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26 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


 maio.2016
Procurando estrelas
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
Às vezes a astrologia é literal como em 17/4 na Câmara Federal: Marte (regente do Executivo) retrogradou e Júpiter (regente do Legislativo) recebeu a passagem da Lua. Não foi à toa que a família fosse tão evocada, nosso satélite lembrou aos deputados que estavam ali para ‘fazer’ um patrimônio familiar e que mais da metade deles tem parentes na política. Os jornalistas estrangeiros que cobriam o processo de deposição estavam perplexos, ele era comandado por Cunha, de grande folha corrida, e mais da metade dos deputados têm pendências judiciais, o Brasil não é mesmo para principiantes. O jornalista Mario Sérgio Conti lembrou-se do filme Terra em Transe de Glauber Rocha e eu da Geleia Geral de Gilberto Gil: êêê bumba meu boi/ ano que vem, mês que foi/ êêê bumba/ é a mesma dança meu boi. Foi um show brega sem reparos.
Carmen Miranda
Yes, nós temos bananas. Capa de disco.
Depois da maciça votação estava claro que o dobre de finados havia soado para o governo Dilma, seguindo-se a tediosa discussão no Senado com votos da Comissão já decididos de antemão. Enquanto isto Temer se embananava com a procissão de gente a sua porta cobrando os votos que deram no plenário. Anunciou um ministério de notáveis e recuou, um corte de ministérios e cargos e recuou novamente. Convidou para a Justiça o compadre Mariz que criticou a Lava Jato e recuou. Alguns convidados declinaram educadamente temendo pelo fiasco. O PSDB, dividido pelas pretendentes a 2018, mantinha-se a uma distância segura até que dois editoriais (Globo e Estadão) puxaram-lhe as orelhas em público e o partido cedeu, mas entregou uma lista de  demandas para salvar a honra. O afastamento de Dilma ocorreu com uma quadratura Júpiter/Saturno no céu, afetando o Sol mapa do Brasil (Virgem) e o do mapa de Dilma (Sagitário), outra literalidade.
A todo o momento anunciam que as instituições funcionam, nem tanto, a coisa está uma bagunça. A política foi judicializada, dos ‘n’ motivos para depor Dilma, escolheram o mais frágil e jurídico para não fugir a nossa grande tradição bacharelesca; o resultado disto é que o Judiciário foi politizado, o Supremo defenestrou Cunha porque a Câmara não conseguiu fazê-lo, esperou o impeachment andar para realizar a suspensão do mandato. As consequências deste embaralhamento de cartas serão pesadas. Temer ficou em dúvida: não sabia se aliviado – pelo afastamento de um indesejado – ou preocupado – se prenderem a mulher de Cunha ele é capaz de partir para a delação premiada, o estrago será incalculável.
O governo Temer
Nosso colega e amigo, Gerson Pelafsky, publicou uma mapa natal do Temer e com a competência habitual notou a importância da conjunção Júpiter/Saturno na casa 9, o vice é especialista em Direito Constitucional; está assumindo com uma quadratura destes planetas e com Saturno oposto à Lua natal. Vênus está na casa 12, próxima à Vênus natal do Brasil que rege o Judiciário. Vênus dispõe do Sol em Libra e da conjunção em Touro, com a qual está em quadratura, ele assume acusado pelo governo de ser um traidor (casa 12). Tem o Sol em oposição a Plutão natal do país, o que dá um indício do que vai enfrentar, e a Lua na casa 10 o que é descrito como sinal de popularidade, entre políticos e jornalistas não há dúvida, mas não para a população em geral.
Temer e o quinteto do poder
O quinteto do poder
Foto do www.tribunadaimprensaonline.com
Ele vai ter que reunir muita coragem para propor ao Congresso um ajuste duro num ano de eleições municipais. Quem vai pagar o pato? A Fiesp já garantiu que ela não, mas o novo governo precisa liquidar imediatamente  os subsídios e isenções fiscais para setores selecionados. Provavelmente precisará elevar impostos para equilibrar o Orçamento. Isto é só o início, a maior despesa é o pagamento de juros, no ano passado foram 500 bilhões e este ano mais, um corte na Selic e ouviremos chiadeiras do sistema financeiro e grandes empresas. Precisará contrariar interesses de grupos poderosos e profundamente enraizados. É possível que grande parte do ajuste recaia sobre os trabalhadores. Os leilões para a malha viária não precisam passar pelo Congresso, a inflação declina e a balança comercial está positiva, o que é favorável. Diante deste cenário já seria uma grande coisa se a recessão estiver contida em 2017.
E há a Lava Jato, muitos políticos do PMDB estão citados, inclusive o núcleo que cerca Temer (Jucá, Padilha, Geddel e Moreira Franco) e Renan está com 10 inquéritos no STF. O processo de cassação da chapa Dilma/Temer prossegue no TSE. A suspensão de Cunha deixou um vazio na Câmara, o atual presidente (Waldir Maranhão) também está na Lava Jato e votou contra o impeachment, o núcleo do PMDB não decidiu ainda se o apoia ou abre novas eleições. Ao ingressar em Gêmeos, o Sol se opõe a Marte perto da conjunção Lua/Júpiter do mapa do país, o que pode resultar em tumulto no Congresso ou povo na rua.
O PT exerceu o direito dos perdedores ao jus sperneandi: foi golpe, foi vingança do Cunha, as pedaladas serviram aos programas sociais, a ruína da economia veio do exterior e do Congresso que rejeitou o ajuste, vão acabar com os programas sociais e último ato, Waldir Maranhão tentou anular o processo.  Concluído o afastamento prometem incendiar o país, o MST e o MTST podem bloquear avenidas, estradas e prédios, mas se a PM não reprimir estupidamente isto deve desinflar rápido. Greves, num cenário de desemprego alto, são improváveis. Obstrução no Congresso com 20% de bancada não dará em nada. É bem provável que liquidem a possibilidade de Lula concorrer em 2018 levando adiante alguma das investigações em curso e, se forem espertos, esperarão 2017 para prendê-lo, agora tumultuaria ainda mais as coisas.
Charge de Dilma por Duke
O partido colhe o que plantou. Usar licitações e empresas estatais para financiar campanhas eleitorais e comprar votos no plenário  foi uma má ideia, fazer política econômica voluntarista foi um desastre, estimular o consumo das classes populares esperando politização foi um equívoco fatal: o governo teve 54 milhões de votos em 2014, as manifestações pró-governo não reuniram nem 100 mil pessoas nas grandes cidades. O que poderia acontecer de melhor ao partido? Eliminar o caciquismo, renovar a direção, fazer uma autocrítica a rigor e recomeçar. Dificilmente isto ocorrerá até o afastamento definitivo de Dilma.
Alguns pesquisadores e analistas anteciparam o desastre que se avizinhava, Francisco de Oliveira publicou em 2003 O Ornitorrinco, uma visão detalhada sobre o sumiço de projetos nacionais de desenvolvimento na redemocratização e prevendo que o governo Lula seguiria na mesma toada. Reinaldo Gonçalves, professor da UFRJ, publicou vários artigos mostrando que o governo do PT deixou a indústria declinar, reprimarizou as exportações, aumentou a participação estrangeira no capital das empresas e aumentou a dependência tecnológica; um dos artigos onde tudo isto é explicado: Nacional Desenvolvimentismo às avessas (2011). Eurelino Coelho defendeu a tese Uma esquerda para o Capital na UFF, em 2005. Ele consultou centenas de documentos do partido e concluiu que em 1995 houve uma virada total: ganhar eleições, receber doações de grandes empresas, profissionalizar a militância, dar a direção a filiados com mandatos políticos, extinção de imprensa própria etc. Estes textos estão acessíveis na internet.
Povo na rua — Podemos ler o sociólogo Luiz Werneck Viana sem susto. Ele anda otimista, recentemente publicou o artigo O espírito do tempo e nós (Estadão, 1/5/16), onde afirma que estamos numa era de transformação, que as manifestações iniciadas em 2013 ganharam uma dinâmica própria e que extratos sociais já não toleram as arruaças da casta política. Na crônica anterior assinalei que passamos por um momento astrológico especial com 4 dos 5 planetas lentos fazendo aspectos ao Sol natal do país; as condições para uma transformação profunda estão dadas. As organizações que puxaram a mobilização a favor do impeachment já começam a compreender que Temer já cedeu ao jogo do toma lá dá cá. A transformação depende inteiramente desta gente prosseguir as manifestações e é fácil prever que a casta tentará cooptar a liderança das ruas e neutralizá-la. É um bom tempo para reler Conciliação e Reforma no Brasil, de José Honório Rodrigues, publicado em 1965.
Bolsa Família
Ela está novamente na tela, ficou sem reajuste em 2015 e o governo resolveu reajustar no Dia do Trabalho. Já se escreveu e disse muita bobagem sobre o programa, mas ele é barato, copiado no exterior e para virar vagabundo com 160 reais por mês é preciso muita imaginação (é o valor da média por família). No entanto o programa encobre um problema real e grave, o país tem 35 milhões de empregados formais no setor privado, um número baixo para a força de trabalho (100 milhões) ou para o total da população. Além disto, 12 milhões deles são terceirizados e 24 milhões ganham até 3 salários mínimos. Por que o Brasil geral tão pouco emprego formal?  Isto tem uma relação direta com o nível da violência, a urbanização caótica e o endividamento gigantesco das famílias.
Procura de emprego
Foto de www.agorarn.com.br
Os empresários responderão que a formalização é baixa porque a carga tributária sobre a folha de pagamento é alta, dobrando o total. Outros observarão que a carga é alta para contrabalançar o baixo nível salarial, a maioria dos empregos criados na era Lula pagavam até 1,5 SM (Márcio Pochmann).   Qual a saída, jogar todos na informalidade ou dobrar os salários e extinguir a carga tributária? Na última hipótese o país viria abaixo, o governo perderia o INSS e o FGTS, os empresários protestariam dizendo que o povo não sabe cuidar das próprias contas e no final eles arcariam com a bagunça e os sindicatos dos trabalhadores veriam nisto mais um golpe, uma retirada de direitos adquiridos. A coisa é muito simples, com o salário dobrado cada um cuida de poupar para a aposentadoria, para o caso de desemprego, quando e por quanto tempo tirar férias etc. É liberdade demais, o povo não está pronto?  O Brasil está pronto para um choque de capitalismo?
Mundo afora
EUA Trump é o candidato republicano. Ele conseguiu expressar o ressentimento de milhões, que perderam renda e emprego desde Reagan, elegendo bodes expiatórios óbvios: mulçumanos e imigrantes. Quem será que trabalha nos hotéis e cassinos do bufão? Não será surpresa se a resposta for: imigrantes. Quanto de bazófia e retórica tem tudo isto? Hillary ainda é favorita, mas deve se preparar para enfrentar uma artilharia pesada a partir de agosto.
União Europeia — Na França, reuniões noturnas diárias na Praça da República contra a reforma trabalhista proposta pelo governo socialista com Plutão oposto à Lua natal e Marte oposto a Marte natal (veja o mapa da França). Na Alemanha, grande manifestação contra o Tratado comercial que a União negocia com os EUA; com Marte e Saturno em oposição ao Sol, Mercúrio e Vênus natais (veja o mapa da Alemanha).  Na Inglaterra, um mulçumano foi eleito pelo partido Trabalhista para a prefeitura de Londres e o xenófobo UKIP arrebatou muitas prefeituras no interior; o governo que patrocinou um referendum sobre a permanência do país na UE, está aflito, pois concluiu que a saída será prejudicial para a economia inglesa. Tudo isto ocorrendo com um retorno de Netuno em quadratura a Saturno no céu (veja o mapa da Inglaterra).  Na Espanha, não conseguiram ainda formar um governo e Marte se aproxima de uma conjunção ao Sol natal (veja o mapa da Espanha).
Argentina — O governo Macris foi recebido com alívio pelo descalabro causado pelos anos Kirchner. Apesar de medidas arbitrárias, o governo foi saudado pela imprensa internacional, pelos credores e até por Obama que lá compareceu. A situação era péssima e o ajuste agravou-a com alta inflação e desemprego, uma manifestação sindical significativa ocorreu recentemente e a euforia inicial cedeu. Plutão caminha em direção à Lua natal do país que está em oposição ao Sol, o que prenuncia dias de tumulto (veja o mapa da Argentina).
Boas notícias
Apesar da proximidade de Marte e Saturno, nenhuma violência física mais séria ocorreu até agora, mas a tensão continua até agosto quando Marte ultrapassa Saturno.
Znarf é um leitor que posta comentários pertinentes. Na última crônica ele observou que estamos na Kali Yuga e faltam 427 mil anos para o final. Ele está usando o ciclo de 4 milhões, trezentos e vinte mil anos, que é apropriado para as condições geológicas e climáticas do planeta. Para a história humana usa-se um ciclo astronômico de 64.800 anos, 2,5 X 25920 (tempo de uma precessão dos equinócios). Este ciclo também é dividido em quatro fases: 40% (ouro), 30% (prata), 20% (bronze) e 10% (ferro). Como a Kali Yuga teve início em fevereiro de 3102 AC, já transcorreram 5118 anos dos 6480, quer dizer estamos no final. A cosmologia védica é a mais detalhada de todas e tudo que escrevo tem aí seu fundamento, como já deixei claro em crônicas anteriores.
Nosso colega e amigo, Douglas Marnei, é também arquiteto e aficionado de mitologia, música e pintura. Há tempos ele reúne material para um livro que agora está no forno com todos estes temas. O texto é muito bom e cheio de belas ilustrações, é um biscoito fino que chega em boa hora, precisamos muito de discernimento e beleza.
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 11/05/2016
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