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23 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  Crônicas de 2013: maio | abril | março | janeiro  
Esperanças
Rui Sá Silva Barros
 
Historiador e Astrólogo
Bento XVI renunciou com uma conjunção Marte/Netuno e o cardeal Bergoglio foi eleito com Marte se aproximando de Urano e a Lua passando por eles em Áries, daí a rapidez do conclave. A surpresa do resultado não teria sido tanta se observassem que o cardeal já tinha sido votado na eleição de Ratzinger. Foram três novidades simultâneas: o primeiro jesuíta, Francisco e americano. Foi um voto contra a Cúria. O mapa da apresentação do papa ao povo mostra:
Mapa astrológico da apresentação do Papa Francisco
Apresentação do Papa Francisco no dia 13 de março de 2013
Mapa caculado para Roma, às 20h16, horário local
Grande ênfase na casa 6, o trabalho de limpeza que tem que ser feito, começando com uma bela conjunção de Vênus exaltada e o Sol (simpatia e generosidade) seguida por Marte e Urano (ações incisivas). Além disto, está em perfeita ressonância com a insistência sobre a pobreza e o serviço nos primeiros discursos. A governança deve ser colegiada, pois a Lua (regente do MC) está na casa 7, na linha do horizonte, o que reforça o ascendente Libra.  Mas nem tudo são flores, há uma penca de quincúcios, um aspecto anunciador de crises e obstáculos. A quadratura Mercúrio/Júpiter em mútua recepção é forte e vai causar embaraços e resistências nas apurações. Pelas direções simbólicas o quarto ano será intenso (Vênus conjunção Sol) e o sétimo, com a entrada do Sol em Áries.
Uma boa notícia é o livro (Sobre El cielo y la tierra) que o cardeal escreveu com o rabino A. Skorka na Argentina, publicado em 2010. Agora é necessária uma aproximação à liderança islâmica, pois só isto promoveria uma chance real de paz no Oriente Médio. Libra no Ascendente ajuda. Depois de tantas decepções agora recebemos com bocejos todas as iniciativas diplomáticas para a paz entre israelenses e palestinos. A recente passagem de Obama por lá não despertou grandes esperanças, apesar do diagnóstico correto que ele apresentou, mas uma intervenção religiosa forte e conjunta seria uma novidade bem-vinda.
As doutrinas da Igreja não devem mudar, embora eu pense que o fim do celibato, uma regra instituída no século XI, seria benéfico e terminaria com a triste história dos filhos de padres e sobrinhos dos cardeais, além de atacar o problema da pedofilia. Se a Igreja acompanhasse as práticas da pós-modernidade, ela seria rapidamente relegada à irrelevância. A simpatia e popularidade de Francisco não devem nos fazer perder o Norte, pois João Paulo II também foi popular e seu pontificado deixou acumular os atuais problemas. Mas na noite do dia 13 a esperança estava na praça, que Deus abençoe Francisco.
Remédios falsos. Capa da revista Isto É, nº 2063
Capa da Isto É nº 2063
 
Economia ilegal – A imprensa deu cobertura total à eleição e aos problemas da Igreja, o que é compreensível, mas é incompreensível que deixe passar em branco graves problemas como os seguidos pelo site Havocscope: a economia de ilícitos no mundo alcançou a soma de 1,8 trilhões de dólares, quase o PIB do Brasil. Em primeiro lugar, pasmem, falsificação de remédios, seguido de prostituição, falsificação de eletrônicos, maconha, jogos de azar, cocaína, receitas médicas e outros. Os americanos se gabam de serem líderes em tudo, aqui também com 600 bilhões, seguidos pela China, México, Espanha, Itália e Japão, Canadá, Inglaterra e Rússia.
Uma criança em Gana pode ser comprada por 6,4 mil dólares, na China por 7 mil e a mais valiosa é a russa caucasiana por 17 mil.  O  receptor  de um rim paga 150
mil dólares enquanto o doador recebe 5 mil e os intermediários embolsam a diferença, coitados, tanto trabalho para se desviar das polícias e alfândegas! A hipocrisia dos governos dos países ricos é infinita, sempre deitando falação sobre a ética nos negócios. Com Netuno em Peixes este escândalo entrará nos radares.
O nacional-popular na América Latina – André Barbault observou corretamente que a dupla Saturno/Netuno era símbolo do socialismo. De fato, a conjunção de 1845/6 em Aquário sincronizou com as primeiras obras de Marx e Engels. A revolução bolchevique ocorreu sob uma conjunção em Leão. Mas precisamos ampliar o significado, pois ela abrange também os casos de regimes ‘nacional-popular’, como os do Egito e Bolívia em 1952 ou Vargas, com a criação da Petrobrás, BNDES e Eletrobrás naquela ocasião.
Chávez morreu e desatou uma enorme lista de artigos sobre a sobrevivência da revolução bolivariana, tendo isto ocorrido sob um trino Saturno/Netuno. Um regime nacional-popular pretende soberania, autonomia, desenvolvimento e participação popular, econômica e política. É preciso lembrar que Chávez, Evo, Correa e Cristina Kircher foram eleitos, que os regimes antecessores não deixaram saudades e que todos estes governos pretenderam combater a desigualdade de renda e a pobreza, meta bem-vinda. O problema são os caminhos tortuosos.
Cortejo fúnebre de Hugo Chavez
O cortejo funeral de Hugo Chavez
Foto obtida em www.globo.com
Para aumentar a renda popular o melhor caminho é a criação de bons empregos, diminuir o imposto sobre o consumo e tornar o imposto de renda efetivamente progressivo, além de educação de qualidade. O caminho tomado não foi este, com o aumento dos preços das matérias primas (petróleo, carne, cereais e minérios) os governos se acomodaram, criaram transferências de rendas nos orçamentos e incentivaram o crédito. O resultado é que o resto da economia não acompanha e a inflação aparece, combatida com tabelamento, subsídios ou falsificação de índices. Apagões e desabastecimentos se instalam  e começam, então, as estatizações de empresas e serviços, com fuga de capital e problemas cambiais.
Neste ponto têm início as intervenções heterodoxas políticas no Judiciário, Legislativo, imprensa e nas oposições. A figura do político providencial entra novamente em cena, parece a repetição de um velho filme que já vimos. Tudo isto foi incrementado na agonia e funeral de Chávez. Geralmente isto termina em crise aguda com intervenções militares ou o povo na rua depondo os governantes ineptos. É inegável que a situação dos pobres melhorou nestes países, mas as condições econômicas degradam-se rapidamente, depois chegam os austeros.
O Brasil decerto compartilha alguns destes problemas, embora aqui a economia seja mais diversificada e a expansão da renda popular tenha ocorrido, principalmente, pela criação de empregos e crédito que partiu de uma base muito baixa. No auge da popularidade, Lula nem cogitou de uma terceira eleição que teria ganhado com facilidade. Antes de sair jogando pedras na América Latina é preciso lembrar os três séculos de colonialismo baseados em escravidão, presença metropolitana constante e sufocamento da sociedade civil. Não há cultura política por aqui: transparência é coisa boa, partidos políticos e sindicatos devem se sustentar sem o Estado, cargo público não foi criado para aumentar o patrimônio familiar e liberdade de expressão e organização são intocáveis. Quando o povo absorver e encarnar estes poucos princípios as coisas começarão a andar. Quem se candidata?
E pelo mundo – Chipre é uma pequena ilha no Mediterrâneo com população de pouco mais de um milhão de pessoas e PIB menor que o patrimônio do Bradesco. Faz algum tempo Chipre é um paraíso fiscal, especialmente para os mafiosos russos, gregos e ingleses. Desde 2008 isto se tornou um problema, mas nada foi feito pela direção europeia.  Veio  a  crise  grega e
e sacaram muito dinheiro em Chipre para cobrir-se na Grécia e o governo da ilha começou a endividar-se. Dez bilhões de euro para os padrões da crise é troco, mas a direção da UE resolveu inventar mais uma maldade: um imposto sobre os correntistas, um confisco pura e simplesmente. A população reagiu, o parlamento estrilou e o governo teve que decretar feriado bancário. Italianos, espanhóis e portugueses escaldados começaram a sacar também e as bolsas tombaram. A direção europeia voltou atrás e agora um banco vai à falência, só serão taxados os depósitos superiores a 100 mil euros e haverá tetos para transações. Os mafiosos devem estar furiosos e os dirigentes  europeus  necessitariam
 
Protestos em Chipre
Protestos em Chipre
reforçar sua segurança. Estão brincando, é claro. Saturno está em quadratura à sua posição natal, a Lua progredida atravessa Capricórnio. E ninguém avisou que Plutão ainda chegará a 15 de Capricórnio e a lambança começará novamente (o mapa da União está na crônica ‘A Europa é um museu?’, no Fórum do Clube do Tarô).
Em Israel, Bibi suou para compor um gabinete e agora tem menos espaço político para assentamentos na Cisjordânia e arrelias contra o Irã. Em maio o céu estará pesado por lá. Os iraquianos comemoram dez anos de invasão com infraestrutura em pandarecos, apagões elétricos, sectarismo político, explosões quase diárias, alguns milhões de exilados e muitos milhares de aleijados. O uso de armas químicas na guerra civil síria não foi confirmado. Os curdos estão espalhados na Turquia, Síria, Iraque e Irã. Precisam e merecem ter seu próprio país e a ONU faz ouvidos de mercador.
Os chineses estão sob nova direção e seu presidente Jinping saiu em giro, primeiro em Moscou onde assinou acordos para fornecimento de gás e petróleo em troca de créditos. Depois para países africanos onde garantiu que o continente é dos africanos, pois a palavra imperialismo começou a aparecer nas bocas de dirigentes e intelectuais, já são mais de um milhão os chineses trabalhando no continente negro e muitos camponeses perdendo terras por uma ninharia. Depois foi para a África do Sul, reunião dos BRICS que acordaram um fundo comum de 100 bilhões de dólares. De resto, os chineses terão que lidar com a loucura dos coreanos do norte que estão em novo surto. A ambivalência de Beijin nesta questão pode acabar lhe custando caro.
Nos States grande euforia: o óleo e gás extraídos do xisto darão autossuficiência e os índices da bolsa de valores estão subindo firmes, resultado da dinheirama despejada pelo FED. O mercado de trabalho e o imobiliário continuam deprimidos, municípios fecham serviços essenciais, as dívidas sobem e o Congresso continua paralisado sobre os cortes. Se depender dos EUA para uma retomada do crescimento da economia mundial, ela não virá tão cedo. Ano que vem Urano e Plutão afligem o Sol da carta natal.
Terra brasilis – Os chineses deram uma bordoada na negligência brasileira, cancelaram um embarque de soja porque estava atrasada. O descaso com a malha viária e a logística chegou ao auge. Há uma mentalidade imperante de esticar a corda, deixa que depois a gente resolve tudo com caipirinhas, mulatas e piadas, todo mundo caindo no samba. As obras para as Copas e Olimpíadas seguem o mesmo enredo, no fim os gringos entendem e passam a mão em nossas cabeças. Ano após ano repetem-se as cenas de chuvaradas seguidas de mortes e desalojamentos, filas nas estradas, obras inconclusas, construções abandonadas e caindo aos pedaços, gente com celular patinando no esgoto a céu aberto. O governo quer modernizar os portos, os sindicatos reagem e não querem mudança alguma, o Congresso debate o assunto de olho na popularidade e votos, as coisas patinam,  mas agora
Engenhão interditado
Engenhão interditato
Foto do www.estadao.com.br
 
que bateu nos bolsos dos fazendeiros e na balança comercial talvez andem.
Dá para contar nos dedos as empresas e empresários que têm alguma noção de futuro. O governo cortou impostos da cesta básica, uma medida que já veio tarde, os empresários mantiveram os preços e embolsaram a diferença, foram chamados à Brasília para explicações. Isto dá uma exata medida da mentalidade reinante: as coisas vão acabar amanhã, é preciso saquear hoje.
O que está ficando perigoso é que o fenômeno se apresenta também na construção civil, um estádio de 6 anos foi interditado, algumas estruturas ameaçam desabar. Casos de morte por imperícia médica também estão aumentando. As autoridades educacionais promovem a tolerância com erros crassos de escrita em provas nacionais. O Congresso continua com o show de inépcia e cinismo.
A grande mídia cria uma crise fictícia por semana: descontrole inflacionário, racionamento de energia, bolha imobiliária, desmonte da Petrobrás, disparada da dívida e por aí vai. Tudo isto vai contra a corrente de um lugar civilizado.
Tempo para lembrar São Francisco de Assis e seu grande amor por Deus, humanidade, animais e natureza, e que ergueu uma nova ordem religiosa praticamente do nada.
abril.13
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
 
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