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25 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Ingresso solar tumultuado
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
As últimas pesquisas indicaram uma situação tranquila para a reeleição, mas o mapa de ingresso solar em Áries antecipa turbulências neste cenário.
Mapa do Ingresso do Sol em Áries
Ingresso do Sol em Áries: 20 de março de 2014, às 13h57
Calculado para São Paulo
O MC em Áries próximo ao Nó Lunar Sul e caindo na casa 3 do mapa natal do Brasil (transporte, imprensa, educação básica, vizinhos etc.), o regente Marte em exílio (Libra), retrógrado, sem aspectos maiores e indo na direção de Saturno. Isto está muito longe de tranquilidade e pode produzir ações defensivas e impulsivas bem ineficazes. A oposição, regida por Vênus, não está em melhor situação na casa 8 e em quadratura com a Lua/Saturno, retratando a dificuldade de comunicação com um humor popular crítico e desconfiado (Escorpião). O que dá vantagem ao governo é o Ascendente em Câncer na entrada da casa 6 do mapa natal do Brasil, a dos trabalhadores.
Para a reeleição do governo há alguns obstáculos no caminho:
Alianças – Marte em Libra. Os problemas com o PMDB vêm desde o ano passado e se intensificaram na composição das chapas nos Estados, nas disputas pelos ministérios, nos cortes do Orçamento que bloquearam emendas parlamentares. O partido sabe o peso que tem para a eleição e cobra antecipadamente a fatura. Projetos que correm no Congresso podem prejudicar o Executivo e muitos congressistas, na companhia de empresários, pedem a volta de Lula.
Economia – É absolutamente essencial para o governo manter a inflação, o desemprego e a renda popular nos níveis atuais, e isto é perfeitamente possível, mas o cenário externo pode entornar, o câmbio levar um piparote repentino e a inflação descontrolar. O déficit no Balanço de Pagamentos começa a preocupar e a conta de subsídios está alta demais. A grande cruz planetária de abril pode indicar um ressurgir de profundas fraturas na economia mundial. O Sol rege a casa 2 e está na 9 no mapa de ingresso, Júpiter rege a 9 e está em oposição a Plutão.
Infraestrutura – O transporte de pessoas e cargas está problemático pelo país inteiro e o grau de irritabilidade com esta situação está subindo. O fornecimento de energia elétrica está na carga máxima com ajuda das termelétricas e sujeito a apagões por conta da estiagem, da falta de manutenção nas linhas de transmissão e dos subsídios que o governo paga pela redução das tarifas. O governo reza a São Pedro por chuva para não haver racionamento de água nas metrópoles. São assuntos da casa 3 no mapa natal do Brasil.
Copa – Quando o Sol do mapa acima ingressar na casa 12 terá início a Copa. Manifestações estão sendo preparadas e o governo também. O evento ocorre sob a regência de Mercúrio, senhor de Gêmeos, em conjunto com Netuno em Peixes na casa 8, violência e combates. Além disto, esta conjunção está em quadratura com a Lua/Júpiter do mapa natal do Brasil. Se o governo não agir com inteligência haverá grande tumulto. De resto é rezar para não ocorrer apagões e falta de água nesta ocasião.
Morte do cinegrafista da Band
Morte do cinegrafista da Band em manifestação no Rio, em fevereiro
Violência – Ela é endêmica no país desde os tempos coloniais e de vez em quando extrapola como agora, com Saturno em Escorpião, Marte na casa 8 natal e Netuno em quadratura à Lua/Júpiter. Ela é difusa: nos presídios, estádios de futebol, incêndios de ônibus pelos mais variados motivos, contra homossexuais, em transportes públicos, black blocs e polícias, de justiceiros populares contra ladrões, nos debates do Congresso e STF, comentários na internet etc. Os governos estaduais andam como baratas tontas desde junho passado e não conseguem prevenir nada, as polícias intervêm depois do vandalismo. E como estamos no país dos bacharéis, estes se apressaram em propor uma nova lei contra terrorismo. As leis penais existentes dão conta da situação e embaralhar terrorismo com vandalismo é um primor de confusão. É interessante notar que tudo isto ocorre num período de desemprego baixo e renda popular em alta, os motivos econômicos são mínimos. Alto consumo de drogas, descrença nas autoridades, ausência de noção de coisa pública e despolitização geral são as causas desta situação. Programas na TV clamam por mais intervenção policial como se ela já não vivesse numa simbiose com o crime organizado. Improviso e ‘deixa andar’ são as respostas dos governos no Brasil. O consumo de tranquilizantes (ansiolíticos) subiu 40% nos últimos 5 anos, sinal claro de inquietação no ar.
Além do já listado há um problema de fundo com a imprensa. Li recentemente que os jornalistas brasileiros são de esquerda. Pode ser, não os conheço, mas os artigos assinados e editorias dos principais jornais e revistas constituem uma artilharia pesada contra o atual governo.  Clamam, sobretudo, por mão forte contra desordens e ortodoxia na política econômica, se isto é esquerdismo eu já não entendo mais nada. A imprensa brasileira é majoritariamente liberal, o problema deles é que não conseguem formar um partido liberal forte, o que é uma lástima. Para entender a questão sugiro uma lida no capítulo 1 do livro que escrevi com Ciça Bueno, A contente mãe gentil rumo ao bicentenário, encontrável no site www.clubedeautores.com.br  Lá vocês poderão ver como os liberais defenderam a escravidão e na primeira dificuldade bateram nas portas dos quartéis. Depois organizaram aquela maravilhosa República sem povo que desembocou em ditadura em 1930. Depois do Estado Novo a UDN patrocinava golpes e o finado PFL foi um herdeiro direto da Arena. Com um histórico destes é mesmo difícil organizar um partido liberal, pois esta ideologia é típica de pequenos proprietários e basta ver a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas por aqui para entender porque a coisa toda gira em falso. O que se opõe ao liberalismo no Brasil é a extrema concentração de patrimônio e renda que ninguém consegue alterar. Um choque contínuo e persistente entre governo e imprensa não dá em coisa boa como nos mostra a Argentina, Equador e Venezuela.
As candidaturas serão formalmente registradas em junho, até lá e com todos estes obstáculos pela frente ainda podemos ver mudanças. Teremos uma campanha com muito calor e pouca luz, o número de abstenções, brancos e nulos deve subir. Penso que um segundo turno ocorrerá e que no final o governo ganha. Em 2015 um doloroso ajuste nos aguarda independente do resultado: não será mais possível manter preços de combustíveis, transportes e eletricidade nos patamares atuais, a renda popular vai retroceder. Vamos acompanhando o assunto ao longo do ano.
50 anos de golpe militar
E as paixões fervem. Por isto mesmo os historiadores ainda não se animaram a dar uma visão panorâmica sobre os 21 anos de ditadura. Existem muitos livros cobrindo aspectos do período, mas nada do conjunto da coisa. Não há consenso sobre as causas do golpe, na versão das Forças Armadas e parte da sociedade, estávamos à beira de um golpe para implantar o comunismo ou uma República sindicalista. Noutra versão, os grandes empresários achavam o populismo um estorvo e preferiam uma sociedade com o capital multinacional. Uma versão equilibrada levará em conta o clima da Guerra Fria, acirrado com a questão cubana, o governo americano estava preocupado com os rumos do governo Goulart e financiava deputados e organizações de oposição, além de cogitar firmemente em apoio militar, a documentação de Kennedy e L. Johnson não permite dúvida. De outro lado a herança do governo JK foi trágica: inflação, reservas internacionais baixas, corrupção e Jânio. Muitas greves pipocaram, muita insubordinação de sargentos e tenentes, muito amadorismo no encaminhamento das Reformas de Base (a agrária e a remessa de lucros criaram muita hostilidade). Quanto à possibilidade de um golpe de esquerda parece bem baixa, pois nas semanas que se seguiram ao golpe, não houve nenhuma manifestação pública, greve ou rebelião militar, de sorte que os tais dispositivos militares, sindicais e estudantis do governo Goulart sumiram no ar sutil, bem como as ligas camponesas que tanto medo metiam.
Jango Goulart
João Goulart e Maria Tereza no comício de 13 de março, a gota d’água.
Com Urano e Plutão caminhando em direção ao Sol natal do Brasil, Saturno em Peixes iniciando uma oposição, Netuno transitando o MC (revolução redentora, uma expressão da época) Marte passando por Plutão natal e Júpiter em oposição a Mate natal; não era difícil prever um grande acontecimento. Alguns aspectos do período militar já podem ser listados com segurança olhando retrospectivamente:
Os empresários e a perda de autonomia – Eles concordaram com a posição de sócios minoritários do capital estatal e multinacional e continuam nesta situação até hoje. Conseguiram que o governo patrocinasse a promoção de alguns eleitos: os dois bancos e as cinco empreiteiras que hoje monopolizam os segmentos cresceram naquele tempo.
Os paradoxos brasileiros – Os generais tomaram posse declarando querer acabar com a bagunça populista de Vargas, mas conservaram toda legislação trabalhista e sindical, além disto, patrocinaram o maior período de estatização de nossa história e elevaram a carga tributária para desgosto de Roberto Campos, Mesquitas, Marinhos e outros.
Inchaço das capitais – Em 1964 a população rural ainda era levemente superior à urbana. Com o incentivo da mecanização na agricultura (a reforma agrária capitalista) o êxodo rural foi acelerado resultando neste grande inchaço que torna as metrópoles brasileiras ingovernáveis e precárias com favelas e cortiços em profusão. O atual grau de violência tem relação direta com a questão.
Abandono dos serviços públicos – Educação, saúde e segurança foram relegados a um mínimo e incentivaram o desenvolvimento de empresas privadas nas respectivas áreas. A ruína destes serviços públicos começou na ocasião, basta fazer uma lista da fundação de escolas, planos de saúde e empresas de segurança atuais para constatar quando nasceram. Os governos posteriores não conseguiram reverter este descalabro.
Desmatamento e misérias na Amazônia – A abertura da rodovia e o convite à ocupação improvisada da região renderam estes frutos que vemos constantemente no noticiário: devastação da cobertura vegetal, mineração selvagem, exportação ilegal de madeiras e espécies florais, ocupação ilegal de áreas com o cortejo de assassinatos e ausência do Estado. A vasta fronteira continua desprotegida e um grande narcotráfico transita por ali.
Construção de estradas na Amazônia, durante a ditadura militar.
Abertura da Transamazônica.
O desastre da cultura – A televisão tornou-se extremamente popular quando o índice de analfabetismo ainda era grande, e o resultado vemos agora: uma porção de gente que estudou e não entende o que lê e se embaralha com contas de matemática elementar. O humor sumiu da música popular, o teatro foi censurado com força e é provável que a quantidade de leitores de ficção tenha recuado proporcionalmente ao crescimento da população. Três mil exemplares é a tiragem média de um livro no Brasil para 200 milhões de habitantes. As Universidades tornaram-se locais de resistência, mas isto teve um custo: perdeu-se a diversidade de pontos de vista nas ciências humanas.
Os militares promoveram iniciativas úteis e necessárias que persistem: criação do Banco Central, organização da dívida pública, expansão do crédito popular para consumo de bens duráveis, o Pró-álcool, o Pronaf (financiamento à agricultura familiar), estímulo à Petrobrás e à indústria de máquinas e equipamentos, além do esforço sistemático para atualizar a infraestrutura no governo Geisel. Tudo isto foi possível com financiamento externo farto e barato até os dois choques nos preços do petróleo (1973/79) e da triplicação da taxa de juros internacional em 1980. O México foi à lona e logo depois o Brasil bateu nas portas do FMI, quase quebrado. Era 12/1982 e os cinco planetas lentos estavam num arco de 60 graus com Júpiter transitando o MC e Saturno passando por Marte em Escorpião no mapa natal. Em janeiro de 1984 (25 anos atrás) começou o movimento diretas-já com Saturno em oposição à sua situação natal, uma conjunção Júpiter/Netuno a 0 de Capricórnio, Urano em quadratura ao Sol natal e Plutão próximo a Marte natal. Era o começo do fim da ditadura que deixou uma herança muito dura para processamento. A autonomia econômica do país continuou diminuta,  o estrago feito nos serviços públicos foi rude e a violência como método para resolver divergências. Os governos eleitos desde então patinam para a resolução destas questões.
Do ponto de vista astrológico é notável como o Sol, o MC e seu regente Marte foram ativados por trânsitos tanto no início como no final da ditadura. Conforme foram se formando estados constitucionais, a ciência política introduziu a distinção entre Estado e governo, o que é bem claro em regimes parlamentares. Neste caso a distinção astrológica recairia sobre o Sol para identificar o Estado, e o MC e seu regente para o governo de plantão. No caso em tela houve mudança de regime político (a forma do Estado) e mudanças de governo, pois ao contrário de outros países a ditadura brasileira quis conservar uma aparência republicana com a existência de partidos, Congresso em funcionamento e elegendo o presidente-general de ocasião; naturalmente tudo controlado de cima pelo estado-maior das Forças Armadas. O papel de Urano, Netuno e Plutão foi decisivo como se vê pelos trânsitos acima, Júpiter e Saturno também estiveram muito atuantes.
E no mundo
O território da atual Ucrânia foi palco de invasões e retalhamento ao longo da história: povos eslavos, vikings, mongóis, polacos e lituanos, turcos e russos. Teve uma primeira demarcação de fronteiras ao final da primeira guerra mundial e outro ao final da segunda já fazendo parte da União Soviética. Além do ucraniano fala-se russo e línguas de minorias étnicas (tártaros, romenos etc.). A Igreja cristã ortodoxa está divida em 3 blocos com diferentes subordinações aos Patriarcados. Depois da Independência, conquistada em 24/08/1991, as tensões contidas pela repressão soviética vieram à tona. O processo de privatização foi atabalhoado, beneficiando grupos ligados aos políticos no poder. Até 1999 a economia declinou, a população diminuiu por emigração e morte, com  períodos de hiperinflação recorrentes. A partir de 2000 a situação melhorou um pouco até que a crise de 2008 pegou o país vulnerável, pois depende muito da Rússia para fornecimento de gás e exportação de cereais e alguns produtos industriais.
Passeatas na Ucrania
Milícias ‘populares’ em Kiev
Depois do colapso da União Soviética, os países foram paulatinamente aderindo à União Europeia e Otan, para grande desgosto do governo russo. Mas a Ucrânia é especial, pois lá se encontra a base naval no Mar Negro (Criméia, que foi cedida em 1954 pelos russos), além do grande comércio econômico. Washington e Bruxelas tentaram atrair os ucranianos para sua esfera de influência apoiando a revolução Laranja em 2004, mas os governantes da ocasião temiam enfurecer os russos e estavam mais preocupados em enriquecer que aderir à UE. As relações com os russos também passavam por turbulências por conta de dívidas em atraso e aumentos nos preços do gás (2006 e 9). A situação atual é calamitosa, a Ucrânia tem 18 bilhões de dólares em reservas, suficiente para cobrir dois meses de importações e já estão de novo com contas atrasadas. E nisto começa o grande cinismo de todos.
Os americanos remeteram bilhões para as oposições ucranianas, políticos desembarcaram em Kiev para apoiar os protestos, quando nada disto se viu durante a primavera árabe. V. Nuland, a desastrada  funcionária do Depto de Estado, foi flagrada num telefonema grampeado escolhendo o próximo presidente. Enquanto isto crescia nos protestos a presença das milícias neonazistas saudando um líder ucraniano (S. Bondera na foto acima) que na segunda guerra apoiou os alemães. Os europeus são mais cautelosos, pois têm um grande comércio com os russos, ainda dependem do gás e sabem que a conta da Ucrânia será salgada. Agora ofereceram 11 bilhões em suaves prestações. Três ministros europeus foram a Kiev e conseguiram assinar um acordo com o presidente eleito e oposicionistas. No dia seguinte o presidente foi destituído e o Parlamento indicou um presidente provisório até as eleições em maio. Os russos fizeram ameaças e incentivaram a separação da Criméia, onde está sua base naval e a maioria da população fala russo. Quanto ao povo ucraniano que espere, talvez no próximo século tenha uma democracia decente. Na vizinha Hungria a xenofobia já é política de Estado.
Saturno está em quadratura à Lua em Aquário e Júpiter em Leão do mapa natal e no ano que vem fará quadratura ao Sol natal.  Há várias propostas sobre a mesa: eleições em maio, plebiscito na Criméia, federalização do país com mais autonomia para as regiões etc. Com tantas divisões linguísticas, religiosas e econômicas não ponho muita fé num governo de unidade nacional. Até mesmo os magnatas estão divididos entre o Ocidente e a Rússia. A obsessão de governos americanos em atrair a Ucrânia para a OTAN é uma clara provocação aos russos, os europeus que não são tontos não querem fazer o jogo e a Alemanha que tem grandes interesses na Rússia será o mediador mais importante. O mais sensato seria dividir o país através de plebiscito, mas sensatez é algo raro neste momento.
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 7/3/2014
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