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27 de abril de 2024

Responsável: Constantino K. Riemma


Curso completo de Tarô com Betoh Simonsen
 
Arcanos Maiores
 
 
 
 
 
 
 
O Tarô Como Caminho da Vida
 
    Este sistema de cartas, muito usado em jogos de adivinhações, é na realidade um formidável sistema simbólico que cria uma série de pontes entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o exterior, entre o concreto e o abstrato, entre energia e matéria, entre diferentes campos espaciais e temporais.
    O Tarô mais antigo descoberto, data da Idade Média, mas diversos estudiosos acreditam que suas raízes estão no antigo Egito ou mesmo em épocas mais antigas. Tenho a intuição que foi estruturado em sua forma atual, algumas centenas de anos antes de Cristo, por mestres de diferentes tradições, formando junto com a Cabala, a Astrologia e a Alquimia, as bases para a Yoga do Ocidente e, mantido em segredo para os não iniciados, por quase um milênio a partir daquela data, com significados semelhantes mas com imagens evidentemente diferentes. Em seu sistema atual, é constituído por 78 cartas: 22 arcanos maiores e 56 menores.
    O que são arcanos? São chaves para entendermos os mistérios. Mistérios porque quando trabalhamos com símbolos, não conseguimos de imediato apreender a totalidade da experiência; mesmo porque se referem muito mais a processos, do que a fatos, muito mais se reportando a experiências, sensações, emoções, mentalizações e arquétipos vivenciais, do que procurando defini-los.
 
Os símbolos

    Os símbolos são excelentes para trabalhar com realidades que não se encaixam perfeitamente dentro de nossa experiência consciente e, para isto são ao mesmo tempo estruturados e flexíveis. Por trabalharem em um nível mais abstrato, podem apresentar diversos significados. Como exemplo, a “Morte, que é um símbolo de transformação, muito raramente indica morte física.
    Uma das vantagens de trabalharmos com símbolos, é que nos permitem interagirmos com conteúdos que seriam perigosos se acionados de outra forma, como por exemplo, através de drogas; e isso de uma maneira muito mais tranqüila. Mesmo pessoas que atravessam períodos de grande stress emocional, podem encontrar conforto quando trabalham através dos arcanos, pois eles são estruturados, reportando a uma dinâmica que se percebe universal, possibilitando certo distanciamento ou perspectiva, dentro da situação particular.
    Dentro da visão do Tarô nenhuma experiência está fora de algum nível de realidade. Uma definição simples de realidade seria “realidade é tudo que é”, como foi dado pelo filósofo Robert Hapeé. É lógico que existem campos paradigmáticos de experiências, que circunscrevem nossa percepção. Mas são relativos. Em uma época em que está havendo uma grande ampliação no nível de consciência e sensibilidade, o trabalho com os símbolos pode ser importante para integrar com maior facilidade as novas experiências. Todos os tipos de símbolos têm esta função: de fazer a ligação entre o conhecido e o desconhecido. No momento em que conhece em profundidade o conteúdo dos símbolos, vivencialmente ou experiencialmente, aquela realidade deixa de ser simbólica e passa a ser concreta. O que para uma pessoa pode ser uma realidade simbólica, para outro pode ser uma realidade concreta, através de uma experiência firme e consistente. Para alguns, falar em energias sutis pode ser um símbolo, por exemplo: luz. Outros, neste exemplo, sentem fisicamente a carga elétrica, a energia fluindo e, quando se fala em luz no nível de experiência sutil, para ela não e um símbolo, mas uma realidade concreta.
    As linguagens simbólicas podem fazer a passagem de traduzir uma experiência que conhecemos mal, conectá-la com algo que conhecemos, ampliando simultaneamente nosso nível de consciência, facilitando para que tenhamos maior perspectiva e clareza para nos conhecermos e tomarmos nossas decisões.

 
Temas abrangentes
    O fato é menos importante que o processo. A percepção de que energias estão sendo conectadas, a maneira como poderemos lidar com estas energias entrantes, como trabalhá-las dentro de nós e como podemos expandi-las, é muito mais importante.
    Gosto de falar que os Arcanos maiores são temas abrangentes e os menores temas específicos de consciência. Quando vemos uma foto de uma paisagem, podemos pegar a abrangência da vista, traduzindo a atmosfera, ou, podemos focalizar um tema especifico como os meninos que estão passando ou os cisnes. Há uma serie de nuances entre o foco, o tema focalizado e a idéia de conjunto. É claro que os arcanos maiores e menores se complementam perfeitamente.
    Um outro tema que gostaria de dar pelo menos uma pequena alinhavada antes de entrarmos em nosso assunto específico, é o processo de identidade. Aliás, este tema, e outro muito importante: o tempo. Em um grupo que conduzi há certo tempo, tivemos uma conversa bem ilustrativa sobre o tema que vou reproduzir agora:
    “Vamos começar a abordagem de identidade com uma perguntinha simples: quem são vocês? Antes de continuarmos, pensem um pouco e respondam.
    L: Eu sou alegre, gozada, companheira, tenho objetivos.
    M: Eu sou atrevida, sapeca, penso muito, tenho dificuldade de expressar meus
 verdadeiros sentimentos, sou companheira.
    N: Sou séria, odeio ser seria, bastante trabalhadora, indecisa, gosto de estar com as pessoas.
    T: Sou uma pessoa confiante, julgo muito as coisas que sinto e isto complica muito
 minha vida, sou muito amiga das pessoas que gosto.
    J: Sou trabalhadeira, amiga, não me acredito muito, demoro muito para me livrar das coisas que sei não fazem sentido.
    I: Sou uma mulher agora que esta aprendendo a não exigir muito de mim, tenho medo de perder as pessoas que amo, me achava onipotente, capaz de segurar tudo nas
 mãos, estou percebendo que sou um ser normal, estou sendo menos exigente comigo
 mesma, e estou querendo aprender uma forma nova de viver mais leve.
    A: eu sou basicamente... alegre, amiga...”
    “Quero agradecer esse compartilhar de estados de alma. Gostaria que notassem aspectos relativos à identidade: primeiro que são alguns padrões emocionais, mentais, comportamentais ou espirituais relativamente estáveis e repetitivos, onde nos apoiamos em nossa auto-referencia. É em realidade, um complexo aglutinador de percepção, que poderíamos chamar de complexo de identidade ou complexo de ego. Segundo, que á claro que nosso ser total é muito mais vasto em suas manifestações e em seu potencial do que qualquer aspecto que podemos perceber. Terceiro, que todos estes aspectos podem ser representados pelo Tarô, demonstrando que existe uma base universal atrás de cada individualidade.”
 
O que somos

    O que somos não é retirado simplesmente do nada: é criado a partir de determinados princípios, de determinadas ordens e freqüências, que funcionam como base de expressão da consciência. Para nos sentirmos seguros, nos apoiamos naquilo que acreditamos que somos. Por isso falamos “Sou um pai de família”, “sou amiga”, etc.
    Poderia falar: sou uma pessoa sensível, afetiva, sou tarólogo e astrólogo, perseverante, seletivo, etc. São maneiras pessoais, comportamentais, identificações com papéis; são sempre expressões mais ou menos exteriores de determinados padrões, hábitos ou mesmo vícios de identidade, que ficam aglutinados, fazendo parte do caráter relativamente profundo com o qual me identifico.
    Mesmo nos traços profundos posso fazer algumas modificações se atravesso por alguma experiência realmente transformadora. Uma analogia poderia ser a de quando vou tocar piano, estou pegando notas pré-existentes e criando determinados jogos harmônicos (ou talvez nem tanto), a partir destas notas. Estas notas não são o que sou, nem mesmo a musica, mas expressam o movimento de minha alma. O que sou é inatingível por uma compreensão puramente mental. Posso ter percepção consciente de minhas expressões, do meu passado, das minhas referências, mas o que sou realmente não posso determinar por nenhuma tentativa de definição.
    Posso perceber duas coisas: primeiro que estas ferramentas – mais ou menos profundas mais ou menos criativas ou interessantes – são ferramentas psíquicas, instrumentos que posso e devo aprender a lidar, a mexer, e mesmo a brincar um pouco. Segundo, que no universo, algumas pessoas vão vibrar nas mesmas harmônicas, formando os grupos de alma.
    O fato de historicamente termos sido mais previsíveis foi bom, pois nos deu uma certa sensação de segurança; como é bom também agora que tudo está mais acelerado, deixarmos de nos apoiar em situações “estáveis”.
    Em um determinado ponto de nossa evolução começamos a nos abrir para uma presença mais profunda, que é a manifestação de nosso verdadeiro Ser, que vibra junto com toda criação. Dá para sentir a Presença. Quanto mais profundamente somos nós mesmos, mais profundamente estamos integrados na energia universal. Neste sentido, somos todos sagrados e deuses ou deusas. Precisamos aprender a lidar com nossas ferramentas, não adianta nos iluminarmos e não ancorarmos nossas energias. O Tarô pode nos ajudar nisto.
    Vamos ver se fazemos com que esta energia circule no nosso dia-a-dia, que nosso lado psíquico possa reconhecer a sacralidade de nosso ser, pois neste momento estamos iluminados. Digo isto porque para mim isto é verdadeiro, aqui e agora. Temos uma tendência a duvidarmos muito de nós mesmos, do nosso poder de discernimento e reconhecimento do que é verdadeiro. Isto faz com que procuremos autoridades externas para nos apoiarmos, o que raramente é liberalizador.
    O real conhecimento não está nos livros, em estudos... pode servir apenas como base. Mesmo uma pessoa que funciona como contato, pode ser comparado com um milho de pipoca que já desabrochou, “uma pipoca que ‘pipoqueia’ pode ajudar outra a pipocar”. O perigo é o mestre dizer, e isto têm acontecido “eu sou uma pipocona e vocês pipoquinhas, milhinhos” e de repente o milhinho achar que não poderá se tornar pipoca. Isto é manipulação, pois todos irão se tornar pipoca. Se você começa a pipocar, não se sinta muito orgulhoso, pois saiba que mesmo o milhinho que você não dá nada por ele, vai pipocar também e mais quentinho. A filosofia da pipoca.

 
A questão do tempo
    Para completarmos estas considerações gerais, irei trabalhar a idéia de tempo. Temos a idéia clássica linear (presente, passado, futuro), mas agora vou procurar mexer um pouco com estes conceitos. Do ponto de vista de nossa psique, tudo que vivenciamos e todas nossas expectativas e conexões, junto com as forças criativas, as forças que buscam equilíbrio, diversas influencias conhecidas, sensações, instintos e mentalizações estão presentes simultaneamente dentro de uma grande rede de conexões que podemos chamar de espaço psíquico ou, dentro de uma visão de movimento, tempo esférico ou circular, dando mais a idéia de movimento dentro de um campo unificado do que de limite.
    Muitos mestres de diferentes tradições enfatizam o “aqui e agora”. Isto porque percebem que nossa energia está dispersa em vivências mal resolvidas, em expectativas impacientes, em sonhos desconectados, em fantasias negativas, etc. Somente a partir de uma base orgânica de Presença poderemos participar ativamente e de uma maneira harmônica da criação de nosso projeto de vida, chamado na alquimia de obra.
    Longe de significar que devemos negar nosso passado ou bloquear nossos projetos de futuro, devemos conectá-los todos no aqui e agora, ou base orgânica de nossa Presença. Quando fazemos uma leitura de Tarô, antes de fazermos uma previsão de futuro ou analise de passado, estamos de fato fazendo uma serie de relações entre diversos fatores ligados à nossa atenção, e como podemos lidar com eles da melhor maneira possível antes que como diz minha amiga Ana Correa, virar historia. Para quem conhece este símbolo, estamos construindo nossa mandala, ou campo unificado de experiência. Isto com o objetivo claro de vivermos amorosamente conectados com todos os seres e iluminados.
 
A correspondência entre os arcanos maiores
    Tenho trabalhado os arcanos maiores de acordo com uma determinada complementaridade, intuída de uma determinada configuração dos caminhos da Cabala e encontrada também no capitulo sobre Tarô no “Novo Modelo do Universo”, de Ouspensky.
    São estas as correspondências:
 
1
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9
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0
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20
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18
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    Vocês podem notar que com exceção do Louco nº 0, que é uma espécie de coringa, todos os outros arcanos somam 23 dentro desta complementaridade
   1. O Mago    0. O Louco  
   2. A Alta Sacerdotisa   21. O Mundo  
   3. A Imperatriz   20. O Julgamento  
   4. O Imperador   19. O Sol  
   5. O Hierofante   18. A Lua  
   6. Os Enamorados   17. A Estrela  
   7. O Carro   16. A Torre  
   8. A Justiça   15. O Diabo  
   9. O Eremita   14. A Temperança  
  10. A Roda da Fortuna   13. A Morte  
  11. A Força   12. O Enforcado  
    
    
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