revalorização das gravuras clássicas do Tarô. Dado que os símbolos originais do tarô muitas vezes são encobertos nos modernos
 
O Mundo no Tarot de Marseille restaurado por Camoin e Jodorowsky
Para visitar a Galeria
clique sobre a carta.
 
baralhos inventados e reinventados sob padrões subjetivos, essa iniciativa assume o papel de resgate da simbologia tradicional. 
Textos de referência:
O Antigo Tarô de Marselha - de Nicolas Conver. Publicado por Lo Scarabeo, impresso na Itália.
Ancien Tarot de Marseille - “Grimaud”. Impresso na França pela France Cartes.
O Tarô de Marselha, de Paul Marteau. Tradução brasileira da Editora Objetiva
Le Véritable Tarot de Marseille – restaurado por Kris Hadar. Éditions de Mortagne, no Canadá.
O Tarô de Marselha – reprodução brasileira da versão “Grimaud”. Publicado pela Editora Pensamento.
Contato com a autora
Bete Torii - btorii@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
 
Estudos e Galerias do Tarô de Marselha
  O Tarô (de Marselha) Jean Noblet. Foi Jean-Claude Flornoy o mestre cartier que restaurou esse baralho impresso em Paris, por volta de 1650. As gravuras originais são as mais antigas que conhecemos no estilo particular que mais tarde seria conhecido como "Tarô de Marselha". Os moldes de gravação de Jean Noblet antecedem em mais de um século os de Nicolas Convert (Marselha, 1760). Veja a Apresentação de Jean-Claude e a Galeria das Cartas  
  A restauração do Tarô de Marselha por Camoin-Jodorowsky. Leonardo Chioda apresenta informações sobre a restauração empreendida por Philippe Camoin, com a participação de Alejandro Jodorowsky. Nesse processo foi retomada a diversificação das cores, que havia sido abandonada no correr do século 19. Apresentação
 
  O pensamento tarológico de Alejandro Jodorowsky. Um belo e forte texto traduzido e apresentado por Leonardo Chioda em que o conhecido cineasta e tarólogo chileno apresenta as idéias e valores que atribui ao jogo do Tarô: Pensamentos
 
Seis Galerias de cartas e restaurações do Tarô de Marselha
  Tarô de Marselha restaurado por Jodorowsky-Camoin. Recupera a antiga variedade de cores e certos detalhes como o ovo nas cartas II e IV, a forma da serpente nas vestes da XIV, figurações no corpo da figura central no XV. (1) Galeria Completa e (2) Galeria dos arcanos maiores (web)  
  O Tarô de Marselha restaurado por Kris Hadar. O tarólogo canadense apresenta o resultado de seus estudos para recompor as cores e detalhes das cartas: Arcanos Maiores e Menores
 
  O Tarô de Marselha da Ed. Grimaud. A versão mais divulgada no século 20, mas com a redução e simplificação das cores em decorrência do processos tiográficos do século 19: Grimaud
 
  O Tarô de Marselha da Ed. Pensamento. A edição brasileira, cópia da Grimaud. Reproduzimos as 78 gravuras que poderão ser coloridas criativamente: Gravuras em Preto & Branco
 
  O Tarô de Jean Noblet. A iconografia mais antiga conhecida (1650), que antecede em um século as versões que seriam conhecidas como "Tarô de Marselha": Original e restauração
 
Atualizado: maio.09
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