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18 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  setembro.2018
Sombras na ribalta
Rui Sá Silva Barros
Historiador e Astrólogo
Aconteceu o impensável, foi uma operação política desastrada. Nas eleições de 2016, o PT perdeu metade das prefeituras que detinha e parecia que iria definhar feio; dois anos depois disputa a presidência com viabilidade. Como isto aconteceu?
Judiciário — Prisões preventivas por tempo indeterminado, condução coercitiva desnecessária, inquéritos baseados apenas em uma delação premiada, rapidez em certos processos e lentidão ou engavetamento de outros. Juízes e promotores dando entrevistas a todo o momento, choques constantes no STF, verbas e regalias mantidas etc.
Militares — Desde o ano passado dezenas de entrevistas e declarações sobre política, o que é vedado pela Constituição. Pressão explícita sobre os tribunais quando o caso era Lula, especialmente no exame do habeas corpus em maio. Bolsonaro e seu vice falam abertamente em golpe militar. O governo Temer é tutelado diretamente por militares e a primeira ação de Toffoli, presidente do STF, foi buscar um general para sua assessoria.
Sombras na ribalta - Lula
Mesmo preso, Lula alcançou 39% das intenções de voto
Do site Pensa Brasil
Mídia — Desde o início do ano, Lula foi citado diariamente, geralmente para pedir a prisão e depois a manutenção. Chamá-lo de criminoso, chefão e messiânico tornou-se corrente. Sabatinas foram transformadas em interrogatório e os  jornalistas falaram mais que os candidatos.
Economia — Sob Temer foi um desastre completo: grandes déficits se tornaram a normalidade, o desemprego estagnou por volta de 12%, a inadimplência alcançou 62 milhões de pessoas, serviços públicos mais que precários.
Diante disto, o PT construiu uma narrativa de perseguição política, uma promessa de trazer de volta a felicidade do passado e arregimentou com sucesso apoio no exterior. Era óbvio que Haddad receberia parte dos votos destinados a Lula, só não sabíamos quanto. Tudo isto acabou gerando uma euforia nas hostes do PT que é ilusória, Haddad precisa se preparar para uma artilharia pesada já, e se passar para o segundo turno será pior ainda.  Se ganhar a eleição pedidos de impugnação estão a caminho e se tomar posse terá que contar com gente na rua para governar ou fazer muitas concessões.
Netuno em Peixes oposto ao Sol do Brasil tomou forma literal: os dois candidatos mais votados estão confinados, um na prisão e o outro no hospital. No dia da eleição, Marte em Aquário faz quadratura ao Saturno natal, a marca da violência no país. Nos próximos dois anos Urano em Touro estimulará a oposição Marte/Saturno natal  (veja o mapa: Brasil).
O centro político — Alckmin surpreendeu, com o tempo de TV e a coligação eu esperava que ele chegasse a 15% dos votos. O discurso pacificador, administrativo e repleto de números não entusiasmou. Muito dos votos que eram do PSDB migraram para Bolsonaro. Além disto, o centro se fragmentou, os votos de Álvaro Dias, Meireles e Amoêdo totalizam 10%, se somados aos de Alckmin dariam para um candidato almejar o segundo turno. Agora lançam manifestos pedindo unificação de candidatura, já é um pouco tarde. Depois da eleição as recriminações serão extensas.
Os órfãos da ditadura — Bolsonaro é franco: quer armar as pessoas, dar carta branca aos policiais, aumentar presídios, aceita a prática de tortura, diz que a ditadura devia ter matado 30 mil, promete metralhar petistas, ofende mulheres, gays e índios; não tem nenhuma experiência de gestão pública. O vice, General Mourão, incentiva o golpe, quer uma nova Constituição escrita por notáveis (chama o Buzaid), uma pérola a cada dia. O economista Paulo Guedes é maluco de todo, nunca escreveu um artigo e não tem nenhuma experiência pública. Anunciou a venda de estatais e imóveis da União para arrecadar 2 trilhões e com isto colocar a casa em ordem. As contas estão erradas, os valores são bem menores, e tal venda levaria anos para ser concluída.
O trio Bolsonaro
O trio (Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes)
Do site Brasil 247
Estes personagens seriam objeto de humor se não tivessem 40 milhões de votos. Por que tanta gente apoia esta insanidade? São várias as razões: a ruína do sistema político enredado na Lava Jato, anos de programas de TV dedicados a elogiar a polícia e pedir a morte de bandidos, o crescimento das igrejas evangélicas, a falta de cultura política etc. Os 21 anos de ditadura geraram o caos que vemos agora no país: êxodo rural e metrópoles ingovernáveis, liquidação da educação e saúde públicas, organização do narcotráfico, corrupção crescente que na época não era denunciada, pois havia censura, estatização descontrolada. E terminou em moratória e dez anos perdidos em hiperinflação.
Vemos no mundo uma tendência de governos eleitos tomarem uma via autoritária ou o crescimento de partidos nacionalistas e xenófobos. É o resultado da passagem de Plutão em Capricórnio. Bolsonaro tem o Sol no final de Peixes em conjunção ao Plutão do mapa do Brasil, muito ativado pela passagem do Sol e Marte em progressão secundária. E isto não termina na eleição, já anunciam que se não venceram é que ocorreu fraude nas urnas. Se perderem é possível que organizem milícias para azucrinar a população e o novo governo.
Forças Armadas — Elas já tutelam o regime político, mas ainda vacilam em dar o passo final: a restauração do relho e do pelourinho. As razões são variadas, a caótica situação econômica, a falta de apoio na mídia, Igreja Católica e gente na rua como em 1964, a péssima repercussão no exterior. A situação pode mudar com o próximo governo, seja Bolsonaro ou Haddad, pois ambos serão muito instáveis e talvez não haja outra saída além de uma cirúrgica intervenção militar.
Tanque - Palácio Guanabara - 1964
Tanque diante do Palácio Guanabara, em 1964
Do site G1.Globo.com
A recorrente intervenção militar na história do país tem como base uma sociedade civil gelatinosa, um empresariado frágil e sem projeto para o Brasil e uma classe média que sonha em morar no exterior. Há muitos livros abordando aspectos do último regime militar, mas os historiadores ainda não se animaram a dar uma descrição do conjunto do período que ainda desperta muita polêmica. Algo se pode afirmar com segurança pelo resultado final, os empresários brasileiros aceitaram um papel subalterno na ordem das coisas, estatais e multinacionais dominaram a cena. Créditos subsidiados, proteção tarifária e amizade com o rei tornaram-se a vida cotidiana dos patrões brazucas e está difícil sair disto. Não duvido que o mercado financeiro apoie uma ditadura para manter sua atual situação oligopólica, 5 bancos detém 80% do crédito do país e fazem o que querem  com os clientes.
Economia Tem sido um tema secundário na campanha. Há quase um consenso em acabar com o déficit orçamentário (com propostas diferentes), em simplificar os impostos e combater a concentração bancária. Os problemas econômicos voltam com força em novembro e o eleito precisará se ocupar deles imediatamente. Há duas maneiras básicas de aquecer a economia,  através do incentivo ao consumo das famílias, o que é difícil dado o elevado endividamento existente; o outro é pelo investimento privado porque não há dinheiro público disponível e a dívida pública já está alta para que o governo tome empréstimos. O privado precisa de um mínimo de estabilidade e segurança jurídica. O desemprego, bicos e desalento formam um caldo grosso e exasperado que pode resultar em coisas desagradáveis como aumento da violência. Júpiter, que rege a economia brasileira, ingressa em Sagitário em dezembro trazendo alguma esperança.
Para além da pestilência política há uma guerra econômica em curso, pois existe um claro projeto para esfolar a população: reduzir o peso dos salários na Renda Nacional, privatizar o que puder da educação, saúde, segurança pública e aposentadoria, eliminar ou reduzir muitos programas sociais. A recente proposta de Paulo Guedes de unificar a taxa do IR em 20% transfere renda dos pobres aos ricos. Para concretizar tal projeto é preciso uma ditadura (o serviço ficou pela metade na última), pois mesmo um Congresso vil não aceitará isto.
O programa econômico do PT é vago quando o assunto é o rombo fiscal e a Previdência. As declarações de Haddad sugerem negociações e conciliações, um tico para cada grupo, como no governo Lula, isto pode prolongar a agonia e desagradar todo mundo. Quanto a reviver o período Lula é de ver que o cenário econômico mudou muito, tanto o doméstico como o mundial, e mesmo com talento político é uma missão difícil.
No tempo que resta para a eleição muitas reviravoltas podem ocorrer com desistências e apoios, delações bombásticas, declarações do Adélio (agressor de Bolsonaro) etc. Ainda não dá para descartar Ciro. Uma enxurrada de pesquisas tomará conta do noticiário e especulações, mas não é possível que alguém vença no primeiro turno, precisaria de 40% dos votos totais.
Mundão afora
USA As Trumpetadas continuam, agora são assessores que escrevem anonimamente para jornais descrevendo o insano trabalho de aparar as barbaridades do grande chefe, enquanto outros estão depondo contra o antigo patrão. Os empresários do país começam a protestar contra a guerra comercial, especialmente visando à China. O país pode suportar o grande déficit na balança comercial, coberto pelas remessas de multinacionais americanas no exterior, mas Trump apega-se ao mais rudimentar mercantilismo. Algumas nuvens se formam na economia do país, têm crescido muito os empréstimos de cláusulas reduzidas para empresas com restrições de crédito, quer dizer subprimes.
Putin e Trump
Putin e Trump em Helsinque
Do site CNBC.com
O affair russo nas eleições continua. Jornalistas e alguns políticos ficam horrorizados com uma intervenção estrangeira, esquecendo que os governos americanos interferem em eleições no exterior desde 1948 (França, Itália e Grécia contra os PCs). A política do Pentágono e da Secretaria de Estado está jogando os russos cada vez mais para o colo dos chineses. Eleições legislativas em novembro sob Saturno em oposição ao Sol natal do país (veja o mapa: Estados Unidos). Se os democratas fizerem maioria o impeachment de Trump esquenta.
União Europeia — Stevie Bannon, antigo mentor de Trump, está na Europa promovendo a aproximação de partidos nacionalistas e xenófobos com vistas às próximas eleições ao Parlamento europeu. A esses partidos juntou-se agora outro na Suécia que, com humor, leva democratas no nome.  O declínio da socialdemocracia europeia é melancólico, a sueca já foi um modelo altamente invejado. Enquanto isto os ingleses retardam o quanto podem o início das negociações sobre o Brexit , eles têm mais seis meses. Em breve Saturno percorrerá quatro planetas em Capricórnio da UE e a calmaria terminará (veja: União Europeia).
América Latina O governo argentino finalmente entendeu as delícias do Judiciário e trata de processar Cristina Kirchner, enquanto Macri é deixado em paz mesmo mencionado nas contas panamenhas, dinheiro em paraíso fiscal. As eleições do ano que vem não serão nada fáceis, pois o empréstimo do FMI ainda não estabilizou o câmbio e os cortes sociais no orçamento não vão deixar a população feliz. Saturno está em oposição a Mercúrio natal, regente da casa 9 (veja o mapa: Argentina). No caso da Venezuela fala-se abertamente em intervenção militar, primeiro nos EUA que procuraram oficiais descontentes com o regime e agora com o dirigente da OEA que admitiu a possibilidade, o que é escandaloso. O país está falido, com inflação monstruosa e exportando pessoas para os vizinhos, tudo isto é real, mas cabe ao povo venezuelano se desfazer de seu governo. Agora em outubro Júpiter cruza Marte natal, regente da 7, momento possível para uma intervenção (veja o mapa: Venezuela).
Conciliação
A independência brasileira foi conduzida por 50 pessoas se tanto e não acharam melhor solução que a entronização de um príncipe português, a moeda e a escravidão foram conservadas, um verniz de liberalismo foi posto na Constituição e até pagaram uma indenização à metrópole pelo atrevimento. É o que se chamou de conciliação pelo alto, a passagem da ditadura para o governo Sarney obedeceu ao mesmo script.
Casamento de Dom Pedro 1º
Dom Pedro 1º e cortesãos no segundo casamento
Do site Rede Imperial
A polarização que vemos na eleição presidencial não se verifica nas demais. Os candidatos aos governos estaduais e os prováveis vencedores são velhos conhecidos sem qualquer pendor extremista. No Congresso a taxa de reeleição será alta e o grande interesse são os cargos e verbas, que dizer, há uma tendência natural para aceitar o novo governante e negociar. Tudo isto aponta para um fundo de moderação e retomar a velha música.
O único problema é que a política econômica que propiciou este balé, nos governos FHC, Lula e Dilma, entrou em crise terminal. O que está em jogo são os cortes: quem vai pagar a conta? No governo Temer os trabalhadores pagaram, daí sua brutal impopularidade.
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo.
Mestre em História social (USP) e autor de textos sobre simbologia
(Esoterismo, ciência e sociedade). Pesquisador em Kaballa (Tarô e Qabbalah).
Oferece consultas astrológicas com ênfase nas soluções para todos os temas.
Contatos e informações: rui.ssbarros@uol.com.br ou fone: 11 23679179.
Outros trabalhos seus noClube do Tarô: Autores
Edição: CKR – 21/09/2018
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