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29 de março de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  Crônicas de 2013: maio | abril | março | janeiro  
Preguiça e Paranoia: a Teoria da Conspiração
Rui Sá Silva Barros
 
Historiador e Astrólogo
Nas previsões para 2013 sugeri seguir Marte, dispositor de Saturno em Escorpião e Urano em Áries, astrologia básica. A recente conjunção Marte/Netuno produziu uma sequência importante de eventos. Ela estava em quadratura com Júpiter, próxima à estrela Fomalhaut, enquanto o gigante estava perto de Aldebaran em Gêmeos e deu em:
1. Renúncia do papa Bento XVI que será comentada adiante.
2. Anúncio de início de negociações para criação de uma área de livre comércio entre EUA e UE. O acordo tenta sacudir a estagnação econômica e diminuir a dependência dos manufaturados chineses. Os americanos estão às voltas com a elevação do teto da dívida pública e cortes nas despesas orçamentárias que voltam à mesa agora em março. Os europeus sofrem novos abalos com as denúncias de corrupção na Espanha e com as acirradas eleições na Itália. Os mercados acionários já acusaram nervosismo.
3. Reunião dos ministros de Finanças do G-20 discutiu a questão cambial e protecionismo. Nos últimos meses o BC japonês manobrou e conseguiu depreciar o iene favorecendo as exportações nipônicas. O euro continua forte e os franceses reclamam, isto dificultará o acordo de livre comércio com os EUA, além dos subsídios agrícolas dos dois lados.
4. Carne de cavalo foi encontrada em hambúrguer na Europa provocando celeuma e recolhimento dos produtos. Jogaram a culpa em frigoríficos romenos, mas ainda nada foi esclarecido. É mais um sintoma de precariedade social, pois o fato denota uma tentativa de redução de custos na alimentação usando estes tipos de expedientes.
Meteoro na Rússia em 2013
5. Pedras no céu. Um meteoro desintegrou-se acima dos Montes Urais, a explosão causou estrondo e quebrou muitos vidros ferindo pessoas. No dia seguinte outro meteoro passou a alguns milhares de quilômetros do planeta. Nisto contou também a passagem da Lua por Urano em Áries. Governos e agências prometem intensificar vigilância sobre pequenos asteroides.
No Oriente Médio, a transição no norte da África desanda em violência e mortes, o movimento laico ainda é forte para ser varrido do mapa, mas é fraco para desafiar os recentes poderes islâmicos instalados no Egito, Tunísia e Líbia. A situação econômica que já era precária está pior ainda, o que acirra os ânimos. No resto do mundo as tensões relaxaram um pouco, mas devem acelerar com o ingresso do Sol em Áries.
Os conspiradores
Está fora de dúvida: as pessoas, grupos, empresas, partidos e governos conspiram a valer. O único problema é a famosa pergunta de Garrincha: já combinaram com os gringos? Aí a coisa pega, pois os conspiradores precisam da omissão ou colaboração dos demais. A acusação de conspiração vem de longe, no século 17 eram os jesuítas os responsáveis por tudo o que acontecia ou deixava de acontecer, no 18 foram os maçons que participaram da independência dos EUA e da revolução francesa, no final do 19 foram os judeus os escolhidos e no início do 20 os bolcheviques. Com a Guerra Fria, os governos criaram agências de espionagem além de qualquer controle ou supervisão dando mais matéria para os teóricos da conspiração e para a indústria do entretenimento (a série televisiva Arquivo X e a trilogia Bourne são exemplos recentes).
Enquanto os teóricos especulam se a Nasa chegou à Lua, quem assassinou Kennedy, se o aquecimento global é um mito sinistro para ganhar dinheiro; até aí a coisa é cômica, mas eles não se detém e vão mais longe querendo explicar a geopolítica nestas bases. Assim alguns enxergam um grande poder sionista nos EUA, enquanto outros seguem o dinheiro árabe como a principal influência, e mais alguns veem num partido globalista o pivô de todos os eventos mundiais. E como o cenário é complexo e aborrecido outros criaram uma fantástica história de dominação mundial por parte de 13 famílias desde o antigo Egito, os Iluminattis.
Três pesquisadores em Lausane (Suíça) levantaram os dados de 43 mil multinacionais e cruzaram especialmente as participações acionárias. Chegaram à conclusão que 1.318 constituem o centro de gravidade da economia mundial, é uma concentração impressionante e mostra uma situação clara de oligopólio. Elas têm a sede em diversos países e cobrem quase todo o espectro dos segmentos econômicos importantes. E, no entanto, a briga por mercados, suprimentos e lucros é imensa. Para quem quiser ver o trabalho consultar: The network of global corporate control – S.Vitali, J. Glattfelder e S. Battistoni.
Podemos tomar as coisas pelo ângulo dos governos. Em 2008, o G-20 enxergou rapidamente a possibilidade de uma queda numa recessão cavalar e agiu em conjunto para evitá-la. No ano seguinte, estando a ameaça controlada o grupo dos governos se desentenderam sobre o clima (Copenhague), sobre comércio internacional (rodada Doha), sobre a regulamentação financeira e paraísos fiscais.
Se o grupo Bildeberg quer implantar uma Nova Ordem Mundial vai ter um trabalho insano. Cada passo da globalização deu vida a resistências fortes, recrudescimentos de nacionalismos e separatismos pelo mundo afora. Acompanhar este balé é cansativo e às vezes entediante. É certo que os governos colaboram com declarações dúbias, contraditórias e ações de encobrimento, e isto é pasto ideal para os teóricos da conspiração. É certo que os governos adquiriram um grande poder de vigilância sobre a população através das telecomunicações e informática. No Ocidente já não é mais preciso uma ditadura para controlar a população, engenharia social e marketing bastam, mas agora que os
 
Club Bildberg
Clube de Bilderberg é uma
conferência anual não-oficial
com participação restrita de
130 personalidades influentes
no mundo empresarial,
acadêmico, midiático ou político.
governos se dedicam a ver quanta corda esticada os trabalhadores aguentam é possível que medidas autoritárias sejam necessárias.
Se olharmos as sociedades pararreligiosas teremos o seguinte quadro: os maçons exerceram um grande papel político durante um século (1750/1850), alguns espíritas franceses conspiraram contra Napoleão III, a Sociedade Teosófica apoiou o imperialismo britânico na Índia, Mac Gregor Mathers da Golden Dawn apoiou os monarquistas franceses durante o caso Dreyfuss, Papus assessorou o Czar Nicolau na Rússia. Estes são fatos bem documentados, mas com a organização dos partidos de massa no século 20 esta participação declinou, é preciso ter uma imaginação descontrolada para enxergar influência da maçonaria (p.ex.) em Obama, Merkel e outros.
Atribuir grandes planos geopolíticos às religiões também é algo insensato. O catolicismo não consegue a adesão de seus fiéis nem para medidas ordinárias como veremos abaixo, os reformados estão fragmentados em mais de centenas  de denominações. Os partidos democratas-cristãos exerceram um papel no pós-guerra, mas declinaram. No Islã há jihadistas escrevendo sobre o Califado universal, mas não há centralização nenhuma, os conflitos entre sunitas e xiitas são sérios demais e os países não se entendem, basta olhar o noticiário no Oriente Médio. As tariqas (organizações sufis) estão empenhadas em assuntos espirituais e culturais e não têm interesse nem força para dominações políticas, além de serem vigiadas de perto pelos próprios governos dos países que as abrigam.
Ao longo de 40 crônicas tenho insistido na fraqueza de sindicatos e partidos populares. A mentalidade catastrófica e os teóricos da conspiração já desistiram de agir e aguardam um fim doloroso. Não são os únicos, pois os que prometem uma revolução na mentalidade humana sem nenhum esforço também estão nesta barca. Engrossam perigosamente as fileiras das tendências destrutivas por omissão.
A renúncia de Bento XVI
A última renúncia papal ocorreu há mais de 500 anos, esta pegou todo mundo desprevenido e pulularam hipóteses: idade, doença, cansaço com as intrigas na Cúria, desgosto com os vazamentos, a pedofilia e os negócios do banco do Vaticano, esperança de provocar uma mudança de rumo. É tudo isto e mais alguma coisa pessoal.
Papa Bento XVI em 2013
Bento XVI: velhice e cansaço.
 
Para compreender este evento é preciso levar em conta:
a Igreja Romana é a única no mundo que se organizou como Estado, com monarca, Senado, vasta burocracia e direito canônico. Qualquer burocracia ganha vida própria e pode entrar em choque com o governante de plantão. Para saber mais consulte meu artigo neste site:
Cristianismo, breve história espiritual e política.
a Igreja perde poder e influência desde Felipe IV (1310). Conta com mais de 1,2 bilhão de seguidores, mas deste total quantos frequentam os cultos e seguem as doutrinas? Provavelmente o número é menor do que as igrejas cristãs reformadas.
é uma Igreja do contra: contraceptivos, aborto, divórcio, casamento gay, bioengenharia etc. É a favor do quê? Tem um imenso tesouro nos escritos dos teólogos e místicos, por que não os divulga e insiste nas doutrinas espirituais? Ser contra isto e aquilo é insuficiente, é preciso propor algo positivo.
é demasiadamente centrada na Europa. A distribuição dos cardeais não corresponde ao peso das populações católicas americanas, africanas e asiáticas. Lembrar que Roma é hoje mais pagã que nos tempos de Rômulo e Remo, Berlusconi que o diga.
parece cega para a raiz dos problemas. Creem que os Conclaves sejam inspirados pelo Espírito Santo, enquanto os espíritos de porco em Londres aceitam apostas sobre o futuro Papa e o nome que adotará. Até mesmo eventos sacros são mercantilizados e isto ocorreu antes de tudo no Ocidente da Cristandade, por que será?
O próximo Conclave andará no ritmo da configuração astrológica do início dos trabalhos e o futuro papado da hora que o Papa eleito for apresentado ao público na praça. A eleição de alguém muito idoso indicaria mais um pontificado de transição e o arrastamento das questões pendentes.  Se a eleição terminar com Sol, Marte e Urano em Áries haverá energia suficiente para domar a burocracia e terminar com os sigilos vergonhosos. De qualquer maneira é ingenuidade pensar que a Igreja é responsável pelas mazelas atuais, isto vai para a conta dos iluministas (liberais, nacionalistas e socialistas de vários matizes).
Grande concentração em Peixes
Ocorrerá nos próximos 11 e 12 de março: Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Netuno e Quíron.  Na Antiguidade era sinal claro de grande evento, agora não, pois a mídia fabrica um por dia. Portugal, Inglaterra, Brasil e México, entre outros países, serão afetados. Tempo de manifestações religiosas devocionais, de dedicação à filantropia, de assuntos ligados à drogadição, desperdícios, poluição marinha, doenças contagiosas e possibilidade de desastres. Não custa lembrar que a manifestação da Virgem em Lourdes ocorreu numa passagem de Netuno em Peixes (1858).  Quem dera!  A conjunção Netuno/Fomalhaut está muito próxima ao verdadeiro ponto vernal em 6 de Peixes. Tudo isto intensifica bastante a configuração e ela vai atuar ainda por dois anos. Remete evidentemente ao destino do Cristianismo, religião desenvolvida crescentemente a partir do Imperador  Constantino quando começou a Era de Peixes, um signo de finalizações que nos lembra que o infortúnio e o sofrimento fazem parte da vida e que o sacrifício é às vezes necessário, mas lembrando que é necessário antes de tudo, sacrificar o sentimentalismo e o masoquismo que são manipulações do sofrimento para angariar simpatias e regalias.
Ano novo: ingresso do Sol em Áries
Em Pindorama, para infelicidade geral da nação, a campanha eleitoral começou e todos já se manifestaram: governo e PT, Aécio, Eduardo Campos e Marina que tenta organizar um partido em bases não convencionais. Um deserto total de ideias e um projeto nacional parece ter saído totalmente de cogitação entre políticos e intelectuais. Vão dançar conforme  a música tocada por outros. De todas as profissões desagradáveis no mundo, penso que o jornalismo político cotidiano é das mais cruéis. Como raramente ocorre qualquer mudança substancial estes profissionais precisam criar notícias diariamente, quase sempre irrelevantes.  O mapa calculado para Brasília intensifica tudo isto:
Ingresso do Sol em Áries - 20.03.2013
Ingresso do Sol em Áries: 20 de março de 2013, às 8h02
Mapa calculado para Brasília
O Ascendente cai na casa 3 do mapa natal do Brasil, e a Lua deste ingresso também está lá domiciliada em Câncer mas aflita por Marte/Urano e Plutão. Quer dizer imprensa e infraestrutura viária em foco. A casa 12 do mapa acima apresenta um stellium, sinal de acordos e rupturas de bastidores, muitos rumores políticos e a emergência de mais escândalos, mas trabalho para o judiciário que vai se comportar plutonianamente.
Os ingressos do Sol em Áries ativam anualmente a quadratura original Plutão para Urano/Netuno do mapa natal. Plutão em Áries na casa 2 reforça a concentração de patrimônio e renda enquanto Urano/Netuno aflitos em Capricórnio sinalizam a fraqueza do Legislativo e das organizações da sociedade civil. A situação no Brasil não é grave: dívida pública, déficit orçamentário e inflação ainda estão em níveis civilizados. Todo problema consiste em estimular investimento privado, uma vez que o público já  está estrangulado. E isto se consegue com regras estáveis e um plano claro para o futuro, mercadorias em falta.
A conjunção Marte/Urano afetará o Ascendente e a Lua do mapa natal do Irã e o Sol da China, prometendo eventos incisivos. O Irã tem eleição este ano e Ahmadinejad já não pode mais concorrer, se a liderança religiosa quiser fazer uma correção de rumos a hora é agora. As sanções econômicas andaram batendo forte com depreciação cambial, inflação e desemprego. O governo andou investindo muito na indústria bélica e isto começa a pesar no ânimo da população. A China, além de seus problemas internos, se vê agora num cerco promovido pelos EUA. Como o Sol do país está em Libra na casa 8, a segurança é uma preocupação central. A vizinha Coreia do Norte não ajuda nada na distensão do clima fazendo testes nucleares.
No Universo não há nada mais parecido com Deus que o silêncio. Mestre Eckhart.
janeiro.13
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
 
  Baralho Cigano
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