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23 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


  Crônicas de 2013: setembro | agosto | julho | junho | maio | abril | março | janeiro  
Uma benevolência inesperada
Rui Sá Silva Barros
 
Historiador e Astrólogo
Foi surpreendente, nenhum grande acidente, desastre ou violência durante a quadratura Marte/Saturno, aqui e pelo mundo afora. Talvez o grande trino nos signos de água, em julho, ainda esteja reverberando. Vamos ver se isto neutraliza também a lunação (4/10) em oposição a Urano e quadratura a Plutão.
Diante da eminência de um bombardeio aéreo na Síria, o governo russo fez um lance diplomático magistral que resultou num acordo para a destruição do arsenal químico. Imediatamente o governo iraniano fez outro lance, propondo negociações sobre a questão nuclear e libertando dezenas de prisioneiros políticos. No caso, o lance já estava previsto na campanha eleitoral de Rowhani, o atual presidente, que encontrará fortes resistências no aparato de segurança iraniano. O problema é que as sanções econômicas estavam batendo forte no Irã com inflação e câmbio em queda abrupta. Na Síria a situação econômica também é calamitosa. Até o fim do ano Saturno passará por Vênus, Júpiter, Sol e Ascendente, fazendo oposição à Lua natal no mapa da dinastia Assad, se ela resistir será uma surpresa. No caso iraniano, Saturno transita a casa 8 (segurança) e encontra Urano.
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Rowhani e Putin movem peças no xadrez do Oriente Médio
O desmantelamento do governo Assad seria um revés profundo para o governo iraniano e daí o auxílio dos sauditas para os grupos rebeldes. Uma pequena pressão de russos e iranianos levaria Assad à mesa de negociações. A economia também perturba os egípcios, inflação de alimentos em alta, receita do turismo em baixa e perigo de ter que recorrer ao FMI, os sindicatos ameaçam greves e mais turbulências políticas. E o governo israelense desqualificou Rohwani como interlocutor confiável, a existência do país depende de um inimigo externo, sempre.
Júpiter faz uma prolongada estação sobre o Sol (Câncer) da carta natal dos EUA e não está ajudando muito. O FED anunciou em maio o fim do programa de estímulos e provocou uma onda nos fluxos de capitais, taxas de juros e cambiais pelo mundo, depois voltou atrás. Obama esteve sujeito a ser vetado pelo Congresso no caso da Síria e a batalha pelo teto da dívida e contrações no orçamento foi reiniciada, com paralisação de vários serviços públicos. A oposição republicana quer torpedear o seguro saúde já aprovado no Congresso e endossado pela Suprema Corte. A denúncia da massiva espionagem americana não está ajudando em nada o prestígio no exterior. Neste caso, a explicação é simples e evidente, a quadratura Urano/Plutão fustiga o Sol e isto continuará pelo ano que vem. Sol e Saturno estão em quadratura no mapa natal do país e significam, entre outras coisas, a oposição e o governo respectivamente.
Europa – Merkel ganhou um terceiro mandato, mas precisará compor para governar, o que dará trabalho. Para os países do Sul do continente não é uma notícia alvissareira, o arrocho deve continuar e já está rendendo problemas políticos. Na Grécia, militantes e políticos da Aurora Dourada mataram um opositor e a polícia interveio prendendo deputados e dirigentes desta agremiação xenófoba e fascista. Na Itália o processo contra Berlusconi levou a novo impasse sobre a formação do governo e talvez tenham que convocar eleições. Até agora os alemães conseguiram empurrar o drama com a barriga, mas o tempo está correndo e no ano que vem começa a pressão de Urano e Plutão contra 4 planetas em Capricórnio no mapa natal da União (Tratado de Maastricht, ver a crônica “A Europa é um museu?”).
Oriente – A Índia atravessou a crise econômica crescendo mais de 5% ao ano e sem grandes tumultos sociais. Nos últimos dois anos muitos casos de estupro foram denunciados e agora o balanço causado pelo FED bateu por lá com depreciação cambial e inflação. O mapa natal tem um stellium em Leão (casa 4) e sofre uma quadratura de Saturno. O país também apareceu como um dos mais espionados pelos ianques por motivos comerciais, militares e tecnológicos. Carrega ainda uma carga enorme de pobreza com mais da metade da população no campo, onde se registram suicídios de camponeses falidos e um mirabolante partido maoista, a corrupção e a burocracia de lá envergonhariam políticos brasileiros.
protesto de camponeses na Índia
Protesto de camponeses na Índia
A China continua a inquietar o mundo, pois se o crescimento arrefecer o preço das matérias-primas vai cair, o que dificulta a vida dos exportadores sul-americanos. A repressão está em alta com o novo governo e todos cruzam os dedos para as coisas não desandarem: o ritmo da inevitável urbanização está sendo controlado com mão de ferro, muitos projetos estão sendo reavaliados por suscitarem protestos ambientais, muito da infraestrutura construída recentemente não tem uso eficiente e suspeita-se de uma enorme inadimplência nos bancos. Xangai vai sediar nova Zona Livre, o que deve trazer mais investimentos externos. O Sol, Mercúrio e Netuno ainda estão sob aflição de Urano/Plutão. (Os mapas dos países estão nas crônicas dedicadas a eles no fórum deste site: India e China)
Pindorama – Deve ter caído um meteoro aqui em junho. Três meses depois a casta política age com total desembaraço e o jogo de troca de cadeiras para as eleições está a pleno vapor. Marina teve 20 milhões de votos nas últimas eleições e não conseguiu registrar um partido, os cartórios azedaram e o pessoal da Rede foi ingênuo. Eduard Campos é candidato oficialmente e conseguiu arrebatar Marina (tudo sob a lunação em Libra, signo das alianças). A dupla certamente contribuirá para uma disputa acirrada. Enquanto isso um obscuro vereador goiano registra o Pros sem qualquer problema e já colocou verbas públicas e tempo na TV à disposição de interessados. A política como negócios prospera irresistivelmente. Com Netuno em quadratura à Lua/Júpiter do mapa natal, a possibilidade de protesto ainda continua no ar. Nas últimas eleições o número de abstenções, brancos e nulos foi alto e tende a aumentar na próxima.
O PSDB ficou numa posição desconfortável e Serra ainda promete reviravoltas. Enquanto isso, o governo recuperou uns pontos de popularidade e intenções de voto, o PMDB se acalmou no Congresso, mas as disputas estaduais tendem a azedar a composição com o PT. Ainda tem muito chão até as eleições e novas composições podem se dar.
O massacre do Carandiru levou 20 anos para ser julgado, o julgamento de D. Stang, assassinada em 2005, ainda não acabou, o de Pimenta Neves virou uma esbórnia. Eu mesmo participei de uma Ação Coletiva trabalhista que levou 30 anos para ser executada. O problema está no código processual que permite recursos infinitos. Ora, como o problema é gigantesco a melhor saída é pegar um caso e dar um exemplo de eficiência, foi o que a imprensa quis fazer com o voto de Celso de Melo sobre os embargos infringentes, criando um clima de fim de mundo, quando na realidade todo mundo informado sabia que o voto seria favorável aos embargos, por conta de declarações anteriores do ministro. No dia seguinte, editoriais e artigos sobre a prevalência da impunidade, o nível da grande imprensa no país chega ao meio fio, ela que vive a clamar sobre desvios republicanos, como se nós tivéssemos uma República! Mas aqui também não é difícil entender a razão: a grande imprensa participou ativamente na construção da fictícia república brasileira e não dá o braço a torcer.
Escrevi em algumas ocasiões sobre termos perdido o bonde na terceira fase da revolução industrial (eletroeletrônica e informática). Qual é o problema? A espionagem americana nas altas esferas e na Petrobrás, por exemplo. A reação do governo na ONU foi correta (o Sol estava na casa 8 em oposição a Plutão natal), mas é preciso deixar de queixumes e encarar o desafio. Dependência e desenvolvimento na América Latina (1967), de Fernando Henrique e Enzo Faletto, é um dos mais importantes livros de ciências sociais no Brasil. Contra a corrente cepalina, eles argumentaram sobre a possibilidade de industrialização dependente na periferia do capitalismo. E, de fato, foi o aconteceu e FHC como político pôde levar sua teoria à prática. Só se esqueceram de acrescentar que o risco era um travão no processo (1980) e que o país podia se tornar um arrendamento interessante. Durante seu governo a indústria no Brasil entrou em queda livre e os recentes governos do PT não reverteram a internacionalização e primarização da economia brasileira que prossegue a todo vapor, agora também nos setores de educação, saúde e editoras. Enquanto esta questão não for resolvida continuaremos a girar em falso, estagnados com uma renda per capita de 12 mil dólares e afobados para fechar as contas do Balanço de Pagamentos.
Satélite brasileiro

Cadê nossos satélites de telecomunicações?

Finalmente o governo está convencido de que não tem dinheiro para atualizar a malha viária do país. A primeira rodada de concessão teve uma surpresa negativa com a falta de lances para uma rodovia ligando Minas ao Espírito Santo. Para a licitação do campo de Libra (pré-sal) as grandes petroleiras americanas e inglesas não vão concorrer, pois estão de olho nos campos mexicanos, bem mais próximos, e no gás de xisto. A ideia de entregar o campo à Petrobrás não é viável, pois graças à manutenção do preço da gasolina os cofres da empresa estão ralos e sem capacidade de grande investimento, a empresa completou 60 anos e adquiriu capacidade técnica memorável ao longo de sua história. A Constituição de 1988 comemora 25 anos e ao tentar criar um estado de bem-estar para uma população grande, inviabilizou o investimento estatal e conseguiu criar educação e saúde públicas mambembes. Reverter este processo é tarefa para gigantes, cartas com sugestões aos partidos, pessoal. Marte entrará em Virgem fazendo oposição a Netuno e passando pelo Sol e Mercúrio da carta natal do país, são eventos rápidos, mas podem ser agudos.
Clima – Novo relatório do IPCC reafirma o aquecimento do planeta e suas consequências deletérias. Há quem discorde e prenuncie uma nova idade glacial num futuro próximo. Seja como for, as coisas estão aí debaixo de nossos olhos e narizes: secas e inundações devastadoras, tornados e furacões, milhões de desabrigados todos os anos. A Europa está usando muito carvão, agora importado dos EUA por conta da substituição pelo gás de xisto, e até o Brasil tem usado este combustível ultimamente em termoelétricas, dada à insuficiência dos reservatórios de água. Um dos efeitos deletérios da crise econômica foi relegar os assuntos ambientais a um segundo plano, o que é uma receita para desastres. O inverno aqui no Sudeste foi atípico, com bastante umidade e variações bruscas nas temperaturas. É um sintoma de desorganização e por sorte não houve nenhum surto de doenças contagiosas. Minha esperança é que Netuno em Peixes acelere o processo deixando claro que é preciso agir.
A loucura dos grandes precisa ser vigiada – dizia Polônio sobre Hamlet quatrocentos anos atrás. Hoje o hospício foi aberto e os loucos reúnem-se sorridentes nos encontros do G-20. Para esta turma 100 mil mortos e milhões de deslocados na Síria é algo tolerável, mas 1200 mortos por armas químicas é intolerável. É o triunfo total da mentalidade pervertida. O livro O reino da quantidade e os sinais dos tempos (1945) de René Guénon é um dos mais importantes para compreender a história contemporânea. A ONU congrega quase 200 países muito desiguais, conseguir algum consenso é raro, mas como a geopolítica continua a ser dominada pela força (militar, econômica e tecnológica) criou-se o Conselho de Segurança que reconhece que há alguns países mais ‘iguais’ que outros.
Os países que mais clamam contra as armas químicas são os maiores produtores de matérias-primas necessárias à sua produção. O governo sírio fez compras na Alemanha, França e Inglaterra. Saddam Hussein foi armado pelos EUA que já tem um belo histórico nesta questão, com o agente laranja, no Vietnam. E mesmo assim todos se põem a promover uma retórica de pacifismo e desarmamento. É esquizoidia em estado puro, uma dissociação permanente, a novilíngua de Orwell. O futuro de uma civilização que toma este rumo não é dos mais promissores.
A loucura prossegue na economia quando pretendem que a austeridade acabará trazendo crescimento e orçamentos equilibrados. Até agora só gerou estagnação, déficit nos orçamentos, aceleração da dívida pública e desemprego massivo. E se espalha no mundo intelectual onde se vende como ciência coisas como psicologia evolutiva (um ziriguidum para crianças) e hipóteses duvidosas são apresentadas como conhecimento líquido e certo. A proliferação de informações passa por conhecimento e discernimento. Uma enxurrada de produtos descartáveis passa por cultura e a internet é um pasto para ódios, escândalos, boatos e rumores, cada vez mais.
Luiz Gushiken foi ao campo de estrelas – Entre 1975 e 1986 convivemos e trabalhamos na oposição e na diretoria do Sindicato dos Bancários (SP). Riso fácil e franco, seriedade no trabalho, didático nas exposições, realista nas avaliações, bom garfo, esperançoso pelo país, interessado pela tradição oriental e cheio de inquietações religiosas. Era fácil conviver com ele. Era muito generoso, mas como vivíamos em negociações longas e duras ele aprendeu a refrear esta característica. Em 1987 ele, deputado, foi para Brasília e eu estava engolfado em estudos e envolvido em Qabbalah. Em 1989 ele apareceu em casa uma noite, precisando descansar da corrida presidencial de Lula que coordenava. Entramos pela madrugada conversando sobre as religiões e esoterismos. Estava mais reservado, o que é bem compreensível com o clima deletério da política brasileira. Durante sua passagem pelo Congresso especializou-se em previdência.
Gushiken
Luiz Gushiken
Fui reencontrá-lo em 2002, no hospital onde sofreu duas cirurgias no estômago para tratar de um câncer. Milagrosamente saiu de lá (com uma bolsa de colostomia) direto para nova campanha presidencial agora vitoriosa. Em 2009 encontrei-o pela última vez, tinha sofrido um infarto no ano anterior e trabalhava para pagar advogados pelos muitos processos que sofreu durante os anos de ministério quando contrariou interesses poderosos. Fiquei chocado ao ver as fotos no hospital quando o câncer teve uma recidiva, estava muito magro, mas com ânimo para conversar e se despedir. Por suas qualidades pessoais, pela tranquilidade que mostrou durante a fase de difamação depois de 2005 (graças à sua adesão aos Bahai) e pelo sacrifício consciente que fez pela coletividade, ele agora, certamente, terá respostas às suas perguntas e verá a gloriosa Realidade que nos cerca. Até mais ver, meu amigo.
 
Que ce granit du moins montre à jamais sa borne / aux noirs vols du Blasphème épars dans le futur. S. Mallarmé (Le tombeau d’ Edgard Poe).
Que este granito ao menos seja o eterno limite / aos negros voos da Blasfêmia esparsos no futuro. S. Mallarmé (O túmulo de Edgard Poe).
Está para sair do forno A contente mãe gentil rumo ao bicentenário. A história do Brasil vista pela Astrologia. Volume 1: Império, deste escriba e de Ciça Bueno, colega e amiga que vocês conhecem deste site. Mais notícias na próxima edição.
Contato com o autor:
Rui Sá Silva Barros é historiador, astrólogo e
estudioso da Cabala: rui.ssbarros@uol.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores
Edição: ckr – outubro.13
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